Três perguntas para

Correio Braziliense
postado em 08/12/2021 00:01

Quais os efeitos que a pandemia tem causado nas relações entre casais para vermos tantas mortes quanto as destes últimos dois anos?

A agressão contra mulheres por companheiros ou cônjuges em uma mesma casa ou uma mesma família existe em função da cultura arcaica e da desigualdade entre gêneros, porque os homens ainda consideram ter a posse das mulheres. O motivo que os homens alegam, em grande parte, tem a ver com ciúmes, de quem não deixa a mulher sair, arrumar-se ou trabalhar. Quando você tem uma relação dentro de casa — dificultada em função da pandemia — e uma ideia de que as mulheres devem obedecer a tudo que o marido quer, qualquer briga é motivo de agressão. Ela não se vestiu como ele queria, não saiu de casa quando ele achava que devia... Os motivos mais variados e fúteis são usados para que ele jogue toda a raiva que tem sobre ela. É uma ideia de posse. 

Como a mulher que sofre violência pode procurar ajuda quando percebe estar desprotegida ou sob ameaça? 

Campanhas são importantes, pois há mulheres que estão totalmente em cárcere privado. Vizinhos e familiares têm de se preocupar com o silêncio total e o isolamento de quem eles conhecem — quando percebem que a mulher não sai de casa, por exemplo. E as campanhas também têm de ser para que os outros se atentem àquelas que conhecem, que parecem ter desaparecido das relações sociais, que respondem mensagens sem qualquer conteúdo aprofundado, etc.

Que atitudes do atual companheiro ou do ex devem ligar o alerta das mulheres para a possibilidade de um eventual feminicídio?

Infelizmente, as mulheres têm de acreditar que o companheiro que elas amaram ou amam pode não só espancá-las como vir a cometer assassinato, ou seja, o femincídio. Elas têm de conseguir apoio de familiares, vizinhos, amigos. De tal forma que esteja apoiada quando for fazer a denúncia à polícia. Elas precisam de uma rede de proteção. E que os juízes, ao atenderem mulheres que denunciam violência, saibam que essa se trata de uma ameaça grave e concedam medidas protetivas que obriguem o agressor a sair de casa. É fundamental que elas acreditem que a ameaça é grave, pois muitas não creem que aquele que a amou pode não só ameaçá-la, como também matá-la.

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