OBITUÁRIO /

Benedito Medeiros Neto, 70 anos

O professor e pesquisador será lembrado pela vocação e dedicação à academia. Ele deixa como legado a contribuição no ramo da ciência da computação, informação e comunicação. Enterro ocorreu ontem

Ana Maria Pol
postado em 14/12/2021 00:01
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

O Distrito Federal perdeu um dos grandes pesquisadores da ciência da computação, informação e comunicação. Benedito Medeiros Neto morreu, aos 70 anos, no domingo, vítima de um ataque cardíaco. O sepultamento ocorreu ontem, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. O especialista, que era referência em inclusão digital e inovação, deixa um legado na capital federal e na Universidade de Brasília (UnB), onde atuava como professor voluntário na Faculdade de Comunicação e Departamento de Ciência da Computação.

 O professor estava disposto a entregar sua vida para a academia. Logo após se especializar em engenharia elétrica pela UnB, em 1975, o professor não parou de estudar para trazer o melhor para a área que escolheu. Se aperfeiçoou no ramo da ciência da informação e inclusão digital, em faculdades brasileiras e estrangeiras, e tornou-se doutor em ciência da informação pela Faculdade de Ciência da Informação da UnB.

Uma das contribuições de Medeiros no mundo acadêmico deu-se por meio da pesquisa Mídia Digital Multimodal (MDM), que tinha o objetivo de investigar como as redações jornalísticas lidavam com o processo de mudança do analógico para o digital. O projeto, que foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), teve início em 2014, com duração de quatro anos. As conclusões dos estudos resultaram em um livro, que foi publicado no mês passado. Denominado Digital Convergence in Contemporary Newsrooms, a obra tem o selo da editora internacional Springer e conta com a contribuição de pesquisadores do Brasil e estrangeiros.

A jornalista e professora Thais de Mendonça Jorge foi uma das participantes do projeto. Amiga de Medeiros, ela lembra que ele era um profissional de excelência, e foi o responsável pela integração dos pesquisadores brasileiros com outros países. "Conheço o Medeiros desde 2013, e tínhamos uma convivência muito assídua, até agora. Se não fosse pelo esforço dele, esse livro não teria saído. Imagina congregar pesquisadores daqui, de vários setores do Brasil, e mais pesquisadores estrangeiros? Era um trabalho hercúleo. Parecia que ele estava cumprindo uma missão", ressalta Tahis.

Medeiros atuou na diretoria de tecnologia e infraestrutura da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), coordenou cursos de métodos quantitativos da Escola Superior de Administração Postal, colaborou de comissões do Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia (IBICT) e foi consultor de inclusão digital do Ministério das Comunicações. No meio acadêmico, foi pesquisador e professor na UnB e no Ceub. Em uma publicação nas redes sociais, Thais prestou homenagem ao professor. "Não sabíamos que seria para sempre. Salve, Med, até um dia", escreveu.

Pai de quatro, marido da médica epidemiologista Goretti Medeiros, o professor aguardava ansioso pelo dia em que teria netos. De acordo com Edgard Costa Oliveira, 49, amigo há mais de 20 anos de Medeiros, ele tinha a família como peça fundamental para viver a felicidade. "Ele era uma pessoa preocupada em fazer o bem, tentava auxiliar as pessoas a verem novas oportunidades. Tinha uma mente criativa, capacidade grande de ver projetos e articulação com outras pessoas", enumera. "A saudade que fica é grande, mas os aprendizados também. O otimismo dele vai fazer muita falta", finaliza Edgar.

 

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