Investigado por ser um dos fornecedores de armas e munição para a facção Comboio do Cão — a maior do Distrito Federal —, o policial militar reformado Nilton Barbosa Lima mantinha contato direto com um homem apontado como armeiro da organização criminosa. O PM está entre um dos 15 presos na Operação Cáfila, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para desarticular o grupo.
O Correio teve acesso ao inquérito policial que detalha a investigação, inclusive a quantidade de itens apreendidos na casa do PM, em Brazlândia, na última quarta-feira. Além de uma espingarda, os policiais civis encontraram 46 caixas na sala de estar do imóvel. Ao todo, elas continham 2,3 mil projéteis para armas de calibres .40, .32, .38 e .22. Outras 230 balas estavam guardadas em grandes sacolas; mais de 100 encontravam-se nas embalagens originais; e 150 foram achadas separadamente. Todos os itens estão apreendidos.
As investigações apontaram que os itens seriam fornecidos para integrantes da facção. Constataram-se, ainda, negociações entre Nilton e um dos criminosos da Comboio do Cão: por meio de mensagens e ligações, os dois combinavam preços de armas e munição, bem como trocavam comprovantes de depósitos.
A polícia também descobriu dois cofres na casa do PM reformado. Um deles guardava diversos documentos, o outro, R$ 13.662 em espécie. Nilton não explicou aos investigadores o porquê de armazenar a grande quantidade de munição no imóvel e, na delegacia, manteve-se em silêncio.
O militar reformado foi preso em flagrante durante a operação. Nilton ingressou na Polícia Militar do Distrito Federal em 1993 e entrou para a reserva como soldado, devido a questões de saúde, com remuneração mensal de, aproximadamente, R$ 6,5 mil.
Além do PM reformado, a polícia prendeu dois homens que teriam assumido o comando da facção depois da prisão de Wilian Peres Rodrigues, o Wilinha — capturado em abril deste ano em Paranhos (MS), após dois anos foragido. Na operação de quarta-feira, os investigadores cumpriram mandados de prisão, busca e apreensão em seis regiões administrativas do DF e, também, no Entorno.
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Polícia pede prisão preventiva de investigados
A Justiça do Distrito Federal deve decidir hoje sobre o pedido de conversão em preventiva da prisão temporária do sargento da Polícia Militar do DF Ronie Peter Fernandes — acusado de chefiar um esquema milionário de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro — e do irmão dele, o empresário Tiago Fernandes da Silva. Os dois foram detidos na terça-feira, no âmbito da operação S.O.S Malibu, comandada pela Polícia Civil.
A investigação aponta que o militar era responsável por gerenciar um esquema ilegal que movimentou R$ 8 milhões em seis meses, por meio da extorsão de vítimas. Outras cinco pessoas foram presas, incluindo o pai de Ronie e Tiago, Djair Baia da Silva, e uma mulher que seria a operadora financeira do esquema, a nutricionista Raiane Campêlo. Em nota, a Polícia Civil informou que o pedido de conversão da prisão visa preservar a vida e a integridade física dos endividados que contataram o agiota, além de "evitar o desaparecimento de bens dados como garantia".
A apuração policial revelou que a cobrança das prestações dos empréstimos ocorria com a prática de coação e ameaça. O grupo investigado tomava veículos e exigia a transferência de imóveis dos endividados que não pagassem os valores em dia. Além disso, a quantia movimentada ficava oculta por meio da lavagem de dinheiro. (DD)