Com o objetivo de fornecer mais acessibilidade no cinema, o Cine Brasília irá passar sessões com legenda descritiva do filme Eduardo e Mônica. Após uma primeira exibição na última quarta-feira (9/3), que contou com cerca de 450 pessoas, o cinema irá apresentar mais três, às 20h de sábado (12/3), às 15h de terça (15/3) e quinta (17/3), também às 15h. Todas as sessões terão legendas e os ingressos custam R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia.
A ideia surgiu após um protesto de Beatriz Campos Cruz, 19, que criticou a falta de sessões acessíveis. A estudante de cinema tem deficiência auditiva e luta por mais acessibilidade, especialmente nas telonas. Assim, ela fez um vídeo em seu perfil no Instagram (@biacruzcinema) que viralizou a ponto da produtora do longa entrar em contato com a jovem.
Dessa forma, Bianca De Felippes, a produtora do filme, entrou em contato com o Cine Brasília para poder combinar uma sessão com a legenda descritiva. Segundo ela, por lei, todos os filmes brasileiros devem ter acessibilidade, porém poucos cinemas têm estrutura para passar, além de ser pouco conhecido e divulgado.
Douro Moura, diretor do Cine Brasília, explica que eles já tinham a ideia de trazer mais acessibilidade ao local, tanto em infraestrutura quanto em sessões especiais. Ele disse ter se emocionado com a sessão e revelou que pretende fazer mais exibições com maior acessibilidade para diversos públicos, nas terças e quintas. Ele pretende ainda contar com alunos de escolas públicas, como ocorreu na sessão de quarta.
Com o apoio da ETC Soluções, empresa que fez a acessibilidade do filme, foi possível realizar a sessão de quarta-feira (9/3). Para Bianca, produtora do filme, a sessão foi algo maior do que apenas uma exibição. “É muito bacana você sentir que está incluindo pessoas, é uma coisa simples e importante de se fazer. A emoção deles em estar vendo o filme é emocionante também. No final, ficaram extasiados, porque se sentiram incluídos. Ficamos muito felizes e estamos tentando realizar essas sessões em outros estados também”, acrescenta.
A produtora também conta que estão buscando fazer traduções em libras para que um público ainda maior possa participar. Bianca também reforça que um filme com a legenda ou um intérprete de libras não atrapalha ninguém e ainda possibilita que pessoas com deficiência possam assistir, criando uma inclusão maior.
“Como sou surda, não consigo assistir filmes brasileiros ou sem legenda. Não costumam legendar os filmes nacionais, só se for para distribuir internacionalmente, então acaba que, por isso, eu não consigo assistir filmes que quero assistir. Em uma questão geral, eu sinto empatia com outras deficiências por eu ter uma, né? É necessário incluir pessoas com deficiências nesses espaços para elas serem notadas”, compartilha Beatriz.
Ela completa que, além das sessões com acessibilidade, é importante uma maior inclusão também nos bastidores. “Ter pessoas com deficiência nas produções de cinema, na distribuição. Contar com elas não só nas salas de cinema, mas também nas produções, desde roteiro, planejamento, todas essas coisas. Tendo uma pessoa com deficiência dentro desses lugares, ela vai saber o que está faltando, pois sente na pele o que outras pessoas não sentem e ela pode indicar o que fazer, então facilita o processo”, conclui.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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