TRIPLO HOMICÍDIO /

Moradores de Abadiânia e região temem foragido acusado de triplo homicídio

Acusado de matar três pessoas em Corumbá, Wanderson está foragido há cinco dias. Na lista de crimes dele, consta a morte de um taxista, em 2020, em MG. Escola próxima a Abadiânia suspendeu aulas

As buscas por Wanderson Mota Protácio, 21 anos, acusado de matar três pessoas em Corumbá de Goiás, entram no quinto dia consecutivo. Enquanto o homem não é encontrado, o clima de medo aumenta entre os moradores de Abadiânia, cidade onde ele foi visto pela última vez, e em outros municípios próximos por onde as buscas se estendem. Uma escola próxima à Abadiânia chegou a suspender as aulas presenciais hoje. Mais de 70 agentes de forças de segurança de Goiás à procura de Wanderson.  

Em Abadiânia, Nathalya Gomes, 19 anos, estudante e moradora da cidade, conta que evita sair de casa. "A polícia está ajudando, mas ainda há todos os perigos. Eu só saio de casa quando preciso", confessa. O avô de Nathalya mora na área rural, mas a família deixou de visitar a chácara para evitar riscos. Para alívio dos moradores, pode ser que o foco das buscas mude de local. Isso porque Wanderson teria pegado carona de moto com um rapaz em um trecho que liga Abadiânia à Gameleira, município com pouco mais de 3 mil habitantes e distante cerca de 64km de Abadiânia.

Na manhã de ontem, um motociclista saía da fazenda e, ao fechar a porteira, se deparou com o foragido, mas não desconfiou que tratava-se dele. O suspeito estava no meio da estrada. O fazendeiro perguntou para onde ele iria e Wanderson disse: "Por aí". Ele subiu na garupa da moto e, no caminho, o motociclista reparou semelhanças com o foragido.

Wanderson teria ficado próximo a Gameleira. Policiais, então, estenderam as buscas para o município goiano. A diretora da escola municipal Fleury Adrião de Siqueira, no distrito de Mocambinho, decidiu interromper as atividades presenciais. Segundo a Prefeitura local e a Secretaria de Educação, hoje haverá apenas aulas on-line, por causa da insegurança decorrente das operações realizadas na região.

O medo é legítimo. Um outro crime de Wanderson veio à tona. Em 2020, ele matou um taxista em São Gotardo (MG), a quase 550km de distância de Brasília. A vítima era Maurício Lopes Mariano, 25. O acusado teve ajuda de dois menores de idade e um adulto, segundo o boletim de ocorrência do caso. A intenção era roubar o carro e deixar o taxista no local, mas Wanderson decidiu voltar até o condutor e desferir 18 golpes de faca nas costas, sendo seis vezes do lado esquerdo e cinco do lado direito. A vítima teve mais dois cortes na cabeça e uma lesão na parte frontal.

Ida à igreja 

Após cometer três assassinato em Corumbá de Goiás, no último domingo — ele matou a namorada, Rariane Aranha, 19 anos, a enteada, Geysa, 2, e o fazendeiro Roberto Clemente de Matos, 73 — Wanderson visitou uma igreja em Alexânia, cidade para onde fugiu. O pastor Reginaldo Santos contou que o criminoso sentou nos últimos bancos da igreja, por volta de 20h40, quando o culto já havia terminado. "Ele chegou meio perturbado. Eu disse que ele precisava procurar Deus para a vida dele. Perguntei onde ele estava morando e falei para procurar uma igreja que ficasse perto para congregar", detalha o religioso.

Além dos moradores das cidades pelas quais Wanderson passa, os familiares do foragido temem pela própria segurança. "Temos medo dele fazer alguma coisa com a gente, ou alguém com raiva dele querer fazer algo", relatou uma prima distante do homem. A jovem detalhou que o contato entre os dois era raro, e que eles se viam poucas vezes. "Somos muito distantes. Mas todo mundo da família comenta que ele sempre foi muito agitado, não parava quieto. Saiu do Maranhão sem ninguém de lá gostar dele, devido a uma confusão", conta.

Depois de cometer os assassinatos no domingo, Wanderson tentou contato com alguns familiares, mas até então, nenhum deles sabia do crime ocorrido. "Agora, o pai dele (Wanderson) disse que o caso está nas mãos da Justiça. Ele meio que já lavou as mãos. Já fez de tudo que podia. O pai dele já está esgotado. A gente nem sabe mais o que pensar porque preso ele já foi outras vezes, mas depois sai e faz pior", pondera a jovem, que preferiu não se identificar.

 

*Estagiário sob a supervisão de Adson Boaventura