Entrevista

Cerca de 90% dos cânceres dependem dos nossos hábitos, diz especialista

A oncologista Patrícia Schorn foi a entrevistada do CB.Saúde desta quinta-feira (21/10). A médica falou sobre a importância da mamografia e sobre como hábitos alimentares influenciam para o câncer

Patrícia Schorn, médica oncologista clínica, especialista em câncer de mama, coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), foi entrevistada pela jornalista Samantha Sallum, no CB.Saúde desta quinta-feira (21/10). O programa é uma parceria da TV Brasília com o Correio. A médica explicou sobre como certos hábitos têm impacto para o desenvolvimento ou não de um câncer de mama e falou sobre a importância das mulheres fazerem a mamografia. Patrícia também explicou qual é o tipo de tratamento mais dolorido para o câncer.

A médica diz que os hábitos das pessoas estão ligados à probabilidade de ter ou não um câncer de mama. E para isso, é importante que se tenha uma boa alimentação, uma rotina de exercícios físicos e que se evite alimentos processados. “Tem vários estudos, mas acabou de ser evidenciado uma informação muito importante onde é bastante clara a evidência da redução do risco de câncer quando a gente tem uma dieta saudável e pratica exercícios físicos. Então isso tem que ser estimulado”, diz.

A oncologista clínica entende que é muito difícil viver só de hábitos saudáveis. “Nós não vamos conseguir viver uma vida inteira sem a exposição a esses alimentos. Mas a rotina da nossa casa deveria se basear exatamente nisso, em alimentos mais frescos e longe de industrializados. Exercício físico, se a gente puder ter uma prática de exercício, seja ele qual for, de 50 minutos a 1h por semana, isso já é alguma coisa muito importante, isso nos protege da morte cardíaca, e isso aumenta a condição de proteção para o câncer de mama pontualmente”, diz.

Sobre a mamografia, a médica explica que a idade para começar a fazer o exame é 40 anos, uma vez no ano, para aquelas mulheres que não tenham fatores de risco. Quando a mulher tem um fator de risco, o procedimento é diferente. “Quando nós identificamos uma mulher que tem fatores de risco e aí entra a história familiar como principal, nós trazemos a mamografia para 35 anos, a data inicial, e se essa mulher tiver uma mãe com câncer, por exemplo, com câncer de mama. Vamos imaginar que a mãe teve câncer de mama com 38 anos, nós iniciamos o rastreamento dessa filha. Então, o que tem fator de risco 10 anos antes da idade que a mãe teve o câncer. Então, ela passa a fazer a mamografia a partir dos 28”, informa.

De acordo com a especialista, a velhice é um fator que propicia o câncer. “É claro que a população do mundo tem vivido mais. Então a expectativa de vida está maior. As pessoas acabam hoje, atingindo a 3º idade com muito mais frequência do que a gente tinha um tempo atrás. E a idade é o principal fator de risco do câncer. Então, quanto mais idade tivermos, maior o nosso risco de viver o câncer”, conta.

A especialista também conta que o tratamento mais difícil e doloroso para o câncer de mama é a quimioterapia. “Porque é um tratamento sistêmico. É uma medicação que entra no nosso organismo, passa por todo o corpo. E essa é uma medicação que diminui a imunidade, que faz o cabelo cair, que permite ferida na boca, que diminui muito a qualidade de vida da mulher durante o período terapêutico”, finaliza.