VIOLÊNCIA

Servidor da PF agride adolescente

Um adolescente de 13 anos foi agredido por um agente administrativo da Polícia Federal (PF) em um condomínio no Guará 2, por uma brincadeira de crianças. O circuito de segurança do prédio flagrou o momento em que o homem, identificado como Daniel Peruzzo Jardim, 44 anos, acertou o garoto com um chinelo, inclusive, no rosto.

As agressões aconteceram em 26 de setembro. De acordo com o advogado que representa a vítima, Júlio César Silva Pereira, algumas crianças brincavam no estacionamento do prédio e, em determinado momento, um dos meninos fez uma brincadeira com a amiga da filha de Daniel. “Uma das crianças escondeu a sandália da garota e a filha do agressor subiu chorando e falou para o pai”, detalha Júlio.

No mesmo instante, Daniel teria descido do apartamento e encontrado o par de chinelos próximo à vítima. “Ele pegou a sandália e começou a bater no menino e deu apertões no braço. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) constatou lesões no nariz e no braço. O nariz sangrava muito”, afirma Júlio.

O irmão mais novo do adolescente, de 7 anos, estava presente no momento das agressões. “Ele pedia para o homem parar”, conta o advogado. Após o ocorrido, os dois meninos voltaram para o apartamento e ligaram para a mãe, que trabalha na área da saúde. Abalada com a situação, ela decidiu voltar para a casa, e contou com a ajuda de um amigo. “Esse amigo viu que ela estava muito nervosa, por isso preferiu acompanhá-la até em casa.”

Ao chegar no condomínio, a mãe da vítima também sofreu ameaças por parte de Daniel. “Eles se deparam com ele no salão de festa. O agressor partiu para cima do amigo que acompanhava a mãe do adolescente e perguntou se ele era o pai do garoto. Quando o homem negou, o agressor disse que ele tinha acabado de se livrar de uma taca”, conta Júlio.

A mãe do adolescente agredido decidiu, então, acionar a Polícia Militar do DF (PMDF) e, ao comunicar o agressor, ele disse que bateria na polícia e nela também. O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia (DP), do Guará. O inquérito foi concluído e encaminhado ao Juizado Especial Criminal do Guará. O caso está tipificado como ameaça, difamação e lesão corporal. “Agora estamos aguardando um posicionamento do MPDFT”, diz o advogado da vítima.

De acordo com Júlio, a família conseguiu uma medida protetiva para o menor de idade e a mãe. “Ele não pode se aproximar mais de 500 metros. Também entrei com uma representação na PF, contra o agente administrativo, e vou buscar uma indenização de danos morais e materiais”, destaca o advogado.

A mãe do adolescente relatou que o menino está choroso e precisa de acompanhamento psicológico. A família está abalada e pensa em se mudar do condomínio.

Exonerado

Após conclusão do inquérito, Daniel Peruzzo Jardim perdeu um cargo comissionado no Ministério da Justiça e Segurança Pública (MSJP) e responde agora por lesão corporal, ameaça e difamação. O Diário Oficial da União (DOU) publicou, em 6 de outubro, a decisão de suspender o cargo de agente administrativo do órgão. O homem é lotado em Natal, no Rio Grande do Norte, mas foi cedido ao Distrito Federal. Ele não reside no condomínio da família, mas frequenta o local para visitar a ex-mulher e a filha.

O Correio tentou contato com Daniel Peruzzo, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. A Polícia Federal também não se posicionou sobre o caso, nem o Ministério da Justiça e Segurança Pública, para confirmar se a perda do cargo de Daniel se refere às agressões praticadas por ele. O espaço segue aberto para posicionamento da defesa de Daniel e também dos órgãos.