Entrevista | Fabio Sousa, presidente da Ceasa

DF ganhará um Mercado Central

CB.Agro debate o papel da central de abastecimento durante a pandemia e as ações solidárias de segurança alimentar

Carlos Silva*
postado em 26/02/2022 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Ao CB.Agro — parceria do Correio com a TV Brasília —, o presidente da Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa/DF), Fabio Sousa confirmou a criação de um mercado central em Brasília, além de 10 novas unidades para comerciantes na central. Entre outros temas, foi debatido o papel da Ceasa durante a pandemia e a segurança alimentar dos brasilienses. Na bancada, a entrevista foi conduzida pela jornalista Samanta Sallum.

Como é a movimentação de público na central?

A gente tem uma diversidade enorme de público, tem espaço para todos. Tanto para comercialização, quanto para consumo. Nós temos três grandes dias na Ceasa, que são os de grande movimento, atraindo cerca de 15 mil pessoas na segunda, na quinta e no sábado. Sendo que na segunda-feira é o atacado. O comerciante que vai comprar para revender no sacolão, verdurão, hipermercado ou restaurante. É uma venda em grandes volumes na segunda e na quinta-feira. Geralmente, quem compra na segunda é para manter o seu restaurante até quinta. Temos também o sábado, que é o público do varejo. O varejo são pessoas que vão lá diariamente comprar um quilo, meio quilo, uma dúzia de produtos diversos. Nós queremos ampliar esse consumo com o lançamento do Mercado Central. É uma grande novidade que a gente fala aqui em primeira mão: o lançamento do Mercado Central. A licitação vai acontecer neste ano. Brasília é a capital de um país, a gente não tem um, como os grandes centros, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis. Foi um trabalho de muita pesquisa, uma comissão que montou esse projeto do Mercado Central de Brasília que vai funcionar da Ceasa, se assemelhando não só aos mercados centrais municipais do país, mas de Barcelona e Lisboa, trazendo algo muito moderno, totalmente sustentável. Não será só um ambiente de comercialização de produtos diferenciados, como os outros mercados, mas também um polo gastronômico que Brasília merece.

A licitação já foi divulgada?

Estamos no processo de análise do Tribunal de Contas, finalizamos todos os trâmites processuais, o edital está pronto. Lembrando que não vai ter investimento nenhum do GDF e nem da própria Ceasa, será uma concessão. Então a Ceasa só vai ganhar, porque a empresa que for construir, vai administrar essa concessão e repassará o recurso para a Central. Deixo sempre muito claro, a Ceasa é uma empresa e não recebe recursos do Distrito Federal, tudo que é produzido, tudo que é gasto dentro da Central ou investido é recurso próprio. A gente tem autonomia administrativa e financeira. Assim, a Ceasa é uma empresa, apesar de o GDF ser o sócio majoritário. Não existe recurso público dentro da Ceasa.

E a infraestrutura está sendo melhorada?

Estamos fazendo um grande trabalho nesses 49 anos de criação para que a Ceasa chegue ao seu cinquentenário com a qualidade que ela merece. Estamos trocando toda a iluminação externa do local, com a iluminação moderna de Led. A Ceasa vai ficar muito mais bonita, muito mais iluminada e isso vai trazer  mais segurança. Porque a Central começa a funcionar de madrugada. Às 3h, a gente está lá abrindo, 3h30 e 4h os consumidores e produtores estão lá, no escuro ainda. 

A Central aborda também a questão da segurança alimentar. Como funciona?

Temos programas nessa área, como o banco de alimentos, que atende instituições filantrópicas cadastradas. Essas entidades atendem crianças, adultos e pessoas em situação de vulnerabilidade no Distrito Federal. O governo também adquire alimentos diretos dos produtores rurais. Esse programa tem duas vertentes positivas. Uma é adquirir produtos, por exemplo, da agricultura familiar, gerando renda no campo. Também formamos cestas desses produtos agrícolas e as entregamos para instituições filantrópicas, previamente cadastradas. Durante a pandemia, isso foi de grande importância, porque a gente sabe que várias famílias tiveram uma perda econômica muito grande. A outra vertente é o desperdício zero dentro da Ceasa. A gente trabalha ali com os comerciantes, com os produtores que comercializam dentro da Ceasa para não jogar nada fora e transformar o lixo. Temos uma equipe que recolhe produtos descartados, faz uma seleção e, a partir daí, montamos cestas e distribuímos para essas instituições.

No período da pandemia, com as escolas fechadas, os estudantes precisaram de uma distribuição de cestas com frutas e legumes para as famílias desses alunos. Como isso era feito? 

O governo do Distrito Federal inovou com isso, e a coincidência é que eu estava na gestão da Secretaria de Educação quando a gente trabalhou essa Cesta Verde. Foi uma inovação, e a preocupação do governador Ibaneis Rocha era atender nossos estudantes com alimentação nutritiva e de qualidade. A pandemia atingiu a todos nós, todas as famílias. Esse programa estava fazendo diferença. Era também uma forma de ajudar o produtor, porque ninguém esperava uma pandemia. 

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação