OBITUÁRIO

Vilmar Abadia, 67 anos, o "Neguinho da Galinha Caipira"

Conhecido como pioneiro de Brazlândia, e dono do Restaurante do Neguinho, o comerciante deixa, aos 67 anos, a esposa, três filhos, três netos, e um legado de companheirismo e parceria

Ana Maria Pol
postado em 08/11/2021 00:00
 (crédito:  Rodrigo Nunes/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Rodrigo Nunes/Esp. CB/D.A Press)

A resenha com a cerveja gelada, o riso fácil e a boa amizade de Vilmar Rodrigues Abadia vão fazer falta para amigos, familiares e moradores da capital federal. Conhecido como um dos pioneiros de Brazlândia, Vilmar era dono do Restaurante do Neguinho, localizado na Quadra 7 do Setor Tradicional da cidade. Querido por centenas de clientes, ele morreu ontem, aos 67 anos, deixando a esposa, três filhos, três netos, e um legado de companheirismo e parceria.

Natural de Paracatu (Minas Gerais), o empreendedor veio para Brasília tentar ganhar a vida. Por aqui ficou e, além de conseguir oportunidades de trabalho, ficou conhecido como "Neguinho da Galinha Caipira". De acordo com o amigo e gerente do restaurante, Elias Luiz de Souza, 47, o apelido surgiu pela dedicação que Vilmar teve ao longo da vida com o restaurante. "Ele se esforçou muito para construir o nome do Restaurante do Neguinho. Fazia questão de colocar a mão na massa e oferecer uma boa comida para os clientes. Por isso, a galinhada ficou tão famosa, porque ele fez dela a melhor", explicou o gerente.

Vilmar criou o restaurante há mais de 30 anos e, desde então, tornou-se um exemplo de trabalhador para aqueles que moravam em Brazlândia, conforme recordou Elias. "Ele era um cara ativo, tinha o restaurante há mais de 30 anos, e estive com ele durante todo esse período. Era um cara extrovertido, gostava de conversar com a clientela, tratava os clientes tão bem que fazia amizade com eles. O legado que ele construiu não pode ser apagado, vai fazer falta", lamenta.

Laços fortes

A amizade com os clientes ia além das paredes dos restaurantes. É o que conta o comerciante e amigo de Neguinho, Nivaldo Soares dos Santos, 59. Ele recorda que conheceu Vilmar há anos, tornando-se cliente do Bar do Neguinho. "Conheci o espaço de Vilmar por meio de uma colega. Comecei a frequentar, mas, até então, ia pouco. A amizade cresceu à medida em que o encontrava no bar e aí nos tornamos irmãos mesmo. Ele foi o segundo pai dos meus filhos, sempre viajávamos juntos", diz. "Ele era um cara com coração grande demais, um ser humano sensacional", completa.

O relacionamento de Vilmar com os clientes tornou-se um marco do Restaurante do Neguinho, segundo comentários de clientes em redes sociais, que lamentaram a morte do comerciante. Em nota, a Administração de Brazlândia também ressaltou a falta que ele fará para a cidade. "É com imensa tristeza que recebemos a notícia do falecimento de um dos pioneiros de nossa querida Brazlândia e dono do restaurante da melhor galinha caipira de Brasília, Vilmar Rodrigues Abadia, mais conhecido como "Neguinho da Galinha Caipira", que nos deixou na manhã deste domingo. "A administração Regional de Brazlândia lamenta por esta perda irreparável e deixa aqui os sentimentos de conforto e solidariedade a toda família e amigos".

 O governador Ibaneis Rocha postou uma mensagem nas redes sociais: "É com grande pesar que recebo a notícia da morte do Vilmar Rodrigues Abadia, o "Neguinho da Galinha Caipira", pessoa querida de todos, especialmente na comunidade de Brazlândia. Empreendedor dedicado, simpático e cordial, fez do seu restaurante um ponto obrigatório no Distrito Federal. Que Deus o receba e conforte sua família e amigos neste momento de dor". 

Segundo o irmão mais novo de Vilmar, José Luís Rodrigues Abadia, 57, Neguinho conseguiu criar esse legado porque fazia questão de conhecer seus clientes. "Foi em Brazlândia que ele decidiu montar o restaurante. Conseguiu montar a marca e ficou conhecido pela cerveja gelada e o bom atendimento. Meu irmão fazia questão de receber os clientes, fazer amizade e, por isso, era cheio de amigos, feliz. Era muito carinhoso com as pessoas", diz. "Ele soube viver, era espontâneo. Se dava bem com todos e, por isso, vai fazer muita falta", lamenta.

Até o fechamento da edição, o corpo ainda não havia sido liberado pelo Instituto Médico Legal (IML), e não havia informações sobre o velório e enterro de Neguinho Caipira.

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