A aplicação da dose de reforço, conhecida como terceira dose, das vacinas contra a covid-19 passou a ser um dos focos dos gestores do Governo do Distrito Federal (GDF) para fortalecer o combate à pandemia. A expectativa é de que o reforço seja ampliado para toda a população acima de 12 anos. Porém, a Secretaria de Saúde ressalta que aguarda determinações do Ministério da Saúde. Enquanto não há ampliação do público apto para receber a terceira dose, a pasta distrital pede para que as pessoas iniciem e completem o ciclo vacinal. A partir de hoje, as regras para recebimento da segunda dose serão alteradas.
Em coletiva, realizada ontem, o secretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, destacou a importância do reforço. “A partir do momento que começou a se perceber o aumento dos casos seis meses após a vacinação de certos grupos, o Ministério da Saúde começou a recomendar a dose de reforço para pessoas acima de 60 anos e com seis meses de segunda dose, e profissionais de saúde. O reforço tem uma importância ímpar, porque ele garante o aumento ainda maior da imunização. Nos dá uma segurança adicional”, disse.
Em relação à aplicação da terceira dose em outros grupos, o gestor afirmou que o GDF tem essa expectativa, mas depende de questões técnicas. “Dependemos de uma leitura técnica científica mais consolidada e orientada pelo PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra covid-19) e dos repasses de doses para que possamos executar essa etapa”, complementou. Até o momento, o DF vacinou 86.573 pessoas com reforço. No total, 2,2 milhões de pessoas receberam a primeira dose, 1,4 milhão a segunda e 58.240 doses únicas. Ontem, foram 3.287 aplicações de D1, 11.740 de D2 e 4.082 de reforço. Com a atualização, 73,25% dos habitantes da capital iniciaram a imunização e 49,99% completaram o ciclo vacinal.
Segunda dose
Também durante a coletiva, os gestores anunciaram que não haverá mais antecipação da segunda dose das vacinas da AstraZeneca/Oxford e da Pfizer/BioNTech. Agora, as pessoas que completarem oito semanas, prazo equivalente a dois meses, após a primeira dose poderão buscar a segunda dose nos postos disponíveis no dia. A decisão se baseou nas recomendações do Ministério da Saúde — que, nesta semana, reduziu o intervalo de 12 para oito semanas entre as doses dos imunizantes. A mudança passa a valer a partir de hoje.
Pesou na decisão da secretaria a chegada de cerca de 800 mil doses de vacinas, sendo 340 mil da CoronaVac e 460 mil da Pfizer. “Agora, temos doses suficientes para, com folga, estarmos esperando as pessoas nos postos”, explicou o secretário em Vigilância à Saúde. Apesar do avanço da campanha de imunização, os gestores da secretaria não estimaram quando o DF vai chegar a 70% ou mais da população com duas doses de vacinas. Além disso, na capital federal, ainda não se projeta o fim do uso obrigatório de máscaras.
“Esse vírus tem um processo de adaptabilidade biológica ao longo do tempo e estamos sujeitos, inclusive, a termos outras cepas ou não. Então, fica difícil falar em questões de prevenção não-farmacológicas, mas, a certeza que temos é de que só vamos falar disso quando atingirmos 80% ou mais da população imunizada e observar o comportamento do vírus”, acrescentou Divino.
Hospitais de campanha
Após seis meses de funcionamento, o GDF vai desativar o hospital de campanha do Autódromo Nelson Piquet. A decisão do secretário de Saúde do DF, general Manoel Pafiadache, foi tomada após análise de uma comissão técnica do contrato com a empresa gestora da unidade do Plano Piloto, do Gama e de Ceilândia. Segundo ele, foram feitas observações em relação aos contratos, e, devido à necessidade de tratamento dos pacientes com covid-19 que já estão internados nas unidades do Gama e de Ceilânia, o contrato desses hospitais foram renovados.
“O Ministério Público (MPDFT) e a Controladoria da secretaria (de Saúde) acompanham o cumprimento das exigências feitas pelo comitê em relação ao contrato. Tudo está sendo avaliado para ser corrigido. Corrigido, seguimos com a empresa”, explicou o general. Na negociação, houve a diminuição do preço da diária do leito, saindo de
R$ 3.692,60 para R$ 3.479,77. Ainda não há data para a desativação do hospital do Autódromo, mas foi feita a instrução para que novos pacientes não sejam enviados ao local.
O hospital no centro de Brasília conta com 100 leitos de unidade de cuidado intermediário (UCI) como retaguarda para casos graves de covid-19. Com a desativação, 22 pacientes internados na unidade serão transferidos. A partir de então, o DF passará a contar com cerca de 360 leitos para tratar a doença, sendo: 100 do hospital de campanha do Gama, 100 do hospital de campanha de Ceilândia e 160 do hospital da Polícia Militar — que depende de avaliação do Tribunal de Contas para renovação do contrato.
Ontem, a pasta apresentou dados que mostram que, no hospital de campanha de Ceilândia, unidade que recebe apenas pacientes infectados pela covid-19, dos 404 pacientes que passaram pelo hospital desde maio deste ano, 322 (cerca de 79%) não tinham recebido nenhuma dose de vacina contra o novo coronavírus. Dos 226 que vieram a morrer na unidade, 167 (74%) não tinham iniciado a imunização. Das 404 pessoas, 51 haviam recebido duas doses de vacina e 31 apenas uma dose. Em relação aos mortos, 44 tinham o ciclo vacinal completo e 15 haviam tomado apenas uma dose dos imunizantes.
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Vacinados no DF
Faixa etária D1 D2
80 anos ou mais 128,93% 117,48%
79 a 75 anos 115,27% 107,34%
74 a 70 anos 104,27% 106,13%
69 a 65 anos 99,01% 101,88%
64 a 60 anos 99,15% 96,89%
59 a 55 anos 96,41% 106,77%
54 a 50 anos 92,96% 97,63%
49 a 45 anos 87,56% 87,74%
44 a 40 anos 80,59% 73,32%
39 a 35 anos 76,98% 62,35%
34 a 30 anos 76,06% 52,83%
29 a 25 anos 86,60% 43,63%
24 a 20 anos 86,93% 36,68%
18 e 19 anos 82,57% 20,78%
12 a 17 anos 74,35% 1,14%
Batalhão hospitalar
Na próxima semana, a Secretaria de Saúde, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, anunciará a criação de um protocolo de segurança e ronda policial para as unidades de saúde e hospitais da rede pública do DF. A medida visa inibir agressões a funcionários e outros tipos de situações dentro da rede. Os secretários não divulgaram detalhes, mas afirmaram que haverá contato direto dos diretores e gestores das unidades com a Polícia Militar, a fim de agilizar o atendimento.
Secretária anuncia retorno total das aulas presenciais
A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, anunciou, ontem, que o GDF vai autorizar, nos próximos dias, o retorno às aulas 100% na modalidade presencial. Em vídeo divulgado nas redes sociais, a gestora afirma que o governador Ibaneis Rocha (MDB) vai publicar um decreto que retira uma série de medidas restritivas que “impedem as aulas 100% presenciais”. Hélvia não deu mais detalhes sobre datas e protocolos. “Com essas alterações, em poucos dias, todos os estudantes da rede pública estarão 100% presencialmente nas escolas”, complementou a secretária.
O Correio apurou que as conversas entre a Secretaria de Educação e o governador apontam que o novo decreto sobre as aulas presenciais seja publicado semana que vem. Porém, ainda não há uma data. O diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) Samuel Fernandes afirmou que a determinação de volta presencial é “absurda”. “Os alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I não estão vacinados. Professores, alunos e toda a comunidade escolar correrão sérios riscos de contaminação e, consequentemente, de morte com essa decisão absurda”, disse. Ele reforçou que a pandemia de covid-19 não acabou.
Nas últimas 24h, o Distrito Federal registrou uma queda na taxa de transmissão da covid-19 pelo 12ª dia consecutivo. O índice saiu de 0,87 para 0,85. Os dados são do boletim epidemiológico divulgado, ontem, pela Secretaria de Saúde. De acordo com o documento, a capital registrou 421 novos casos e 11 mortes pela doença. No total, 512.510 infecções e 10.756 óbitos foram confirmados desde o início da crise sanitária. Com relação às mortes, 938 são de residentes de outras unidades da Federação, sendo que 807 residiam em Goiás. Com as atualizações, a média móvel de casos chegou a 480,29, valor 60,31% menor do que o registrado há duas semanas. Já a mediana de mortes está em 13,14, equivalente a uma queda de 12,38% quando comparado ao valor de 14 dias atrás. (SS)