PANDEMIA

Descaso quanto ao uso de máscaras compromete combate à pandemia no DF

Enquanto o Distrito Federal vê avançarem os casos da covid-19 e a taxa de ocupação de leitos em UTI, brasilienses abrem mão de uma das principais medidas não farmacológicas de proteção contra a doença. Em janeiro, fiscalização aplicou só seis multas

Ana Isabel Mansur
Marilene Almeida*
postado em 10/02/2022 06:00
Reportagem flagrou pessoas sem o item facial em locais de grande movimentação -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
Reportagem flagrou pessoas sem o item facial em locais de grande movimentação - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Apesar da alta dos números da pandemia da covid-19 no Distrito Federal, alguns brasilienses insistem em não se proteger contra a doença. Nessa quarta-feira (9/2), a reportagem percorreu locais com grande circulação de pessoas na área central de Brasília e flagrou, em pouco tempo, ao menos 100 pessoas sem máscara. A taxa de transmissão do novo coronavírus encontra-se acima de 1 desde 3 de janeiro, o que indica avanço da propagação do Sars-CoV-2. O indicador encontra-se em 1,26 — o que significa que cada grupo de 100 infectados pode transmitir a doença para, em média, outros 126 indivíduos.

Enquanto passeava com o cachorro no Parque da Cidade, a aposentada Fátima Costa, 56 anos, sentiu-se insegura perto de pessoas que não usavam máscara. "Tomei as três doses da vacina. Mas, quando vejo alguém sem o item, tenho vontade de pedir para que o coloquem, pois isso me afeta. Só que tenho receio, pois, hoje, há muita gente com os ânimos exaltados", desabafa a moradora da Asa Norte. A universitária Ester Valente, 21, conta que também apoia a continuidade das medidas sanitárias: "Uso máscara praticamente 100% do tempo e evito lugares fechados, até porque, se olharmos ao redor, a cada 100 pessoas, 20 estão com a máscara".

Segundo a mais recente atualização de dados da Secretaria de Saúde (SES-DF), 79% dos moradores da capital federal com mais de 5 anos completaram o esquema vacinal contra a covid-19. Mesmo assim, a recomendação é pela continuidade do uso de máscaras, para evitar que o vírus continue a se espalhar e, eventualmente, sofrer mutações.

A fiscalização do uso do item de proteção no Distrito Federal começou em 23 de março de 2020. No último dia 19, ela voltou a ser exigida em ambientes abertos e fechados. Principal responsável pela supervisão do cumprimento da medida, a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) aplicou 943 multas por desrespeito à norma entre 23 de março de 2020 e domingo.

No mesmo período, outros órgãos do Executivo local registraram 69 ocorrências desse tipo. Assim, a média mensal total de infrações notificadas ficou em 44. Entretanto, em janeiro, quando a capital federal viu a chegada de mais uma onda da covid-19, a quantidade de multas aplicadas pela DF Legal não passou de seis.

Em resposta ao Correio, a pasta informou que continua a supervisionar o uso de máscaras "em estabelecimentos comerciais, com aplicação de multa de R$ 2 mil para pessoas físicas e de R$ 4 mil para pessoas jurídica". "O trabalho de combate à covid-19 ocorre de domingo a domingo, incluindo feriados, das 8h às 2h, com seis equipes por turno", enfatizou a DF Legal, em nota.

Registros

Enquanto isso, a taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTI) para adultos com covid-19 chegou a 93,3% na rede pública e a 80,7% nos hospitais particulares, ontem. E, de terça para quarta-feira, a SES-DF confirmou mais 4.924 casos da doença e 13 mortes em decorrência da infecção. Os novos registros levaram o total de diagnósticos positivos para 649.550, e o número de vítimas para 11.256.

Depois de 44 dias em alta, a média móvel semanal de infectados entrou em estabilidade ontem, com valor 3% inferior ao verificado 14 dias atrás. Quando essa variação é inferior a 15%, para mais ou para menos, o número de registros é considerado estável. Quanto ao indicador referente às mortes, a trajetória é de alta há 23 dias. Nessa quarta-feira, o resultado da soma de óbitos dos últimos sete dias dividido por sete ficou em 11,8 — o maior do ano —, 247% acima do dado de duas semanas antes. 

*Estagiária sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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