Os dados "muito bons" referentes à situação da covid-19 no Distrito Federal tornaram o momento apropriado para o retorno 100% presencial das aulas. É o que acredita a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá. Nessa quarta-feira (3/11), no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, a chefe da pasta destacou que as escolas estão prontas desde agosto, quando houve retomada gradual e escalonada das atividades na rede pública. Agora, o órgão pretende mirar a questão da evasão escolar e do desequilíbrio no aprendizado devido às discrepâncias para acesso ao ensino virtual. Leia os principais trechos da entrevista concedida à jornalista Ana Maria Campos.
As escolas públicas retornam às aulas 100% presenciais. Qual foi a situação que a senhora encontrou nas visitas a elas?
Encontrei um momento de muita alegria. Depois de quase dois anos — estamos desde março de 2020 sem aulas —, em agosto, retornamos alternando (os alunos semanalmente). Hoje (quarta-feira), as turmas encontraram os colegas. Os estudantes estavam eufóricos. A escola é o lugar ideal para eles estarem neste momento. Visitei cinco no Gama, do jardim de infância ao ensino médio. Em todos os lugares, era o mesmo sentimento de alegria pelo retorno ao colégio.
A senhora acredita que chegamos a um ponto da pandemia em que dá para as pessoas conviverem mais próximas?
Os dados são muito bons. Temos tido todo o cuidado e muita preocupação com a questão da segurança do profissional da educação. As escolas têm cumprido todos os protocolos de segurança. No momento em que a criança chega à porta do colégio, é verificada a temperatura corporal. Há lavatórios desde os mais pequenos, para o jardim de infância, até os mais altos, a depender da idade da criança; além de álcool gel em todas as áreas internas e externas da escola. Os colégios estão preparados para receber estudantes e professores com segurança desde agosto.
Dentro de casa, nas aulas virtuais, os estudantes aprenderam?
Infelizmente, nós não temos a aula dita virtual, aquela que síncrona, em que o professor ministra o conteúdo, e o estudante, em casa, acompanha pelo computador ou pelo telefone. Em todas as escolas, temos uma série de problemas de internet. E, na área rural, é muito difícil. O que consideramos (ter) no DF é uma aula remota mediada por tecnologia: o professor faz vídeo com a matéria e manda para o estudante por WhatsApp ou leva material impresso. Então, não teve uma única forma. E o resultado (do ensino remoto) vai ser diferente por isso. Algumas escolas que tinham tecnologia mais avançada vão avançar mais do que as que não tiveram. Nesse trabalho de reforçar o que foi mais penalizado, vamos ter de fazer uma intervenção bem pesada.
Como foi a negociação com o Sindicato dos Professores?
Em relação à intenção deles de fazer a paralisação e à firmeza da secretaria (de Educação) em manter as aulas, eles alegam exatamente a questão da segurança. Mas não temos mais como esperar; os alunos precisam retornar à rotina. Hoje, o estudante fica cinco dias na escola e nove em casa. Essa quebra de rotina é ruim em todos os sentidos, principalmente no processo de aprendizagem, que é interrompido. Na semana que ele fica em casa, a aula é uma aula remota, assistida por tecnologia. Na realidade, ele leva a atividade da escola para fazer em casa, não é aquela aula como é para ser: com todo mundo junto discutindo e debatendo. E isso é muito importante.
No caso da evasão, com o retorno de todos os alunos, será possível avaliar se as crianças estão fora da escola?
Infelizmente, temos alguns dados levantados, principalmente de crianças em situação de vulnerabilidade social — como meninos do ensino médio que foram trabalhar porque o pai ficou desempregado. Muitos (estudantes) recebem o Bolsa Família e outros (benefícios de) programas sociais, mas acabou que eles não retornaram à escola, porque a presença escolar era fundamental para recebimento da pecúnia. Isso foi retirado, então, eles abandonaram a escola. Agora, vamos fazer uma busca ativa para trazê-los de volta. Esses alunos precisam estar no ambiente educacional.
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