PANDEMIA

Alunos voltam às salas de aula do DF

Ontem, 12% dos colégios da rede pública de ensino não abriram as portas, devido à paralisação dos educadores. Ao CB.Poder, secretária Hélvia Paranaguá afirmou que escolas são ambiente ideal para estudantes neste momento

EDIS HENRIQUE PERES PEDRO MARRA RAFAELA MARTINS
postado em 04/11/2021 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O retorno 100% presencial das aulas nas 686 escolas da rede pública do Distrito Federal passou a valer ontem, a um mês para o fim do ano letivo, em meio a protestos de educadores (leia ao lado) e opiniões divergentes por parte dos responsáveis pelos estudantes. Apesar disso, o primeiro dia em que a medida entrou em vigor teve atividades na maior parte dos colégios. Do total, 12% (82 instituições de ensino) não abriram as portas, segundo a Secretaria de Educação (SEDF). O motivo foi a paralisação promovida pelos professores em frente à sede do órgão, no Setor Bancário Norte. Em nota divulgada na noite de ontem, a pasta ressaltou que fará corte de pontos caso a categoria continue parada.

Em visita ao Jardim de Infância nº 4 do Gama, a titular da SEDF, Hélvia Paranaguá, declarou que a vacinação dos professores e de estudantes a partir dos 12 anos teve peso para a decisão sobre o retorno totalmente presencial. "Os jovens têm seguido as medidas sanitárias. A maioria está vacinada. Mais de 80% dos adolescentes tomaram a D1 (primeira dose). É um percentual significativo. Isso, de certa forma, dá tranquilidade para a família e os profissionais de educação", argumentou.

Mãe de Layla, 6, a merendeira Cláudia da Silva Santos, 43, acredita que o retorno totalmente presencial vai melhorar a qualidade de ensino. "É bem melhor, porque a criança tem envolvimento. Em casa, na plataforma digital, isso não acontecia. Até dei a ideia para fazerem aulas on-line ao vivo. Mas minha filha não se interessava muito em só fazer a tarefa", relatou a moradora do Gama.

Por outro lado, a pedagoga Vera Martins, 40, afirma que não havia necessidade para o filho Enzo, 5, voltar às salas de aula agora, pois o fim do ano letivo está próximo. "(A decisão) foi muito em cima. Teriam de fazer isso depois das férias. O (modelo) híbrido seria interessante", observou.

Um dos pontos mais importantes para a diretora do Jardim de Infância nº 4 do Gama, Vânia Lúcia Furtado, 49, tem relação com a interação entre os estudantes. "O retorno vai trazer uma grande diferença na educação infantil, principalmente pela socialização. É um espaço lúdico, mas, neste momento de pandemia, eles precisam respeitar o distanciamento. Não teremos cadeiras enfileiradas; eles precisam olhar um para o outro. Então, podemos explorar (o aprendizado) mais deles", afirmou.

Segurança

Presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), Alexandre Veloso pontuou que a perspectiva da entidade é pela consolidação do retorno. "Essa sinalização é muito importante para que os alunos possam recuperar um pouco a parte do aprendizado e retomar a normalidade. Muitos pais ficaram surpresos com as alterações promovidas nas escolas e se sentiram seguros com elas. Além disso, grande parte deles voltou a trabalhar e precisa do suporte da escola", enfatizou.

O servidor público Marcos Eduardo, 35, confirma que as medidas sanitárias contra a covid-19 deram mais tranquilidade para enviar os filhos — Miguel, 8, e Eduarda, 5 — de volta à Escola Classe 7 do Gama. "Na questão do ensino, prejudica ter ficado muito tempo em formato híbrido, mas eu era a favor da volta o quanto antes. As escolas particulares abriram há mais de um ano. Se esses colégios funcionam com efetividade completa no período integral, por que não ocorreria o mesmo na rede pública?", questionou.

No Plano Piloto, na Escola Classe da 403 Norte, algumas crianças haviam regressado ao colégio depois de agosto; outras pisaram estiveram na instituição de ensino pela primeira vez ontem, depois de dois anos. As filhas de Samantha Mello, 43 — duas meninas, de 11 e 7 anos — estão nesse grupo. "Elas até vieram me abraçar (depois da aula), e e eu recuei, mas por motivo de saúde. Na volta em modelo híbrido, elas não foram para a escola porque optamos pelo isolamento social e pela segurança da família. Eu não confio nos outros, tenho medo. E as crianças não foram vacinadas. Além disso, alguns pais com sintomas visíveis (da covid-19) continuaram mandaram as crianças para o presencial", criticou a servidora pública.

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