O futuro é feito de escolhas

Correio Braziliense
postado em 02/01/2022 00:01

"A cigana leu o meu destino, eu sonhei/ Bola de cristal, jogo de búzios, cartomante/ Eu sempre perguntei/ O que será o amanhã/ Como vai ser o meu destino." Este é um trecho do samba-enredo O amanhã, de 1978, da Ilha do Governador — escola do meu coração —, que entrou para a história dos carnavais. A escola terminou em quarto lugar na disputa daquele ano, mas a música conquistou o país. E por que? Fácil responder. O ser humano, desde os primórdios da civilização, é apaixonado por previsões.

Eu também sou um desses fãs dessas previsões. Chega o fim do ano, torço pelas entrevistas com astrólogos, tarólogos, cartomantes e outros adivinhos de plantão. Se eu acredito? Às vezes... Mas reconheço que tudo isso mexe com a cabeça e a imaginação de todo mundo. Ninguém é cético o bastante para ignorar o tema. Saber se o Flamengo será campeão (e será!), quem vai ganhar as eleições, quais artistas vão brilhar, quais vão sofrer revezes... Há os videntes que cravam a morte de pessoas famosas e tragédias. Esse tipo de adivinhação acho desnecessária e de mau gosto, mas sei que têm popularidade.

Certa vez fui abordado na rua por uma senhora que pediu para ler minha mão. Faz tempo, há mais de 30 anos, na Rodoviária do Plano Piloto. Recusei a oferta, mas ela insistiu. Nem dinheiro eu tinha, e me afastei. Mesmo assim, ela fez uma previsão, certeira, sobre minha vida e que me influencia até hoje. Chute? Provavelmente. Mas levo esse fato comigo.

Os videntes e os adivinhos estão na história da humanidade. O francês Nostradamus virou um ícone, uma lenda. E olha que ninguém tem muita certeza do que ele escreveu e muito menos se acertou algo. Centenas surgiram na esteira dele. Hoje, se multiplicaram. Estão no rádio, na TV, na internet, em anúncios nos pontos de ônibus e espalhados por todo o mundo. Saber como anda a sorte e tentar antecipar o futuro está ao alcance de todos.

Há curiosidade por previsões. Os horóscopos estão sempre entre as sessões mais acessadas nos meios de comunicação. A astrologia tem milhões de adeptos e conquistou grandeza extrema. Atire a primeira pedra aquele que nunca deu uma espiadinha na penúltima página do Correio!

E o início do ano é tempo de previsões. Elas estão em toda parte. Nosso destino apareceu no tarô, nos astros e nos búzios. É lugar comum dizer, "mas a sorte está lançada". Só que quem decide o futuro e o destino, sempre, somos nós. A vidente da Rodoviária acertou os rumos da minha vida, mas as escolhas dos caminhos foram feitas por mim. Estamos em um ano de escolhas importantíssimas. Há muitas estradas a seguir. Independentemente das previsões, precisamos ter sabedoria para decidir o melhor. Um bom domingo, e um feliz 2022!

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