Wildo Navegantes, professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB)

Correio Braziliense
postado em 12/11/2021 00:01

Como você avalia o ritmo
de vacinação contra a
covid-19 no DF?

O ritmo atual de vacinação, seja com a primeira ou a segunda dose para quaisquer idades, não passa de 1% ao dia em uma unidade federativa relativamente pequena. A oferta de vacina precisa chegar às casas das pessoas, pois, a comunidade nem sempre tem condições de buscar pontos drive-thru ou centros de saúde, seja pela falta de transporte ou de tempo. As estratégias de visitas às casas seria o ideal, com um "arrastão da vacina" nas comunidades. Além disso, faltam negociações com associações, sindicatos e entidades para que essas instituições negociem meios de dinamizar a oferta das vacinas para funcionários, para o público em eventos, para escolas.

Será possível um
réveillon sem máscara?

O olhar da ciência me propõe que recomendemos cautela. Estamos em pleno espalhamento da variante Delta no DF, a cobertura vacinal não é tão alta, e o fluxo de pessoas de outros países permanece. Os voos estão cheios, pois somos um hub com trânsito nacional e internacional de pessoas, devido ao fato de se tratar da capital do país. Recomendo paciência, prudência, máscaras, álcool em gel, vacinas. O vírus não vai dar trégua se não nos ajudarmos. A situação está crítica na Turquia, em algumas partes dos Estados Unidos... A pandemia não acabou.

Para 2022, a população
pode esperar o retorno à vida pré-crise sanitária?

Espero que tenhamos aprendido com a pandemia. Por que não usar máscara se você estiver com sinais de gripe? Por que não continuar higienizando as mãos? Por que, ao tossir, não colocar o canto do braço flexionado à frente da boca? Por que ir para uma sala de aula, por exemplo, sem que os envolvidos estejam obrigatoriamente vacinados? Temos de nos preocupar com todos. Meu direito de não me vacinar não é maior que o direito de proteger os demais. Espero que tenhamos aprendido que o cuidado de si e das pessoas passa por mudanças de hábitos. Se voltarmos ao que era antes, será como não termos aprendido nada.

 

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