DESAPARECIMENTO

Polícia assumirá buscas por mãe e filha

Shirlene Ferreira e Tauane Rebeca saíram para nadar em um córrego no Sol Nascente, na última quinta-feira, e não foram mais vistas. Depois de cinco dias de procura sem sucesso, investigadores vão reforçar os trabalhos na região

Renata Nagashima
postado em 14/12/2021 00:01
 (crédito:  Carlos Vieira/CB)
(crédito: Carlos Vieira/CB)

Há seis dias desaparecidas, Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos — grávida de quatro meses — e a filha dela Tauane Rebeca da Silva, 14, foram vistas pela última vez quando saíam para tomar banho em um curso d'água no Sol Nascente. Sem pistas sobre o que pode ter acontecido com elas, o Corpo de Bombeiros (CBMDF) encerrou o quinto dia de buscas ontem, depois de uma extensa procura por toda a região do Córrego do Pasto.

Na quinta-feira passada, Tauane Rebeca teria encontrado uma nova rota até o curso d'água; por isso, chamou a mãe e o irmão, Lucas da Silva, 12, para nadar. "Minha sobrinha (Tauane Rebeca) gosta de ficar em casa jogando, não tem o hábito de sair. Mas achou esse caminho, quis ir e minha irmã (Shirlene) também foi", contou Shirlei Vieira da Silva, 39. O mais novo preferiu ficar em casa e viu a mãe sair acompanhada da filha, por volta das 15h.

Ao escurecer, Lucas ficou preocupado e saiu em busca das duas. "No meio do caminho começou a chover e, com medo, ele voltou", relatou Antônio Wagner Batista da Silva, 41, marido de Shirlene e pai do menino. Em casa, os dois se encontraram. Ao pintor, que voltava de um trabalho no Lago Norte, a criança contou que a mãe e a irmã não tinham retornado. "Comecei a ligar para todo mundo da família. Pedi ajuda para procurar, e não achamos nada. Até que me desesperei e liguei para os bombeiros", continuou Antônio Wagner.

Os militares chegaram ao local por volta das 20h, e as buscas só terminaram à 1h de sexta-feira. Na manhã seguinte os bombeiros retornaram à região para continuar os trabalhos. "Encontramos um guarda-chuva que o Lucas disse ter visto a mãe dele usar ao sair. Além de uma sandália, que acredito ser da minha filha. Mas foi só isso", detalhou o pintor. As buscas continuaram no fim de semana e ontem, com auxílio de helicópteros da Polícia Civil, bem como de mergulhadores do CBMDF e cães farejadores.

Até o fechamento desta edição, nenhum sinal na região ao redor do córrego havia levado a Shirlene e Tauane Rebeca. A corporação encerrou a operação do dia por volta das 17h15, por causa da chuva. O cão de buscas Apollo auxiliou a equipe dentro da mata. Ele cheirou pertences das duas desaparecidas e percorreu, com os bombeiros, o mesmo percurso feito pelas por elas no dia em que sumiram. No entanto, não houve sucesso. O aspirante a oficial Cleiton, líder da equipe de buscas, afirmou que, agora, as investigações devem ficar a cargo da Polícia Civil. "Fizemos uma varredura por toda a região mais uma parte. Elas não estão aqui (na área)", comentou.

A 23ª Delegacia de Polícia (P Sul) investiga o caso. O delegado-adjunto, Vander Braga, disse que o registro da ocorrência ocorreu na manhã de sexta-feira, quando os investigadores ouviram o marido e parentes de Shirlene. Até o momento, eles não descartam qualquer via de investigação. "A hipótese era de afogamento. Hoje (ontem), depois de várias buscas do Corpo de Bombeiros, a equipe da 23ª DP assumiu a apuração e faz buscas por terra na região que ela frequentava. Estamos verificando a possibilidade de alguma situação de crime", adiantou.

Shirlei concorda que a área é perigosa. Por isso, ela teme que a irmã e a sobrinha tenham sido vítimas de algum tipo de violência, pois não há casos frequentes de trombas d'água na região do córrego. "(Lá) é muito perigoso por causa dos bandidos. Muita gente estranha entra e sai dessa mata. É possível que tenham pegado as duas e levado, mas esperamos que elas tenham conseguido fugir e estejam escondidas em algum lugar seguro", afirmou.

Vida caseira

Shirlene e Antônio Wagner estão junto desde que ela tinha 13 anos. O casal tem três filhos e, segundo Shirlei, vivem uma "relação muito tranquila". "Ela é ciumenta com ele, e os dois vinham se desentendendo porque ele trabalha muito, mas não era nada violento. A família não tem motivos para desconfiar dele", comentou a irmã.

O pintor acrescentou que nem a esposa nem a filha teriam motivos para fugir. "Elas gostam de ficar em casa. Até quando vai para a casa da irmã, em Samambaia, eu tenho de ir buscá-la à noite ou a Shirlei precisa trazê-la, porque a Shirlene não gosta de dormir fora de casa", detalhou Antônio Wagner. A adolescente também não tem costume de sair sozinha ou com amigas e prefere ficar em casa desenhando e jogando, segundo a família. "Ela tem 14 anos, mas é bem menina ainda. Uma criança", disse o pai, abalado.

O filho caçula do casal está com uma tia e não consegue voltar para casa até que a mãe e a irmã sejam encontradas. O pai dele tem auxiliado nas buscas com o Corpo de Bombeiros e enfatizou que não vai parar de procurar as duas até encontrá-las. "Estou muito angustiado. É uma coisa que nunca nunca imaginamos viver", completou Antônio Wagner. 

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