À QUEIMA-ROUPA

Correio Braziliense
postado em 26/12/2021 00:01

O agressivo e preocupante
avanço da ômicron por todo o mundo nos levará à estaca zero no combate à pandemia?

Certamente, não nos levará à estaca zero, em especial porque há muita gente vacinada. Entretanto, é provável que os números de casos, internações e mortes voltem a subir de forma preocupante.

Nesse sentido, o que podemos esperar para o início de 2022?

Ainda há um número grande de pessoas não vacinadas, particularmente crianças, o que pode manter uma circulação ampla do vírus. A disseminação de uma variante mais transmissível, que escapa mais do controle vacinal do que as outras, aliada às aglomerações e viagens de fim de ano aumenta a chance de que voltemos a ver um aumento de casos, com as trágicas consequências que já conhecemos. Caso o governo pare de resistir e se apresse para vacinar as crianças, pode haver um controle
melhor da doença.

O que cabe ao poder público
para evitar uma situação como vimos nos períodos de pico
de casos da covid-19?

Em primeiro lugar, garantir que todos os elegíveis, incluindo as crianças, recebam o esquema vacinal completo. Para frequência a locais de trabalho, estabelecimentos de ensino e para viagens, deveria ser exigido o comprovante de vacinação. As medidas de distanciamento físico devem ser retomadas. Eventos que aglomeram pessoas, mesmo em lugares abertos, devem se manter suspensos. O uso de máscaras de boa qualidade, com as devidas orientações, deve ser exigido. Atividades em locais fechados que não possam ser interrompidas devem ser realizadas com ventilação adequada. Deveria ser dado acesso rápido para as pessoas, mesmo que não tenham sintomas, aos testes, principalmente os rápidos e autotestes. E são imprescindíveis campanhas de comunicação amplas sobre vacinas e as precauções.

E o que cabe à população?

Além de cobrar dos governos as medidas mencionadas, as pessoas devem se empenhar em segui-las e manter os cuidados com distanciamento físico, vacinação e uso de máscaras. Quem tiver qualquer sintoma ou contato próximo com alguém com sintomas deve se isolar voluntariamente, para não transmitir o vírus.

Existe algum motivo para proibição da vacinação de crianças contra a covid-19?

As vacinas disponíveis são extremamente seguras, podem e devem ser administradas em todas as crianças da faixa etária aprovada pela Anvisa. O risco de adoecer é muito maior.

Quanto à nova cepa do vírus influenza, que começou a circular antes de termos a versão "atualizada" da vacina contra a gripe: devemos nos preocupar?

A gripe costuma ser subestimada pelas pessoas, embora cause internações e mortes todos os anos, principalmente de crianças pequenas, idosos e pessoas que têm doenças crônicas. Os cuidados que previnem a covid-19 também funcionam para a influenza,
cujas formas de transmissão
são semelhantes.

O que contribuiu para o surgimento das novas
variantes dos dois vírus?

São dinâmicas diferentes. As variantes do Sars-CoV-2 surgem como resultado da quantidade de pessoas doentes em um intervalo de tempo. Mais transmissão significa mais chance de mutação do vírus. Já os vírus de gripe também sofrem mutações, mas a velocidade é menor. A pandemia e as medidas de prevenção provocaram mudanças na ocorrência de doenças respiratórias virais, trazendo uma epidemia
fora da época habitual.

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