Pesquisadores fazem alerta sobre cenários com ômicron no DF

Correio Braziliense
postado em 26/12/2021 00:01

Os brasilienses esperavam um momento de alívio neste fim de ano, diante do acesso de mais de 82% da população com mais de 12 anos às duas doses de vacinas contra a covid-19, no Distrito Federal. O que ninguém planejava, contudo, era ter um novo motivo para se preocupar, devido ao avanço da variante ômicron. Estimativas calculadas a pedido do Correio pelo pesquisador Breno Adaid, do Centro Universitário Iesb e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB), apontam uma média diária de, aproximadamente, 4 mil novos casos por dia a partir da segunda metade de janeiro. Atualmente, ela encontra-se abaixo de 100.

Possibilidades

O dado representa um cenário pessimista, mas Breno lembra que, em países onde a variante se disseminou, os registros têm dobrado a cada dois dias, em média. Na melhor das hipóteses, o DF teria números semelhantes aos da primeira onda, entre junho e setembro de 2020, só que com 40% das internações do período — o que não causaria outro colapso da saúde. "A estratégia está clara e sendo usada lá fora, que é adiantar a dose de reforço. Quanto mais gente vacinada com a terceira aplicação, menor será o impacto (da variante). A boa notícia é que as mortes não aumentam na mesma proporção", completa.

Um porém

Breno lembra que o prognóstico só poderá se comprovar — para o bem ou para o mal — se houver ampla testagem da população, independentemente de terem sintomas ou não. Ele destaca que essa é a única maneira de os brasilienses e o poder público acompanharem, de fato, o avanço da variante.
No DF, a medida ainda deixa a desejar.

Um retrato do
acesso à alimentação

Um estudo sobre desigualdade e políticas sociais divulgado recentemente mostrou como a covid-19 impactou o Distrito Federal socioeconomicamente. A pesquisa revela que quase metade dos brasilienses (49,9%) enfrenta algum nível de insegurança alimentar — leve, moderada ou grave. Ao mesmo tempo, a taxa de pessoas em situação de
segurança na capital do país (50,1%) ficou acima do resultado nacional
mais recente: 40,6%, em 2020.


Comida saudável

Entre os resultados apresentados, há situações previsíveis: a insegurança alimentar afetou, principalmente, pessoas de regiões onde prevalecem rendas mais baixas; mulheres; grupos com pouca escolaridade; brasilienses desempregados e que perderam renda; além de pessoas não brancas. Ainda: 60% da população nessa condição em nível grave come até três tipos de itens saudáveis diariamente, enquanto 17% nunca os consome.

Alcance de políticas públicas

O levantamento elaborado pelo Projeto ObservaDF ressalta, também, que 51% dos moradores da capital federal que recebem o Auxílio Emergencial estão em situação de insegurança alimentar grave. Porém, o programa é apontado como o único com efeito atenuador da condição para os mais pobres, em virtude da ampla cobertura — como deveria ser para políticas desse tipo.

Definição

"O conceito de segurança alimentar e nutricional no Brasil é definido pela Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional de 2006. É a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais", explica Lúcio Rennó, do ObservaDF — vinculado ao Instituto de Ciência Política
da Universidade de Brasília (UnB) e ao programa de
pós-graduação na área pela instituição de ensino.

NO DETALHE

Da população do DF em situação
de insegurança alimentar grave:

43%

Comem em restaurantes comunitários

30%

Recebem o Bolsa Família

19%

Fazem parte do programa Prato Cheio

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