A voz da ancestralidade preta

O Distrito Federal que possui o maior contingente de nordestinos. Ceilândia abriga a Casa do Cantador e hospeda o Maior São João do Cerrado, referências da região do país em que a cultura popular é latente. Mas os ceilandenses se tornaram conhecidos também pela produção de uma outra manifestação artística, o hip hop.
Expressão musical de maior popularidade entre os brasileiros, o samba, igualmente, está bem representado naquela cidade. O ritmo pode ser apreciado no Samba na Comunidade e no Samba da Guariba. Lá, está radicado o carioca Marcelo Café, que tomou Ceilândia como base para o desenvolvimento do seu trabalho.
O cantor e compositor caba de lançar A revolução é preta, o segundo álbum, com 10 faixas — sendo a maioria de sua autoria e algumas compostas com parceiros, explorando variações como samba de roda, samba de gafieira, samba-canção e ijexá. samba soul.
São músicas em que Café busca destacar a estética negra (Preto empoderado e Pixaim), o encantamento com beleza, a força e a fortaleza das mulheres pretas (Negro amor e Monalisa negra), a ancestralidade e a herança africana (Angela Janga e Velho Ijexá). Em outros momentos do disco, o sambista busca dar visibilidade à luta contra o preconceito e o racismo (Senzala) e afirmar a identidade, o orgulho e o empoderamento de negros e negras (Samba cura e A revolução é preta).
Gravado, mixado e masterizado no estúdio Orbis, por Marcos Pagani, entre janeiro e junho deste ano, o disco tem direção musical e arranjos de Edson Arcanjo, que toca violão de seis cordas, de 12 cordas e berimbau. Ele tem ao seu lado no acompanhamento de Marcelo Café, músicos de destaque da cena brasiliense: Pedro Molusco (cavaquinho), Hamilton Pinheiro (baixo), Breno Caselato (bateria), Westonni Rodrigues (trombone), Felipe Silva (trombone), Samuel Daniel (sax), Carlos Pial, Guto Martins, Léo Barbosa, e Sandro Alves (percussão).
Há ainda a participação especial de Breno Alves (pandeiro e vocais) e Dudu 7 Cordas (violão). Nos backing vocals, estão Patrícia Rezende, Layla Jorge, Marta Sampaio e Calebe Tavares. Cristiane Sobral e Dani Gontijo são parceiras de Marcelo Café em Preto empoderado e Velho Ijexá, respectivamente. ““É um falar em forma de canto, que busca contribuir na nossa autoestima, no nosso reconhecimento como agentes de cultura e tecnologias diversas, do orgulho de nossa beleza com nosso cabelo, nossa pele, nosso nariz, nossa boca, nossa descendência africana, e nossa ancestralidade preta.”

Álbum de Marcelo Café
Com 10 faixas, de produção independente. Já disponível nas plataformas digitais.