José Eduardo Sabo Paes, procurador do Ministério Público do DF

Pais devem decidir sobre vacina

Em entrevista ao CB.Poder, o procurador destaca que a Saúde precisa ter as doses suficientes para ofertar. "Nós temos que encontrar e sensibilizar cerca de 200 mil pessoas que ainda faltam ir aos postos para tomar a 1ª e 2ª doses", diz

Renata Nagashima
postado em 21/12/2021 00:01
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O procurador do Ministério Público do DF, José Eduardo Sabo Paes, foi o entrevistado do CB.Poder de ontem — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília. Na bancada, a conversa foi conduzida pela jornalista Ana Maria Campos. De acordo com o procurador, cabe aos pais e responsáveis decidirem sobre a vacinação de crianças entre 5 e 12 anos, autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última semana. "Em relação às crianças, que não tem capacidade plena de tomar decisão, temos os pais, que vão decidir se vão tomar ou não", disse. 


Quanto à vacinação de crianças, existe essa polêmica envolvendo o presidente Bolsonaro, que é contra, mas a Anvisa autorizou, como o MP vai lidar com a situação?

Durante a pandemia vivenciamos diversas fases e momentos. Primeiro o desconhecimento e a ignorância de não saber causas e conhecimentos de causas e efeitos, mesmo porque as pesquisas são demoradas e tem sim, no começo, caráter de provisoriedade, mas é o que temos. As agências internacionais e a nossa, umas das mais qualificadas, que é a Anvisa, buscaram, no decorrer da pandemia, certificar as melhores práticas para que fossem homologadas nos países. Aqui, o poder público teve que tomar medidas certas para ver as doses disponíveis e a forma de distribuição, priorizando a área médica, depois antes de iniciar a idade de 60 anos, os com comorbidades. Foi uma luta para identificar e dar presença. Depois chegamos aos 18 anos e, conforme disponibilidade, baixamos para 12 anos. Agora temos para crianças de 5 a 12 anos. Em relação às crianças, que não têm capacidade plena de tomar decisão, temos os pais, que vão decidir se vai tomar ou não.

Houve muita controvérsia sobre como funcionaria a vacina, mas o plano de imunização funcionou?

Funcionou e foi cumprido. E é sucesso. Nós temos, em termos mundiais, um dos maiores números de vacinados.

O senhor é a favor do passaporte de vacina?

Eu sou a favor. Há exigência entre países desde o início, comprovação de testes ou vacinação. É importante, e se faz isso há muitos anos, inclusive para febre amarela.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, antecipou o prazo de cinco para quatro meses para a terceira dose. Como vai ser no DF?

Essa é uma das formas de darmos mais proteção a todos. O DF tem adotado a política de acompanhar as decisões do Ministério da Saúde, e temos que valorizar o PNI.

Como vai ser esse processo, já que o sistema foi hackeado?

É necessário levar o cartão onde foram anotadas as outras doses. Infelizmente, existem pessoas que não são do bem e ficam destruindo o sistema. Em alguns postos tem o registro prévio, mas temos que melhorar a comunicação. Semana passada fiz uma reunião com as secretarias de Saúde e Comunicação com o poder público do governo para que a gente melhore a comunicação e, inclusive, faça uma busca ativa. Nós temos que encontrar e sensibilizar cerca de 200 mil pessoas que ainda faltam ir aos postos para tomar a 1ª e 2ª doses. Umas áreas rurais e outras que não têm acesso. O Poder Público vai fazer um trabalho para que os postos fiquem abertos até as 22h, hoje temos dois, em Ceilândia.

Tem o caso das pessoas que rejeitam a vacina; é possível fazer com que mudem esse olhar?

Sim. Acredito muito na sensibilização, o conjunto familiar é muito importante para sensibilizar. Os estudos técnicos científicos são muito importantes também. Não podemos desistir de ninguém. Mesmo para aqueles que são negacionistas, isso é normal. Todas as vacinas se tornam obrigatórias. E não é só a terceira dose, isso vai ser anual. A vacina de covid vai ser para sempre, como a da gripe, vai ser de rotina.

Na Europa, está tendo lockdown de novo. Qual a diferença da realidade deles para a nossa, o que causou essa situação tão grave na Europa?

São algumas diferenças, uma delas é a questão das estações do ano e do ritmo da vacinação. No verão europeu não tinha sequer 50% vacinados e reabriram. Eles se anteciparam em razão da força do turismo. O segundo problema foi a política da União Europeia, que centrou os esforços em apenas um fabricante, isso impactou demais, porque não tiveram liberdade como aqui, que tivemos três a quatro vacinas.

O senhor teve muito trabalho este ano. O que foi feito de mais importante em 2021?

Este foi um ano difícil. A doença se apresentou em diversas fases desde março de 2020. E em 2021, nos deparamos com uma nova situação: a de implementar a vacinação e aumentar a publicização dos efeitos positivos da vacinação. Foram várias situações, então, tivemos que dar continuidade a todas as políticas acompanhando os gestores públicos, integrando as nossas ações com a do poder público e interface com o poder Judiciário, isso que é a força-tarefa.

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