As tradicionais comemorações de fim de ano, promovidas por prefeituras de cidades turísticas do estado de Goiás, com queimas de fogos e shows artísticos, estão canceladas. A decisão aconteceu após a confirmação dos casos de covid-19, causados pela variante ômicron, em São Paulo e em Brasília. A preocupação com a nova cepa motivou a decisão dos prefeitos de Pirenópolis, Caldas Novas e Alto do Paraíso do Goiás, que suspenderam os eventos públicos da cidade, importantes para o incremento do turismo local. O cancelamento e o futuro incerto até mesmo das festas particulares de réveillon preocupam empresários do ramo.
De acordo com o produtor da festa "Eu Amo Piri", que está programada para acontecer em Pirenópolis, na a virada do ano, Victor Henrique Araújo, 32 anos, a economia de cidades como Caldas Novas, Pirenópolis e Alto do Paraíso de Goiás é impulsionada pelo turismo. Por isso, o aumento de casos preocupa. De acordo com ele, o faturamento para quem trabalha com o setor de eventos costuma crescer em datas especiais, como o Natal e o Revéillon.
Victor conta que a expectativa é que cerca de 3.500 pessoas compareçam no evento. "É uma preocupação bem alarmante, porque ficamos quase dois anos sem poder fazer nada. A partir do meio deste ano, houve uma flexibilização, e isso deu abertura para que eventos pudessem acontecer. Então, essa informação é meio desesperadora. O movimento de pessoas envolvidas e que trabalham conosco é grande, além do investimento alto. Isso movimenta a economia de Pirenópolis", reitera.
Enquanto não há atualizações sobre como ficam os eventos particulares, Victor diz que organiza a festa seguindo as normas do decreto em vigor. Em Pirenópolis, o cenário epidemiológico está sendo acompanhado pelas autoridades do município. "Já vínhamos adotando algumas medidas para a realização de eventos em que é exigido o cartão que comprove o esquema vacinal contra a covid-19 completo, além do reforço da utilização de máscara e uso de álcool em gel", explica o secretário de Saúde de Pirenópolis, Hisham Hamida.
Embora a realização de festas particulares esteja contemplada pelo atual decreto municipal, que trata dos cuidados contra a covid-19, o secretário não descarta que algumas medidas mais rígidas venham a ser adotadas. "Vamos seguir a mudança do cenário epidemiológico, tanto para a realização das festividades do fim do ano, como para o Carnaval. Temos acompanhado essa situação para orientar a gestão municipal e para que possamos receber tanto a nossa população, quanto os turistas de forma segura, preservando a vida de todos", reitera o secretário.
Até então, os decretos vigentes nos três municípios de Goiás (Pirenópolis, Alto do Paraíso e Caldas Novas) apresentam como normas: a disponibilização do álcool em gel em vários pontos do local do evento; exigir a apresentação do comprovante de vacinação ou do teste da covid-19 com resultado negativo tanto para o público quanto para os trabalhadores envolvidos; limitar a capacidade máxima do espaço; e obter prévia autorização dos órgãos do executivo municipal.
Enfrentamento
Em Caldas Novas, as apresentações musicais e culturais foram suspensas, assim como a queima de fogos. Com a nova cepa, a prefeitura criou um Comitê de Enfrentamento às Urgências de Saúde Pública de Caldas Novas. Na segunda-feira, integrantes das Vigilâncias de Epidemiologia e Sanitária e diretores das unidades de saúde do município se reunirão para efetivar e eleger o novo comitê, que vai tratar das questões referentes à pandemia e outros temas sanitários e de saúde pública.
De acordo com o secretário de Turismo de Caldas Novas, Daniel Ribas, o cancelamento foi uma forma de cuidar da população e dos turistas da cidade. "Caldas foi exemplo na retomada da volta turística e o empresariado vê todas as questões sanitárias com muito cuidado", assevera. "O comitê da região das águas quentes vem acompanhando de perto e administrando toda a situação de Caldas em relação aos eventos, tanto públicos, quanto particulares, além das tratativas de prevenção, respeitando sempre, em primeiro lugar, a saúde", garante.
O secretário reitera, ainda, que para as festas privadas, o que vale é o atual decreto, que pede ocupação limite de 75% em hotéis, bares e restaurantes. "Estamos mantendo e analisando dia a dia como a cepa está se comportando, além de conversar com a Vigilância. Os eventos deverão exigir comprovante do esquema vacinal completo ou teste negativo da covid-19. Então, vamos precaver e a vigilância vai fiscalizar", garante Daniel.
Futuro incerto
Ao Correio, o prefeito de Alto do Paraíso, Marcus Rinco, informou que deve se reunir com os empresários da cidade que estão organizando festas de fim de ano particulares para deixá-los prevenidos. De acordo com o chefe do município, o avanço da contaminação com a nova cepa está sendo acompanhado e, caso surja algum dado alarmante, existe a possibilidades de normas mais rígidas serem colocadas em vigor. "Ainda não temos nenhuma previsão, mas vamos acompanhar", garante Marcus.
Para o prefeito, tudo ainda é incerto. "Nós estamos aguardando para saber, por exemplo, se a vacina tem efeito comprovado ou não, se ela tem um alto grau de contaminação. Nosso município está com a vacinação quase em 100%. A nossa segunda dose está com quase 80%", diz. "A nossa população tem um nível de consciência alto com relação às medidas e cuidados. Então, nós acreditamos que não vamos ter nenhum tipo de problema. Vamos buscar ter equilíbrio entre saúde, preocupação com a pandemia e com a economia", diz.
A produtora de eventos Tayla Boaventura, 32, e o empresário Alexandre Tirulim, 53, dono da Risoteria Santo Cerrado, na Vila São Jorge, em Alto do Paraíso do Goiás, estão organizando a décima edição da festa Revéillon: de volta às origens, de olho no futuro. Tayla explica que eles estão na expectativa para que saia um decreto com novas normas de funcionamento para eventos. "Por isso, ainda não começamos a vender os ingressos para a pista de dança", conta.
De acordo com ela, o objetivo é que o evento seja realizado, mesmo que com restrições. "Ano passado fizemos, colocamos mesas reservadas, as pessoas respeitaram o distanciamento. Esse ano a expectativa é a mesma. Estamos vendendo uma quantidade determinada de ingressos, queremos um evento seguro e que todos consigam se resguardar", pontua.
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