INCÊNDIO /

Empresários serão ouvidos

Donos do complexo cultural e gastronômico Maaya, no Lago Sul, prestarão depoimento à polícia, após local ser consumido pelas chamas, ontem. Bombeiros aguardam resultados de laudos periciais que ajudarão a descobrir o que deu início ao fogo

Carlos Silva* Samara Schwingel
postado em 22/12/2021 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Após um incêndio consumir parte do Complexo Maaya — centro cultural e gastronômico localizado às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Sul — a Polícia Civil aguarda os resultados da perícia e pretende ouvir os donos do espaço. Informações preliminares passadas por testemunhas do incidente dão conta de que as chamas teriam começado durante um trabalho de soldagem que ocorria na entrada do estabelecimento. O local estava autorizado para promover atividades de alimentação, mas não de clube social, esportivo ou similar, cujos pedidos para funcionamento aguardavam estudos dos órgãos competentes.

O fogo começou por volta das 10h30. Durante duas horas, o Corpo de Bombeiros combateu as chamas, até iniciar o processo de rescaldo para extinguir possíveis novos focos de incêndio. Ninguém ficou ferido. Funcionários do complexo, que pediram para não ter os nomes divulgados, relataram que o incidente começou perto da recepção do restaurante, fora do horário de recebimento do público. "Não tinha nada aberto. Estavam só os trabalhadores da limpeza. Não era muita gente", disse uma testemunha. As equipes cuidavam do carpete quando ouviram alertas sobre a situação. "Um rapaz começou a gritar depois de escutar estalos. Outro passou berrando: 'Olha o fogo!', 'Olha o fogo!'", completou.

Depois do aviso de incêndio, os funcionários tentaram controlar a situação com extintores. Uma das testemunhas acrescentou que dois dos aparelhos não estavam com a carga total e, como os equipamentos não davam conta, os empregados recorreram a baldes d'água. "Pelo que vi, tem um (extintor) em todos os cantos. Mas peguei dois que estavam pela metade. E eles eram novos", ressaltou um entrevistado.

As equipes dos bombeiros chegaram e conseguiram esvaziar o local. Apesar dos relatos sobre o serviço de solda, os militares não confirmaram a informação, porque não encontraram a máquina nem a pessoa que, supostamente, operava o item. "Não sabemos a causa exata. Só depois da perícia e com o laudo concluído é que vamos determinar o fator predominante do princípio do incêndio. E o documento só fica pronto no prazo de 30 dias", comunicou a corporação, em nota.

Licenças

Consultada pela reportagem, a Administração Regional do Plano Piloto informou que não havia licenciado o espaço ou a estrutura do complexo para realização de eventos. A Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) detalhou que, na Rede Sim DF — sistema que detalha a situação das empresas —, consta que o local tem autorização apenas para atividades de "restaurante e similar", com permissão para execução de música ao vivo mecanizada ou eletrônica. Enquanto isso, a atividade de clube social, esportivo ou similar estava sob avaliação da Defesa Civil e aguardava envio para a Vigilância Sanitária.

Por meio de nota, o Complexo Maaya ressaltou que toda a documentação estava regular. "Cumpre-nos esclarecer que a empresa tem, sim, todas as licenças e alvarás necessários à realização de atividades comerciais, inclusive a de apresentações artísticas e musicais", destacou o texto. Além disso, os responsáveis pela empresa lembram que a palha e a madeira usadas na estrutura do espaço passaram por tratamento especializado antichamas. "Hoje (ontem) é um dia de grande tristeza. São milhares de empregos diretos e indiretos que vamos deixar de gerar por um tempo. Por isso, pedimos, encarecidamente, que esperem um pouco, e, em breve, traremos alternativas. (...) Voltaremos ainda mais incríveis, para proporcionar novas experiências únicas a todos vocês", pontuou o documento.

Fiscalização

A DF Legal salientou que promove fiscalizações do alvará de funcionamento dos estabelecimentos frequentemente e que o controle permanecerá neste fim de ano. Mais de 25 mil deles receberam ações das equipes de vistoria, segundo a pasta.

O trabalho envolve a divisão dos seis grupos de fiscais entre três turnos e diferentes áreas. Ao visitarem um estabelecimento e pedir a autorização de funcionamento, os integrantes das equipes de fiscalização verificam se o espaço pode abrir e se está liberado para ter música ao vivo ou eletrônica. Caso alguma documentação esteja indisponível ou irregular, os responsáveis pelo local podem ser multados, notificados ou ter o comércio interditado, a depender do caso.

*Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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