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Polícia intensifica buscas

Wanderson Mota Protácio, 21 anos, acusado de matar três pessoas em Corumbá de Goiás no último domingo, segue foragido. Forças de segurança entram no sexto dia de buscas pelo suspeito

Edis Henrique Peres
postado em 04/12/2021 00:01
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

As buscas por Wanderson Mota Protácio, 21 anos, entram pelo sexto dia consecutivo hoje. Policiais militares e civis de Goiás trabalham para encontrar o criminoso acusado de matar a namorada grávida de quatro meses, a enteada, de 2 anos e 9 meses, e um fazendeiro, 73, em Corumbá de Goiás, no último domingo. A suspeita é de que Wanderson esteja na região de Mocambinho, distrito de Gameleira, a aproximadamente 56km de Abadiânia (GO). A partir de relatos de testemunhas, as equipes das forças de segurança têm delimitado cada vez mais a área de buscas para prendê-lo o mais rápido possível.

Na manhã de ontem, Wanderson foi visto em uma fazenda na região rural de Mocambinho. De acordo com João dos Reis, 67, proprietário do local, o foragido chegou a pedir emprego a três funcionários que estavam trabalhando na estufa de pimentão da propriedade. "Ele (Wanderson) queria entrar por um buraco que tem na estufa, não aceitava entrar pela frente. Os meninos desconfiaram que ele podia estar armado, mas não viram nada. É de desconfiar porque essa noite os cachorros estavam agitados e latiram muito", conta.

Quando um dos funcionários saiu para chamar o gerente, Wanderson correu para o meio da vegetação. "A gente ligou para a polícia, avisamos para os vizinhos e nos reunimos aqui perto dos cachorros, para ele não ter chance de fazer nenhum refém", conta o proprietário. "Alguém avisa a polícia, o cara está na minha casa". O áudio com um pedido de ajuda começou a circular, por volta de 9h40, nos grupos de moradores. Depois da denúncia, policiais patrulharam a região, porém não o encontraram.

Os funcionários da fazenda relataram que Wanderson estava com um celular na mão e que o criminoso aparentava cansaço. "Ele estava de camisa vermelha, o tempo todo olhando para baixo, com boné baixo e ficava mexendo no celular. Do lado de fora da estufa, tentou passar a perna para dentro, mas depois desistiu", conta um dos trabalhadores que pediu para não ser identificado.

Com receio, os funcionários relataram que não vão dormir este fim de semana na propriedade. "Vamos para a cidade (área urbana de Mucambinho). Deus queira que peguem ele, mas esses dias não vamos pousar (dormir) aqui", afirmou. A esposa de um dos trabalhadores, Ana Carolina Dias, 21, relata os momentos de medo que vivenciou na manhã de ontem. "Meu marido me ligou falando para me trancar em casa com minha cunhada e que, ele (Wanderson), estava por aqui. Depois fiquei ligando para ele e o telefone não atendia mais, porque o sinal daqui é muito ruim de funcionar", conta.

Insegurança

Enquanto o foragido não é encontrado, a população da pequena cidade está aterrorizada. Comerciante e morador da região, João Rodriguez de França, 78, passou a fechar o comércio mais cedo. "Fico cismado quando vejo que o movimento no bar está fraco. Daí, já começo a fechar as portas mais cedo. Tenho medo de uma pessoa desse tipo aparecer. Sou comerciante e preciso tratar as pessoas com jeito, porque não sei quem são."

Divina Braz de Freire, 52 anos, gari e moradora de Mocambinho, conta que o medo entre amigos e familiares virou uma constante. "Todo mundo com medo. Essa noite nem dormi direito. E acho que falta uma viatura da polícia patrulhando a cidade.  

A polícia ressalta que a população pode ajudar a encontrar Wanderson através do número para denúncias anônimas 197 e também pelo WhatsApp (62) 98595-6557.

Histórico 

Além do triplo homicídio, o fugitivo é acusado de tentar matar uma mulher a facadas, em 2019, em Goianópolis (GO). O processo tramita no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e a sentença ainda não foi decretada. Nos autos, consta que a tentativa de feminicídio aconteceu em 8 de dezembro de 2019, quando Wanderson chegou em casa sob efeito de drogas e álcool pela manhã. Com uma faca em mãos, o caseiro obrigou a vítima a entrar em um dos quartos da residência com ele. Com a negativa, o agressor desferiu vários golpes contra as costas da mulher. A faca chegou a quebrar e, depois disso, Wanderson fugiu pulando os muros e se escondeu em uma casa próxima.

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  •  Polícias Civis e Militares de Goiás seguem em busca do paradeiro de Wanderson
    Polícias Civis e Militares de Goiás seguem em busca do paradeiro de Wanderson Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  •  03/12/2021. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Wanderson é suspeito de ter matado a facadas, no último domingo (28/11), a namorada grávida de quatro meses, a enteada, de 2 anos e 9 meses, e um fazendeiro, de 73 anos, com um tiro na cabeça, em Corumbá de Goiás. Na foto, João dos Reis. dono da fazenda.
    03/12/2021. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Wanderson é suspeito de ter matado a facadas, no último domingo (28/11), a namorada grávida de quatro meses, a enteada, de 2 anos e 9 meses, e um fazendeiro, de 73 anos, com um tiro na cabeça, em Corumbá de Goiás. Na foto, João dos Reis. dono da fazenda. Foto: ED ALVES/CB/D.A.Press
  •  03/12/2021. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Wanderson é suspeito de ter matado a facadas, no último domingo (28/11), a namorada grávida de quatro meses, a enteada, de 2 anos e 9 meses, e um fazendeiro, de 73 anos, com um tiro na cabeça, em Corumbá de Goiás. Na foto, polícia na fazenda.
    03/12/2021. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Wanderson é suspeito de ter matado a facadas, no último domingo (28/11), a namorada grávida de quatro meses, a enteada, de 2 anos e 9 meses, e um fazendeiro, de 73 anos, com um tiro na cabeça, em Corumbá de Goiás. Na foto, polícia na fazenda. Foto: ED Alves/CB/D.A.Press
  •  03/12/2021. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Wanderson é suspeito de ter matado a facadas, no último domingo (28/11), a namorada grávida de quatro meses, a enteada, de 2 anos e 9 meses, e um fazendeiro, de 73 anos, com um tiro na cabeça, em Corumbá de Goiás. Na foto, fazenda onde o Wanderson passou.
    03/12/2021. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Wanderson é suspeito de ter matado a facadas, no último domingo (28/11), a namorada grávida de quatro meses, a enteada, de 2 anos e 9 meses, e um fazendeiro, de 73 anos, com um tiro na cabeça, em Corumbá de Goiás. Na foto, fazenda onde o Wanderson passou. Foto: ED ALVES/CB/D.A.Press
  • Testemunhas avistaram Wanderson com celular
    Testemunhas avistaram Wanderson com celular Foto: Ed Alves

Palavra do especialista

Presenciamos, mais uma vez, a atuação das forças de segurança pública oferecendo uma resposta imediata à sociedade a partir da ocorrência de crimes complexos e com alto clamor social por punição exemplar. Mas não nos enganemos: violência não se resolve com violência, tampouco com crueldade midiatizada, muito menos com ímpeto de vingança. Para tanto, as forças policiais precisam policiar (no sentido de estarem atentas, monitorar) sua atuação também diante do caso de Wanderson Mota para não caírem no mito do policial super herói, porém propagador de insegurança e pânico social (como estes que temos observado nas mídias sociais). Cabe à instituição balizar e orientar a atuação dos seus membros, até mesmo para evitar que incorram em desvirtuamento de competências no exercício de suas funções. Como polícias profissionais, ressalto que estas devem pautar sua atuação pelos conhecimentos técnico-especializados. Não cabe ao mandato policial render-se aos caprichos da espetacularização da violência, como foi no caso Lázaro, em uma verdadeira "caçada ao bandido", cuja cabeça se encontrava simbolicamente representada a peso de ouro nas representações da população. O papel da sociedade é o de colaborar com o que for possível.

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