"Loki, Loki… quanto trabalho você nos deu hoje, hein, menina?!", escreveu o Zoológico de Brasília em uma rede social após o susto de ontem. A suçuarana, batizada com o nome do deus nórdico da trapaça, de quatro anos, criada desde os seis meses no Zoológico de Brasília, fugiu do recinto em que estava e foi avistada às 9h da manhã por um visitante. A situação causou a evacuação do zoo e a necessidade de uma força-tarefa para a captura do animal.
Ao todo, 19 visitantes foram retirados das imediações do Zoológico para a busca do felino. Uma missão foi organizada em um trabalho conjunto entre a equipe técnica do Zoo e a Policia Militar Ambiental a partir da notícia de que o animal estava solto no local. A recaptura aconteceu às 15h. Mesmo com a fuga, o Zoológico fez questão de salientar que a suçuarana é mansa e está habituada com os funcionários do espaço.
"Graças ao esforço coletivo de vigilantes, brigadistas, biólogos, veterinários, zootecnistas, policias e, principalmente, cuidadores de animais, a captura ocorreu com sucesso sem nenhuma intercorrência", publicou o Zoológico nas redes sociais. A equipe usou dardos tranquilizantes e redes para recolocar a onça no local em que vive nos últimos três anos e meio.
Durante todo o processo, desde a notícia que a suçuarana havia fugido até o fim da operação, o animal esteve dentro das imediações do Zoológico. "Sem oferecer qualquer tipo de ameaça para a população do Distrito Federal", postou o Zoo na própria conta do Instagram.
Segundo o zoológico, esta é uma situação inusitada. Foi confirmado, em nota à imprensa, que o recinto não tem histórico de fuga de felinos. "Trata-se de um espaço que abrigava felinos de grande porte há mais de 20 anos", pontuou o Zoo em nota. "A diretoria vai investigar para saber o que causou a fuga do animal e tomará as medidas necessárias cabíveis", completou.
Conhecendo a Loki
Suçuarana, também conhecida como puma ou onça-parda, é um felino encontrado desde o Canadá até o sul da America do Sul (Patagonia). No Brasil, há incidência em todos os biomas (cerrado, caatinga, Amazônia, pantanal, mata atlântica e pampas)", explica André Mendonça, doutor em zoologia e professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB). Estudos da bióloga, mestre em zoologia e doutora em ecologia Carolina Carvalho Cheida detalham o animal. "A onça-parda é considerada um mamífero de grande porte, o peso dela pode variar de 22 a 70kg, e o comprimento total de 1,55 a 1,69m", descreve André, em citação a Cheida. Loki não esta é entre os maiores exemplares da espécie.
De acordo com o biólogo, a onça-parda carrega algumas curiosidades. "Um fato interessante é que ela não ruge como leão, tigre ou onça-pintada, mas mia como os nossos gatos de casa", conta o especialista. Outro fator aproxima a suçuarana dos gatos domésticos. "Na natureza, ela arranha árvores, como nossos gatos de casa arranham os sofás, para marcar o seu território", completa André Mendonça.
De acordo com o professor, um fato que pode ter ajudado na captura da Loki é a criação dela ter sido majoritariamente dentro do zoológico. "A vida em cativeiro faz com que esse indivíduo tenha menos medo das pessoas e seja mais manso. Isso é uma coisa que impediria o animal de ser solto na natureza", explicita.
André exaltou todo o papel do Zoológico no cuidado, não só da suçuarana em questão, como de todos os animais. "Queria destacar a importância dos zoológicos na conservação das espécies em extinção e na educação ambiental da população. Normalmente, os animais estão alocados em bons recintos, com o acompanhamento de biólogos e veterinários especializados", comenta o especialista. "Assim, quando visitarem o Zoológico de Brasília, tentem olhar com outros olhos, pois são muito importantes para conservarmos as nossas espécies de animais", finaliza o professor.
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Grandes felinos
Além da Loki, o zoológico de Brasília possui mais seis onças. Três delas também são pardas e atendem pelos nomes de Cristal, Nala e Fred. Outras três são pintadas, animal considerado o maior felino da América do Sul, e são uma família, formada pela mãe Pet, e os filhos Peter e George.