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Pesquisa da UnB busca identificar a incidência de covid-19 na Papuda

Primeira etapa do estudo mostrou alta incidência: cerca de 80,7% dos presos tiveram covid-19. Na segunda etapa, o objetivo é identificar os casos antes que cheguem à unidade penitenciária

Bruna Lessa*
postado em 01/02/2022 14:29
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

Um estudo da Universidade de Brasília (UnB) identificou a alta prevalência de covid-19, cerca de 80,7%, entre internos do Complexo Penitenciário da Papuda. Para a realização da pesquisa, 460 pessoas foram testadas entre os meses de junho e julho de 2020 e agora ela chega a uma nova fase, em que serão feitos testes no Centro de Detenção Provisória (CDP), no complexo da Polícia Civil.

A pesquisa tem como objetivo entender como funciona a transmissão do vírus na população privada de liberdade, que, de acordo com o coordenador do estudo, o professor Wildo Navegantes, tem caraterísticas próprias. Tendo em vista a menor possibilidade de distanciamento social, a alta umidade das celas, baixa luminosidade e o baixo nível educacional fazem com que a adesão de medidas de controle seja mais difícil.

A etapa de testagens no CDP deve durar cerca de quatro meses, com início agora em fevereiro, e tem a expectativa de realizar entre 640 e 1.280 testes em ingressantes do CDP que seguirão para a Papuda após audiência de custódia. “Agora, ele (o projeto) diz respeito a uma tentativa de identificar novos casos, ou seja, de pessoas que ainda vão chegar na Papuda”, pontua Wildo.

Ainda segundo o professor, o grupo de pesquisa está tentando empreender um trabalho junto à secretaria de atenção penitenciária para entender a dinâmica da transmissão, principalmente agora, diante da emergência relacionada à variante ômicron.

Na primeira etapa do estudo, também foram avaliados os tipos de testes utilizados para diagnosticar a covid-19. O teste rápido se mostrou menos sensível que o teste de laboratório (quimioluminescência) conseguindo identificar apenas 52% dos casos.

Por que o grupo de pessoas privadas de liberdade?

Wildo destacou que o grupo escolhido é historicamente uma população que sofre desproporcionalmente, do ponto de vista do acesso à oferta do serviço de saúde como um todo. “Isso não é um fenômeno do DF, é histórico, em vários lugares. Sabemos que, no Brasil, em particular, a população privada de liberdade tem origem no tecido social brasileiro tradicionalmente em pessoas do sexo masculino, jovens, de baixa renda e de baixo nível educacional”, completa.

Disso surgiu o interesse em identificar o processo de transmissão do vírus nessa população, com auxílio de uma ferramenta já utilizada pelos pesquisadores para diagnosticar tuberculose, porque dentro do sistema prisional há uma maior incidência. “Então, como a gente tem um trabalho histórico com um grupo de pesquisas que estuda também tuberculose, percebemos que ali tinha uma lacuna de conhecimento”, disse o professor.

 

 

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