BARBÁRIE NO TRÂNSITO

Em casa, dois meses depois

Tatiana Matsunaga, vítima de atropelamento no Lago Sul, sai do hospital, mas ainda precisa de tratamentos

Ana Maria Pol
postado em 07/11/2021 00:01
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Após mais de dois meses internada em hospital particular, a servidora pública Tatiana Thelecildes Fernandes Machado Matsunaga, 40 anos, recebeu alta ontem. Ela foi atropelada propositalmente pelo advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem, 37, em 25 de agosto deste ano. Em casa, Tatiana segue sob os cuidados de home care, enquanto a família aguarda a sua recuperação. Segundo o advogado da família, Frederico do Valle Abreu, ela segue desacordada.

Tatiana saiu do hospital para não correr risco de sofrer infecções hospitalares, mas o estado de saúde ainda é grave. "Montaram basicamente uma unidade de tratamento intensiva (UTI) na casa dela. Também rezamos para dar certo", garante Frederico. A passos curtos, a servidora se recupera. Em 10 de setembro, Tatiana abriu os olhos pela primeira vez, mas não interagiu com as pessoas, conforme o pai dela, Luiz Sérgio Machado, 65, contou para o Correio, à época. A reportagem procurou a família para comentar sobre o estado de saúde da servidora pública, mas não houve sucesso nas tentativas.

Memória

O caso aconteceu no dia 25 de agosto, quando Tatiana saiu de casa para buscar o filho na escola, pois o menino, de 8 anos, não passava bem. Na volta, a servidora pública teria sido "fechada" por Paulo Ricardo, que dirigia um Fiat Idea cinza. Os dois tiveram uma discussão no trânsito e o advogado iniciou uma perseguição. O momento foi registrado por imagens das câmeras de segurança de imóveis no Lago Sul. Após três quilômetros, na frente da casa da servidora, eles se desentenderam novamente. A servidora pública saiu do carro, foi em direção a Paulo Ricardo, mas voltou ao próprio veículo para buscar o celular e gravar a situação. Nesse momento, o advogado a atropelou.

Minutos depois de atingir Tatiana em frente à casa dela, Paulo Ricardo reaparece nas gravações. Desta vez, às 9h39, quando pegou o caminho contrário ao que percorreu durante a perseguição. Por pouco, ele não atingiu outro veículo. O advogado foi embora sem prestar socorro a Tatiana. Recentemente, o Tribunal do Júri de Brasília devolveu o carro que Paulo dirigia quando atropelou a servidora pública. O Fiat Idea usado no crime estava apreendido desde o episódio.

A defesa de Paulo, representada pelo advogado Leonardo de Carvalho e Silva, explicou, ao Correio, que pretende renovar o pedido de liberdade de Paulo Ricardo em novembro. "Ele é réu primário, tem bons antecedentes, não estava foragido, e preenche as condições para que possa responder os processos em liberdade", informou Leonardo.

Outros casos

Casos semelhantes ao de Tatiana foram registrados no Distrito Federal. Em 21 de outubro, o entregador por aplicativo Carlos Alberto Barbosa Rocha, 21 anos, morreu após uma briga de trânsito na BR-040. À época, a delegada-chefe da 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria), Cláudia Alcântara, informou ao Correio que o motorista do veículo que atingiu Carlos teria jogado o carro na motocicleta durante uma discussão entre os dois. O condutor que ocasionou o acidente está preso preventivamente pelo crime de homicídio doloso — quando há intenção de matar.

A personal trainer Paula Paiva, 25, também foi agredida após um acidente de trânsito em Taguatinga, no último dia 24. Segundo relatos, o condutor, o empresário Ênio César de Barcellos, 40, ficou enfurecido após a personal trainer bater em seu carro ao dar ré em um posto de gasolina. Ele fechou a motorista na saída do posto e começou a segui-la. Quando a mulher parou em um semáforo vermelho, o empresário desceu do seu veículo, subiu no carro de Paula e quebrou o para-brisa com chutes. Segundo Paula, o homem chegou a xingá-la e agredi-la fisicamente.

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