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"Foi uma verdadeira rasteira"

Parlamentar afirma que postura independente levou o partido a inviabilizar sua candidatura em 2022 e acredita estar "pagando um preço por não ser base de apoio de João Amoedo", um dos líderes do Novo e ex-candidato à Presidência

Pablo Giovanni*
postado em 08/03/2022 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília —, a deputada distrital Júlia Lucy confirmou que protocolou sua saída do partido Novo, ontem. Em entrevista à jornalista Jéssica Eufrásio, a parlamentar, agora sem partido, afirmou que um dos motivos para a saída aconteceu após o diretório nacional da sigla divulgar uma nota na internet afirmando que a distrital descumpriu com o estatuto, o que inviabilizou a candidatura da parlamentar pela legenda para as eleições de 2022.

O Novo divulgou uma nota dizendo que a senhora estaria impossibilitada de se eleger pela legenda, afirmando que descumpriu regras do estatuto. O que de fato aconteceu, deputada?

O que aconteceu foi uma verdadeira rasteira. Em ano eleitoral, a gente já espera que situações como essas aconteçam, mas vindo de um partido que se diz transparente e democrático, a gente jamais poderia esperar uma situação como essa. Estou pagando um preço por não ser base de apoio do João Amoedo, que disputou a última eleição para presidente da República, quando, inclusive, contou com o meu apoio. Mas, ao longo dos três anos passados, ele adotou posturas que desagradaram grande parte dos filiados do partido, com as quais eu não poderia me coadunar. As pessoas que adotaram posição de independência estão sendo perseguidas, e esse é o meu caso.

Poderia mencionar alguns posicionamentos dos
quais discordou?

Quando ele defendeu o inquérito das fake news, da forma que foi feito no Supremo Tribunal Federal (STF), a gente sabe que foi um inquérito absolutamente inconstitucional. Quando ele (Amoedo) apoiou, por exemplo, a prisão do deputado federal Daniel Silveira (União Brasil), que também foi uma prisão inconstitucional. Quando ele adotou o personalismo de ser oposição a qualquer custo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), isso também não teve o meu apoio, porque acho que a gente tem que analisar sempre as pautas e as propostas, e não as pessoas, quando a gente se posiciona politicamente.

Para 2022, quais são os seus planos: vai se desligar ou já
se desligou do partido?
Como vai ser nas eleições?

Estou me desfiliando do partido hoje (ontem). A nossa carta de desfiliação está sendo entregue ao partido, assim como diversos outros filiados do partido aqui no DF, que já vinham descontentes com determinadas posturas do partido, mas que agora, com essa questão em relação ao nosso mandato, decidiram por não permanecer mais. Houve uma debandada de filiações. Como o apoio que nós recebemos foi tão grande, assim que saiu a notícia, eu tomei a decisão de continuar na vida política neste momento. Tenho conversas com algumas legendas, sendo que eu recebi convite de praticamente todas elas. Isso me deixa muito feliz, porque mostra como nosso mandato é enxergado pelo meio político. É um mandato do diálogo, é um mandato que demonstrou coragem, autonomia, independência e fidelidade. Então todo mundo se sentiu surpreso com a decisão. Sentiram que o partido me traiu. Se sentiram isso, é porque eu sempre fui fiel. Todo mundo quer ao lado pessoas fiéis e corajosas, então naturalmente eu recebi muitos convites e estou analisando alguns deles.

A senhora pretende concorrer à reeleição na Câmara Legislativa do DF?

Gosto muito do papel de vereadora, atuei em todas as frentes aqui da Câmara Legislativa, seja na saúde, na educação, (atuei) muito forte no setor produtivo, na pauta da mulher, com destaque para o planejamento reprodutivo familiar, então eu gosto muito desse papel de fiscalização, que é uma grande marca do nosso mandato.

A senhora comentou que recebeu a notícia da inviabilização da candidatura de surpresa?

Sabe o que é mais decepcionante? Não houve nenhuma conversa comigo. Isso é claramente um caso de violência política. Eu não sei se eu fosse um homem, isso teria acontecido.

*Estagiário sob a supervisão de Layrce de Lima

 

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