Entrevista/ Marcela Lopes, coordenadora técnica da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB)

Uso de máscara é proteção coletiva

Com o fim da obrigatoriedade das máscaras, pesquisadora alerta para aumento de casos e destaca, em entrevista ao CB.Saúde, que pessoas mais vulneráveis à complicações da covid-19 devem continuar utilizando o item

Yasmim Valois*
postado em 12/03/2022 00:01
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Coordenadora técnica da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB), Marcela Lopes Santos pondera que o cenário atual não é ideal para que haja a flexibilização do uso de máscaras. "Na minha avaliação, a situação em que estamos não é tranquila, nós ainda não temos uma seguridade do que pode estar acontecendo. Então, todas as atitudes de proteção individual e coletivas são válidas para que a gente tente diminuir o máximo possível o número de casos, assim como a gravidade e a letalidade", afirmou a pesquisadora à jornalista Carmen Souza, ontem, durante entrevista ao programa CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília.

É o momento certo para a população deixar de usar máscara?

Temos visto uma diminuição no número de casos e o aumento da cobertura vacinal, que é bastante importante e pode estar justificando essa liberação do uso de máscara, porém temos estudos que mostram a eficácia da máscara no controle e na prevenção da doença. Então, ainda é uma situação sem muito esclarecimento por conta da ciência, porque temos evidências que colaboram para o uso da máscara e não temos a definição exata do momento certo para retirada ou não, é uma questão muito polêmica, mas que temos que enfrentá-la. E vamos tentar enfrentar da melhor forma, se for possível, continuar usando máscara, principalmente em locais mais fechados, transporte público, espaços onde a ventilação é reduzida. É tentar manter esse costume para trazer como uma rotina no nosso dia a dia.

Há perfis de pessoas em que o uso de máscara é mais importante?

Com relação à covid-19, nós temos os grupos de risco, que têm mais chances de adquirir doenças de forma grave e, sim, entre essas pessoas seria importante continuar fazendo o uso das máscaras, mas somente esse público sendo protegido não iremos ter muita eficácia. Eu acho que é uma decisão coletiva do ponto de vista de proteção para as pessoas que estão envolvidas e estão relacionadas com você no ambiente de trabalho e no familiar.

Podemos cogitar um aumento no número de casos nas próximas semanas?

Sim, a diminuição da proteção pode vir acompanhada do aumento no número de casos. Existem muitos outros fatores que implicam diretamente no aumento ou não no número de casos, temos um fator que tem contribuído com a diminuição das ocorrências, que é o aumento da cobertura vacinal. Tivemos outras iniciativas nos últimos dois anos em que tentamos fazer essa retirada e não foi bem sucedida e retornamos com o uso da máscara, temos também outros cenários internacionais, nos Estados Unidos, por exemplo, foi liberado, mas, depois, voltaram com o uso de máscara. Então, é uma situação muito incerta.

A gente já consegue sentir o efeito do carnaval na disseminação do vírus?

Ainda iremos aguardar mais uma semana para ver de fato o impacto do carnaval e ter certeza se os casos aumentaram ou não. Pelas confirmações científicas, 15 dias é o mais recomendado para o acompanhamento.

Números recentes mostram 346 casos e nove mortes em 24h, no DF. É seguro dizer que estamos saindo de uma pandemia?

Assim como o uso das máscaras, essa questão de estar saindo de uma pandemia e entrando em uma situação de endemia é muito polêmica. Fica bastante claro e evidente pela ciência que, apesar de estar diminuindo o número de casos, nós não temos uma seguridade da situação que pode estar acontecendo. Então, todas as atitudes de proteção são válidas, tanto individual quanto coletiva, para que a gente tente diminuir o máximo possível do número de casos, assim como a gravidade e a letalidade. Na minha avaliação, a situação em que estamos não é tranquila.

*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho

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