INSEGURANÇA

Mortes após assaltos caíram, mas tentativas de latrocínio tiveram alta no DF

Casos de tentativa de latrocínio — roubo seguido de morte — subiram em 2021. Uma das vítimas mais recentes é o cinegrafista Magno Lúcio. Até a noite dessa segunda-feira (4/10), ele estava internado em estado gravíssimo

Ana Maria Pol
postado em 05/10/2021 05:59 / atualizado em 05/10/2021 14:00
Magno Lúcio trabalha foi esfaqueado na manhã dessa segunda-feira (4/10), enquanto aguardava o ônibus -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
Magno Lúcio trabalha foi esfaqueado na manhã dessa segunda-feira (4/10), enquanto aguardava o ônibus - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

O Distrito Federal registrou, de janeiro a agosto de 2021, 115 tentativas de latrocínio — roubo seguido de morte, contra 95 em 2020. No mesmo período deste ano, foram 12 latrocínios, contra 22 no ano passado. Apesar da queda de 45% nas mortes, os números preocupam. Dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) refletem a insegurança que tem acompanhado a realidade de muitos brasilienses. Ontem, mais um homem foi vítima dessa violência: o cinegrafista do SBT Magno Lúcio, 52 anos, foi esfaqueado após uma tentativa de latrocínio, em Ceilândia.

Por volta de 5h30, Magno aguardava na parada de ônibus no P Sul, quando foi surpreendido por homens anunciando o assalto. Ele foi esfaqueado na altura do abdômen, próximo ao umbigo. Segundo os bombeiros que realizaram o socorro, Magno estava consciente e orientado na hora do atendimento, mas a alça intestinal estava exposta. De acordo com o delegado da 23ª Delegacia de Polícia (P Sul), Vander Braga, os homens foram até o local com um GM/Monza, mas até o fechamento desta edição ninguém havia sido preso. “Havia, no mínimo, três assaltantes. Ainda não tenho informação da dinâmica do crime, mas nossas equipes estão fazendo ronda pela região tentando localizar um veículo semelhante às descrições apresentadas. As câmaras do local não conseguiram identificar a placa do carro”, diz.

O cinegrafista foi encaminhado para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) em estado gravíssimo. De acordo com a esposa de Magno, a promotora de eventos Ivanete Alves Rabelo, 44, ele tem o costume de sair cedo para ir ao trabalho. “Ele sempre foi muito melindroso, eu achava até exagero em alguns momentos. Mas sempre se cuidava, olhava para todos os lados, porque sabia que a nossa região é perigosa. Nunca tínhamos sido vítimas de assalto, mas já ouvimos muitos relatos”, conta.

Até o fechamento desta edição, Magno estava estável, em estado grave. O cinegrafista precisou passar por uma cirurgia, uma vez que a facada perfurou o baço, intestino e fígado. Agora, a família tenta fazer a transferência para um hospital particular. “O médico disse que vai aguardar até amanhã (hoje) para dar o relatório de transferência. Não consegui vê-lo, porque ainda está na sala do pós-operatório, mas disseram que ele já acordou e está conversando”, disse Ivanete. “O que queremos é justiça pelo meu marido, e mais segurança para todos”, dizem.

Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que houve a redução de 40% nos crimes de roubo a coletivo, se comparado ao mesmo período do ano passado. ”Crime que está vinculado diretamente aos crimes em paradas de ônibus. Essa redução é resultado da atuação ininterrupta da PMDF no combate ao roubo a coletivos e paradas de ônibus”, disse a instituição.

Latrocínio

A família do empresário Gabriel Benamor, 23, vítima de latrocínio no último sábado, em Taguatinga, também lamenta a falta de segurança. Gabriel foi baleado após ser abordado por dois homens armados, enquanto esperava um amigo dentro do carro, na praça da QNF, em Taguatinga Norte. Ele saiu de casa por volta das 7h de sábado, após receber a ligação de um amigo, perguntando se ele poderia levá-lo ao hospital, pois havia deslocado o dedo. De imediato, o jovem saiu de casa, em Águas Claras, em direção ao Guará. Lá, buscou o colega e, no caminho, decidiram buscar a namorada do amigo, em Taguatinga Norte, próximo à praça.

Enquanto o colega subiu no apartamento, Gabriel aguardou no carro. Foi quando dois criminosos armados abordaram o empresário e anunciaram o assalto. O jovem levou um susto e acabou sendo baleado no tórax. O estudante de direito chegou a passar por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O sepultamento de Gabriel acontecerá hoje, das 9h às 11h, no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

No último domingo, dois envolvidos no latrocínio de Gabriel foram detidos pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Ao Correio, Dalton Oliveira, 60, tio de Gabriel, reiterou a necessidade de mais segurança. “O que a gente pede é que a segurança seja olhada com mais atenção. Tem mais jovens com um futuro brilhante pela frente e que não merecem acabar da mesma forma que o Gabriel”, complementa.

De acordo com Rafael Mesquita, advogado criminalista e professor penal do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), o combate à criminalidade não depende do cidadão, mas sim de um serviço de inteligência que atue no policiamento intensivo. “Estamos dependendo de políticas públicas voltadas à área de segurança que sejam mais efetivas. A população pode fazer coisas para evitar se tornar vítima, como tomar o cuidado de não expor bens valiosos, de prestar atenção e jamais resistir. Sempre entregue os bens, os pertences. Até porque em muitos os criminosos atuam sob influência de substâncias entorpecentes, então nada é garantido”, pontua.

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