Eu voltei. Voltei para contar sobre descobertas avassaladoras que aconteceram no período de afastamento dedicado aos cuidados com a filha caçula. Sim, agora sou mãe de duas joias raras. Um pouco piegas, admito, um tanto cringe, como gostam de dizer hoje, mas trata-se da mais pura verdade. Assim deveríamos cuidar de nossas crianças sempre. Não é mimo, é respeito. Pela capacidade delas em cada faixa etária e pelo potencial que representam para o mundo inteiro.
Durante o tempo fora, mergulhei nessa experiência inebriante e exaustiva e entrei para o nem tão seleto grupo de pessoas que jamais terão uma noite de sono absolutamente tranquilo na vida. Sei que a insônia desses anos iniciais nem se compara à que virá na adolescência ou mesmo na vida adulta delas, que espero ter o prazer de acompanhar de perto.
Mas também aproveitei os momentos raros de descanso ou daquela necessidade de colinho silencioso para uma soneca de neném e assisti a alguns programas que já se tornaram clássicos dos streamings e a outros menos populares. Aproveitei para compartilhar nas redes algumas impressões a respeito e tomarei a liberdade de revisitar esses textos por aqui, nos contextos adequados, para que o leitor possa também usufruir de uma ou outra dica se achar interessante.
Assistir à série documental A sabedoria do tempo, da Netflix, por exemplo, me fez refletir sobre o amadurecimento que só a idade traz. Permeados por comentários e experiências do papa Francisco, os episódios abordam diferentes temas que, invariavelmente, marcam as vidas de cada ser humano neste planeta. E as mais diferentes gentes, com muitas rotações acumuladas, contam como foi viver aquilo nos próprios tempos. Amor, sonhos, luta, trabalho…
É dessas ideias que você, como jornalista, fica com inveja de não ter tido. Cliquei no título pelo olhar jornalístico, mas embarquei nessa constatação aterradora. As histórias não são fáceis de ouvir e de assistir. Perdas, desencontros, morte e outros desafios. Mas têm a verdade de quem carrega o pesar do mundo com a leveza e a resiliência de um beija-flor.
Achei adequada a citação nesta crônica, pois, como expliquei aos seguidores, e agora compartilho aqui com vocês, queridos leitores, a maternidade me fez ver o quanto os aprendizados que só vêm com o tempo são uma realidade. Meu peito míope, que se enchia de certezas estúpidas na adolescência e de dúvidas inúteis no início da vida adulta, ganhou lentes de aumento que se tornam cada dia mais eficientes à medida que meus olhos se desgastam.
Sinto-me, ainda, numa posição privilegiada, pois consigo me lembrar das sensações e sentimentos desse passado ainda tão presente. E, por isso, sei que dificilmente poderia ter agido de forma diferente, mais altruísta ou equilibrada. As tempestades e calmarias eram reais. Talvez devesse ter feito dos meus ouvidos moradas de escuta mais atenta, buscado formas de meditar e mediar os conflitos pungentes. Se puder servir de conselho a uma alma inquieta, fico feliz. Conversa para outras (e muitas horas) será aquela sobre o que aprendi com o tempo, as vidas que gestei e os nascimentos. Quem quiser ler verá — e será muito bem-vindo!
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