Um homem, 36 anos, se descontrolou e tentou atropelar duas pessoas, em Taguatinga Norte, após discussão causada por uma "fechada" — quando um veículo se coloca de maneira abrupta à frente de outro carro. O momento foi registrado por câmeras de segurança, na terça-feira, e flagraram o condutor de um Renault Kwid de cor branca, identificado pelas iniciais W.P.S, tentando atingir dois homens.
Nas imagens, é possível ver o momento em que os motoristas param na rotatória da QNM 34 e se comunicam de maneira exaltada. Logo, os dois ocupantes do Celta de cor prata — outro veículo envolvido — saem do carro, mas W.P.S dá a volta e avança em alta velocidade contra os homens. Após a tentativa de atropelamento, ele ainda dirige de ré, na contramão, e sai do local quase acertando a porta de outro automóvel e invade a calçada de uma padaria.
De acordo com o delegado-chefe da 12ª DP, José Ribeiro, o Celta teria encostado na lateral do Kwid. "O motorista do Celta desceu com a trava do volante e foi em direção ao veículo branco e, com ela, acertou algumas vezes o carro. O cara do Celta disse que desceu com a intenção de conversar", relata o agente.
Ainda segundo o delegado, um dos homens que estava fora do carro pegou uma pedra e acertou a cabeça do motorista do carro branco. O Corpo de Bombeiros Militar do DF foi acionado para o local, mas não atuou no caso.
O caso foi registrado na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), como dano, lesão corporal e injúria pela tentativa de atropelamento do proprietário do veículo branco. Lá, foi lavrado um termo circunstanciado que seguirá para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). "Vamos mandar o inquérito à Justiça, e no dia seguinte ele vai para audiência de custódia", explica o investigador.
Na delegacia, os três homens foram identificados. Eles não possuem passagem pela polícia, assinaram o termo foram liberados da unidade em seguida. Os policiais militares fizeram o teste do bafômetro no motorista Renault Kwid, mas o resultado deu negativo. O condutor do Celta se negou a aferição, mas não apresentava sinais de alcoolemia.
“Questão de saúde pública”
Na opinião do professor de psicologia do trânsito da Universidade de Brasília (UnB), Hartmut Günther, os principais pontos para casos de briga de trânsito pararem é colocar em prática a punição com base na lei e educação. “A legislação do trânsito no Brasil pode ser boa, mas não está sendo aplicada. Se você quer melhorar o trânsito, tem que reprimir esse tipo de abuso. E se a pessoa, enquanto criança, não foi educada pelos pais quando faz alguma coisa errada em casa e não é reprimida, quando chega na fase adulta, faz o que uma pessoa mais educada não faria”, analisa o especialista.
Para o professor, outro fator que influencia as brigas de trânsito é que, usualmente, são por motivo fútil. “Algumas pessoas reagem mais rápido que outras. Se eu não me controlar, vai ter consequências seríssimas para mim e talvez para os outros. Tem que ter consequências para as pessoas verem isso como questão de saúde pública. Tem excesso de velocidade, desrespeito às normas, mas, no fundo, a sensação que tenho sempre é que no Brasil, de certo modo, placas de trânsito de velocidade e parar em rotatória são opcionais”, critica Hartmut Günther.
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