SELO CORONOVAVIRUS

GDF estuda flexibilizar restrições

Governador Ibaneis Rocha (MDB) ressalta que o objetivo é acompanhar a taxa de transmissão do vírus na capital e a ocupação de leitos de UTI para criar um planejamento de retomada. Secretaria de Saúde registrou mais de 2 mil novos casos da covid-19, ontem

ANA MARIA POL ARTHUR DE SOUZA EDIS HENRIQUE PERES
postado em 17/02/2022 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Prevendo uma melhora no quadro pandêmico da covid-19 no Distrito Federal, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), informou, ontem, que estuda flexibilizar parte das medidas restritivas impostas ao público na capital federal. O chefe do Executivo local explicou que o objetivo inicial é acompanhar a taxa de transmissão do vírus e a ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) para criar um planejamento de retomada. "O resultado está acontecendo, a taxa de transmissão está diminuindo, e a gente espera, em breve, anunciar para todos vocês, a redução das medidas restritivas", destacou, durante uma agenda, em Santa Maria.

Questionado quanto a situação do setor de eventos no DF, que sofre com a suspensão das atividades, Ibaneis reiterou que a retomada da economia na capital será feita com segurança. "Sabemos que, no momento certo, isso vai ser feito, não é vontade minha encerrar com os eventos, a gente faz por uma necessidade", disse. Quanto a existência de algum planejamento para a redução das restrições, Ibaneis disse que "é preciso, primeiramente, ter uma quantidade de leitos que atenda a população com satisfação e uma redução na taxa de transmissão. A diminuição da taxa já vem acontecendo, e os leitos nós estamos providenciando com a licitação que foi lançada na segunda-feria pela Secretaria de Saúde (SES-DF). A gente espera, em breve, ter novidades para esse setor", ressaltou.

De acordo com a atualização mais recente do Painel da covid-19, a ocupação de leitos de UTI-covid na rede pública de saúde do DF voltou a subir, chegando a 97,27%, na noite de ontem. Dos leitos adultos, 98,91% está com paciente. Vaga pediátrica não há. Das 121 unidades disponíveis na rede pública, 107 estão ocupadas, três estão vagas, sete aguardam liberação, e quatro estão bloqueadas. A taxa de transmissão do novo coronavírus continua em queda, baixando para 1,05. O número demonstra que um grupo de 100 pessoas pode infectar outras 105. Na última terça, o índice era de 1,08.

Nas últimas 24 horas, o DF confirmou 2.030 novos casos da covid-19 e oito mortes em decorrência da doença. Com a atualização, o total de infectados subiu para 666.400, e a capital acumula 11.312 óbitos. A média móvel de infecções está em 3.370, o que representa uma queda de 49% em relação a 14 dias atrás. No entanto, a mediana de óbitos é de 11— aumento de 24% na comparação com o calculado há duas semanas.

Evolução da pandemia

Infectologista do hospital das Forças Armadas (HFA), Hemerson Luz explica que a taxa de transmissão e a ocupação de leitos de UTI são os principais dados usados para acompanhar a evolução da pandemia, por isso, devem ser levadas em consideração no momento de avaliar as medidas restritivas. "Essas taxas são as que demonstram como está sendo o controle da pandemia, uma vez que toda medida de liberação ou restritiva vai ter um impacto nos próximos 15 dias. Essas taxas servem, sim, como orientação e podem ser revestidas depois, de acordo com a resposta", pondera.

De acordo com Hemerson, as medidas devem sempre passar por uma reavaliação. "Nós temos que acompanhar os especialistas, os epidemiologistas, e ter a capacidade de reverter, ou não, dentro dos próximos dias", argumenta. O médico reitera que, independentemente da situação, as propostas de segurança para evitar a proliferação do vírus devem ser mantidas. "Mesmo que seja tomada (a flexibilização), nós temos que levar em conta a testagem em massa, estimular a vacinação e combater a inadimplência vacinal. Essas medidas devem andar em paralelo com os planos de saúde pública", alerta.

Imunização

As vacinas são a melhor forma de controle do avanço da pandemia. Por isso, muitos pais têm recorrido à imunização para garantir a segurança dos filhos. É o caso da balconista Juliana Pereira, 29 anos, moradora do Areal, que levou o filho Enzo Bernardo, 8, para ser imunizado ontem, na UBS 5, em Taguatinga. "Acho muito importante a vacinação, para a segurança das crianças e para vencer a pandemia", defende. Há três meses, o esposo de Juliana contraiu covid-19. "Eu estava no nono mês de gestação, mas não peguei."

A região, que engloba Águas Claras, Arniqueira, Recanto das Emas, Taguatinga, Samambaia e Vicente Pires, alcançou a marca de um milhão de doses aplicadas durante a campanha. Somente a UBS 5 de Taguatinga, local onde o Enzo foi vacinado, houve mais de 130 mil atendimentos. O local tornou-se referência na campanha de imunização no DF. O esforço em otimizar o atendimento foi o que fez o centro de saúde ser contemplado com o 2º Prêmio Marielle Franco de Direitos Humanos, que tem como intuito reconhecer e valorizar o trabalho de defensoras e defensores de direitos humanos em diversas áreas de atuação.

De acordo com Wellington Antônio da Silva, gerente da unidade, o êxito é motivo de orgulho. "Aqui, fazemos de tudo para que o tempo máximo de espera na fila seja de 15 minutos. Não importa como a fila esteja, vamos pegando os documentos dos pais e adiantando os cadastros. Nosso trabalho, aqui, é facilitar a vacinação dessas crianças, porque cada pai que vai embora sem vacinar pode não voltar", destaca. Hoje, a vacinação continua no DF.

Iniciativas e locais que incentivem a vacinação em massa devem ser valorizados, defende a infectologista Ana Helena Germoglio. "Se a gente olhar em relação aos gráficos e aos estudos que temos disponíveis, sabemos que a vacinação reduz o risco. Uma dose de reforço reduz, em vacinados, o risco de óbito em, pelo menos, 20 vezes", detalha.

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