Sistema prisional

Greve de fome na Papuda teve paçoca e facas escondidas debaixo do colchão

A greve de fome teria começado com uma pequena parcela de presos integrantes de organizações criminosas, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária

A greve de fome iniciada por presos da Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF 1) do Complexo Penitenciário da Papuda chegou ao fim na sexta-feira (29/10). O movimento teve início na quinta-feira (28/10) e os detentos se recusaram a receber as refeições diárias do sistema. O Correio apurou que, durante a greve, os internos esconderam embaixo dos colchões paçocas armazenadas em um saco plástico (veja vídeo). As visitas presenciais de familiares só retornarão aos custodiados que não aderiram ao ato, afirmou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF).

Vídeo obtido pela reportagem mostra os “saquinhos” de paçocas que foram encontrados por policiais penais no interior da cela dos detentos. Foram mais de 30 sacos que estavam embaixo dos colchões dos presos (veja vídeo abaixo). A Seape-DF informou, ainda, que nos últimos dias foram apreendidas 90 facas artesanais, mais conhecidas como “estoques”. O material seria utilizado para um possível ato de motim ou rebelião.

A greve de fome teria começado com uma pequena parcela de presos integrantes de organizações criminosas. Em áudio, familiares de detentos alegaram que os internos estariam sofrendo maus-tratos e estariam passando fome ou se alimentando de comida “azeda, estragada e com larvas”. Por outro lado, a Seape-DF informou que o ato tinha como motivo a suspensão das visitas presenciais nos moldes como ocorria antes da pandemia causada pela covid-19."Presos vinculados a organizações criminosas que tentam, desde o início do mês, subverter a ordem e oprimir os demais custodiados da unidade, especialmente com a divulgação de denúncias anônimas que estão sendo devidamente apuradas", informou a pasta, em nota oficial.

Punição e suspensão


Os presos que aderiram ao movimento estão proibidos de receberem visitas presenciais de familiares e serão devidamente punidos, segundo afirmou a secretaria. Com base no art. 50 da Lei de Execução Penal, é considerado falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina.


"Ressalte que temos cerca de 16 mil detentos em nossas unidades. Foram cerca de 600 detentos, sendo que a unidade estava com pouco mais de 3, 2 mil detentos. O movimento iniciou em três alas do bloco G e em 1 ala do Bloco F. Nos demais blocos e alas não houve adesão. Consideramos que essa tentativa de amotinamento foi um fato isolado ocorrido na unidade onde se concentram as lideranças do crime organizado no Distrito Federal", afirmou, ao Correio, o secretário da Seape-DF, Geraldo Nugoli. Ainda de acordo com o titular, a secretaria não permitirá que o crime organizado se instale nas unidades prisionais da capital. "Adotaremos todas as medidas legais para punir exemplarmente as lideranças do movimento que se encerrou", completou.

Tal ato prejudica, ainda, o processo de classificação dos reeducandos e, consequentemente, as progressões de regime. “As providências disciplinares cabíveis foram aplicadas aos participantes do movimento. Com o término da greve, as visitas da unidade, suspensas em razão do movimento, serão retomadas na próxima semana”, frisou a Seape-DF. Vale ressaltar que o retorno das visitas só serão permitidas aqueles que não aderiram à greve.

Material cedido ao Correio - Movimento teve comida guardada em saquinhos
Material cedido ao Correio - Paçocas encontradas debaixo dos colchões dos presos
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Complexo Penitenciario da Papuda
Bruno Peres/CB - Movimento dos presos teve início na quinta-feira