Cratera na Chapada

Risco de novos deslizamentos

Pousadas temem fechar 2021 sem hóspedes. Trecho da rodovia GO-118 que permite acesso aos municípios de Cavalcante e Teresina de Goiás está parcialmente liberado. Hoje, concessionária responsável pela via deve começar obra do desvio

Samara Schwingel
postado em 27/12/2021 00:01
 (crédito:  Reprodução Rede Sociais)
(crédito: Reprodução Rede Sociais)

A cratera aberta na rodovia GO-118, que dá acesso aos municípios goianos de Teresina e Cavalcante, pode prejudicar o comércio e o turismo dessas cidades na Chapada dos Veadeiros. Donos de pousadas estão cancelando ou adiando as reservas que estavam certas para o réveillon, por medo de o desvio não ficar pronto a tempo, e devem fechar 2021 sem hóspedes. Ontem, engenheiros da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), concessionária responsável pela via, estiveram no local. A passagem de veículos está parcialmente liberada para carros leves e automóveis de emergência. Há riscos de desabamento do resto da estrutura, e a recomendação é de que os motoristas evitem o trecho.  

Por meio de nota, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) informa que uma pista de desvio deve começar a ser construída na via hoje. "A equipe de manutenção está mobilizando os equipamentos necessários para executar as obras de abertura de uma pista na lateral da GO-118, no trecho em interdição, para ser utilizada como desvio durante a correção da erosão", explica a agência. Segundo a Goinfra, os sinais de alerta no local serão expandidos. "Quanto à sinalização, está próxima ao local, mas estamos providenciando a ampliação da alerta nas saídas dos municípios de Alto Paraíso, Teresina, Montes Claros e Campos Belos", adianta o texto. 

Próxima à fazenda Quali Peixe, a 25km de Teresina de Goiás, município distante 60km de Alto Paraíso e 22km de Cavalcante, a cratera se abriu na via que faz parte do trajeto entre Brasília e Cavalcante. O caminho de Brasília a Alto Paraíso, São Jorge, São João d'Aliança e Colinas não foi afetado pelo enorme buraco, e os trechos seguem sem incidentes. Flávio Lopes, 70 anos, mora e administra uma pousada em Cavalcante há 31 anos. Ele conta que todas as 16 suítes do estabelecimento estão reservadas para o réveillon. Porém, com o ocorrido, o empresário não sabe se vai ter condições de receber os hóspedes. "Tenho até o dia 28 (amanhã) para definir. Até então, não cancelei nada", revela. 

Flávio comenta que é a primeira vez que vê algo do tipo. "Estamos ilhados. Outras estradas que poderiam ser um possível desvio estão perigosas. São de terra e, com as chuvas, pontes caíram, estão cheias de lama, buracos", lamenta. Flávio acredita que o estrago será reparado, mas avalia que as chuvas serão um empecilho. "Se as tempestades continuarem, não vai ter jeito. Vai ficar impossível de recebermos hóspedes por um bom tempo", desabafa. 

Adiamento 

Enquanto uns têm esperança de conserto da via a tempo para o fim de ano, outros tomaram providências o quanto antes. Alessandra dos Santos, 41, é gerente de uma pousada também em Cavalcante. Operando com quatro chalés, assim que soube do ocorrido, ligou para os clientes, a fim de remarcar as diárias. "Vai ser um prejuízo muito grande. Ano novo costuma ser movimentado por aqui. Tanto que fechamos no Natal e deixamos para trabalhar no réveillon", comenta. 

Alessandra destaca outro agravante: a pandemia da covid-19. Este fim de ano seria quando a posada voltaria a receber hóspedes, desde o início da crise sanitária. "Vamos ter que lidar com o prejuízo. Ficamos mais de um ano fechados, sem operar. Agora, quando voltamos, acontece isso. Aguentamos por tanto tempo, acho que conseguimos segurar as contas mais um pouco", afirma a gestora. 

Avaliação 

Em comunicado nas redes sociais, a Goinfra afirma que a erosão foi causada pelas fortes chuvas dos últimos dias, e que o local está sinalizado com o Comando de Policiamento Rodoviário (CPR) presente orientando os motoristas. "A equipe de manutenção está mobilizando os equipamentos necessários para executar as obras de abertura de uma pista na lateral da GO-118, no trecho em interdição, para ser utilizada como desvio durante a correção da erosão", diz a nota. 

Valtenes Resende, diretor de Turismo de Teresina, afirma que as autoridades dos municípios afetados estão unidas a fim de resolver o problema o quanto antes. "Porém, ainda não temos nada de concreto sobre o desvio", diz. 

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