Vencemos! (?)

Correio Braziliense
postado em 01/01/2022 00:01
 (crédito: FaiaraAssis/Divulgacao)
(crédito: FaiaraAssis/Divulgacao)

Escrevi parte deste texto no fim do ano passado, na expectativa de sobreviver e ver o fim da pandemia. Tomei umas doses de vacina e ainda estou por aqui. Não cantarei vitória antes da hora (vai que algum deus do tempo fica chateado comigo). Mas para emanar um 2022 melhor, achei oportuno destinar esta crônica como uma mensagem de ano novo.

Creio que em breve venceremos a pandemia. Antes, a vacina era uma realidade distante. Aos poucos — muito aos poucos, especialmente no Brasil — a esperança surgiu com a imunização. Espero que essas palavras sejam um presságio de dias melhores, e não a água no chope da vitória.

Imaginem que seremos marcados por vencer uma guerra sem nenhum tiro. O inimigo era invisível. Mas, morremos em proporções de grandes conflitos armados. Tivemos milhares de valas comuns, como na África ou na Bósnia, se for para ter a memória fresca. Pela política e pelo negacionismo, nos separamos até mesmo de entes queridos; quase que um Muro de Berlim imaginário. 

Nos separamos para seguir em frente. Ironicamente, os que foram contra o isolamento não foram oprimidos em luta pela liberdade, mas sim os alheios à ciência e ao conhecimento. Coisas da história, o grande pêndulo que ri de nossas caras.

Sem querer, alguns travaram guerra com si próprio; a guerra psicológica, da solitária e do medo. Muitos viveram a batalha do desespero, de não ter dinheiro, de não ter o que comer. E milhares perderam a luta para o inimigo comum, a porra do vírus incapaz de ser visto a olho nu.

Quem não morreu, saiu fortalecido, lembrando aquela ideia batida, porém nunca esquecida, do filósofo pop alemão. Quem não caiu, saiu com traumas, lembranças ruins e lágrimas. Mas com lições de humanidade e de superação — é o que eu espero, pelo menos.

Sobrevivemos! (?). Como deveria ser, como toda história da humanidade. Contaremos para as futuras gerações que superamos as expectativas de vida, mais uma vez, apesar de muitos conflitos, principalmente de ideias. Milhares de guerreiros caíram, mas vencemos (ou venceremos) no fim. O coronavírus chegou agora e já quer sentar na janela? Depois da peste negra, de genocídios, de guerras mundiais e bombas nucleares? Vai se fu*#&, covid!

Que a vitória seja alcançada definitivamente em breve. Mas que essa guerra faça com que fiquemos sempre alerta. Que nossas máscaras atuais não mudem para aquelas utilizadas durante o medo nuclear. E que caiam as máscaras de quem tiver de cair, no momento certo.

Feliz ano velho ou feliz esperança de um 2022 melhor. Se não for, lembremos que no fim é tudo cíclico e que um dia a gente morre. Mas ainda não chegou a nossa vez. Quando chegar, espero que todos partam realizados e tranquilos. Até lá, venceremos. Urá!

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