ENTREVISTA / Zélio Maia da Rocha — diretor-geral do Detran-DF

Educação de trânsito nas escolas

Em entrevista ao CB.Poder, o gestor da autarquia prometeu a expansão do programa Cidadania no Trânsito para todas as 92 escolas públicas do ensino médio no primeiro semestre de 2022. Ele também falou sobre os casos de atropelamento proposital e aumento de alcoolemia

Pedro Marra
postado em 15/12/2021 00:01
 (crédito: TV Brasília/Reprodução)
(crédito: TV Brasília/Reprodução)

O Distrito Federal pode ter, no primeiro semestre de 2022, a expansão do programa Cidadania no Trânsito, curso de 90 horas-aula que ocorre atualmente em seis escolas públicas do DF, para toda a rede do ensino médio. O objetivo é ensinar sobre conscientização no trânsito a alunos do ensino médio. Foi o que afirmou, ontem, o diretor-geral do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), Zélio Maia da Rocha, em entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Entrevistado pela jornalista Adriana Bernardes, ele também falou sobre outros projetos da autarquia e comentou o comportamento dos motoristas em casos de atropelamento proposital ao longo do ano. Confira trechos da entrevista:

Quando teremos todas
as escolas do DF com Cidadania no Trânsito?

Com o dinheiro das multas, lançamos o projeto da Cidadania no Trânsito. São 90 horas-aula para os alunos do ensino médio da rede pública para discutir não só sinais e legislação de trânsito, mas também noção de cidadania. Iniciamos com seis escolas, e o objetivo é atingir todas as 92 escolas públicas do Distrito Federal. Tínhamos o projeto pronto para todas as escolas públicas do ensino médio, mas a secretária de Educação (Hélvia Paranaguá) achou melhor sentarmos para, primeiro, fazermos um piloto e analisarmos o resultado. Eu espero que consigamos atingir, já no próximo semestre, as 92 escolas do ensino médio. Quando lançamos esse curso, o aluno que tem 17 ou 18 anos já vai ter a parte teórica do processo de habilitação em mão. Ou seja, quando for fazer a habilitação, não precisará fazer a parte teórica, o que acaba sendo uma economia financeira, porque o custo é em torno de R$ 300 e R$ 400.

Sobre os casos de atropelamento proposital no DF, como o advogado que atropelou propositalmente uma servidora pública no Lago Sul, o que acontece com as pessoas para se chegar a uma coisa brutal como essa?

Há pouco tempo, participei de um debate com uma psicóloga sobre essa discussão. Chegamos ao consenso de que as pessoas saíram de um estado pandêmico depressivas e impacientes, e acho que isso não justifica. É uma questão educacional e de saúde pública, e neste caso, de polícia. As pessoas têm de aprender a compartilhar os espaços. Para o trânsito, convergem todas as alegrias e frustrações. Quando você vai fazer o processo de obtenção da CNH, passa por um exame psicológico, mas só uma vez. Nunca mais vai voltar para saber se depois de 20 anos (por exemplo) tem a mesma estabilidade emocional que você comprovou quando obteve a carteira aos 18 anos. Então, isso é um elemento que tem que ser repensado, de fazer uma reciclagem.

Muitos motoristas autuados alegam que o Detran-DF ganha dinheiro com multas. Como o senhor trabalha a educação no trânsito para evitar as infrações?

A educação é essencial, e a penalização é parte do processo de educação. Então, convoco todos para ajudar a "quebrar" a percepção de que o Detran arrecada muito dinheiro com multas. Vamos lançar o projeto programa Multa Zero. Costumo dizer que o Detran não multa ninguém, é estático através dos seus "pardais". Só que onde tem 60km/h (velocidade permitida), não passe a 120km/h, porque você vai se automultar. Mas para aqueles que se automultam, o seu dinheiro está sendo usado com CNH Social, para o projeto Detran nas Escolas, que temos temos teatros, repentistas e escolinhas dentro das escolas públicas e privadas para os alunos de 5 a 10 anos. Levamos esse processo educativo.

O Detran-DF realizou projetos que envolveram bicicleta neste ano, como passeios ciclísticos com objetivo de conscientizar o uso desse meio de transporte. Como foi o trabalho com esse público?

Alguns países da Europa chegam ao ponto de ter mais de 90% de usuários de bicicletas para se deslocarem no dia a dia. Desde muito cedo, ouvi que Brasília era a cidade dos carros, mas também pode ser a cidade da bicicleta. O pedestre, que é o mais frágil na relação da mobilidade urbana, tem uma área segregada destinada a ele, que são as calçadas. Tem a faixa de pedestre destinada a ele, mas o ciclista divide o mesmo espaço com os veículos. Ao contrário do que muitos pensam, o ciclista pode, sim, usar a faixa de rolamento. Com relação ao ciclista, temos campanhas educativas específicas. Fizemos quatro edições do Passeio Ciclístico do Detran, e a quinta está marcada para a região administrativa de Samambaia, em janeiro, mas ainda não definimos a data. Quando levo 300, 400 pessoas de bicicleta às ruas, estou levando à toda população da cidade a conscientização de que existe o ciclista trafegando como veículo. Primeira regra, os veículos motorizados devem cuidar dos não motorizados. Mesmo que você veja um ciclista agindo de forma incorreta, você vai protegê-lo. Às vezes, encontro colegas ciclistas pedalando no sentido contrário da via. Nunca faça isso, o que potencializa uma batida frontal.

Estamos em um período em que as pessoas estão saindo de férias. O que o motorista precisa para prestar atenção e não parar numa blitz ou se acidentar na viagem?

A regra básica é a segurança completa do veículo, fazer uma ampla revisão e lembrar que os pneus estejam em boas condições. Os limpadores também são essenciais (na revisão), pois estamos falando de um período de chuvas. E, evidentemente, não se exceda, não só na velocidade, mas no tempo ao volante.

Quem está com a documentação atrasada, ainda dá tempo de regularizar a situação?

Sempre lembrando que agora todos os documentos do seu veículo são digitais. Se você tem multas pendentes ou se tem o seu licenciamento pendente, quite suas dívidas, porque se não, não estará no seu smartphone o seu documento de circulação.

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