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Motorista reclama de reajuste e famílias vão pagar mais caro para cozinhar

Combustível deve ultrapassar os R$ 7 nas bombas. Para piorar, o preço do gás de cozinha também preocupa

Eduardo Fernandes*Pedro Marra
postado em 12/03/2022 06:00
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

O novo reajuste de combustíveis, anunciado pela Petrobrás na quinta-feira, provocou alvoroço entre os brasilienses. A gasolina teve um acréscimo de 18,7% a partir de ontem e, com isso, muitos moradores do Distrito Federal correram para garantir o abastecimento dos veículos com os preços anteriores. O Correio percorreu alguns postos de combustível e constatou o aumento, com valores por litro que variavam de R$ 6,79 a mais de R$ 7, dependendo da região.

A medida pegou o consumidor de surpresa. Anny Leite, 27 anos, moradora do Lúcio Costa, no Guará 1, parou o carro, com o filho de 2 anos no banco de trás, para abastecer R$ 100 de gasolina no posto da Quadra. Preocupada, ela admite que vai precisar rever os gastos da família daqui para frente. "Vai ser muito relativo o quanto vou colocar de combustível, porque antes da pandemia a gente gastava mais com lazer, e agora está tudo muito caro", afirma.

Apesar da diferença sentida, a expectativa é de que, nos próximos dias, os condutores sintam um pouco mais no bolso, pois a gasolina deve extrapolar os R$ 7. Com a alta procura, na quinta-feira, alguns postos tiveram desabastecimento de gasolina e só abastecia quem precisava de outros tipos de combustível. Em alguns locais, funcionários relataram que o faturamento chegou a R$ 100 mil.

O autônomo Leonardo Souza, 45, teve dificuldades para conseguir o menor preço para abastecer. Ele passou por quatro postos na Asa Sul antes de parar a motocicleta em um da 406 Sul. Após a peregrinação, ele ia encher o tanque para poder trabalhar. "Estou abastecendo nesse aqui, depois de passar por vários, bem caros. Finalmente, achei esse aqui mais barato", relata.

Maior movimento nas distribuidoras

Além do aumento da gasolina, a população se preocupa com a alta do gás de cozinha, o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), reajustado em 16%. O revendedor de gás em Santa Maria, Lucas Rodrigues, 22, afirma que, na quinta-feira, houve um aumento nas vendas. Ele acredita que muitos consumidores compraram gás para estocar, como forma de fugir da nova alta. "Teve até consumidor que levou mais de dois", destaca o comerciante.

Mesmo com a estratégia, ele acredita que não será possível evitar por muito tempo o aumento, mas pondera que o novo valor pode reduzir as vendas. A previsão, segundo ele, é de que haja um decréscimo na obtenção das mercadorias da empresa. O valor antes do aumento estava avaliado em R$ 95, de acordo com Lucas, agora o preço foi para R$ 105. "Quando há essa ampliação por parte das distribuidoras, somos obrigados a aumentar para o consumidor também. Mas isso ocorre em conformidade com o aumento que recebemos", finaliza.

Morador de Santa Maria, Edmilson Macedo, 54, foi um dos que se antecipou na compra do gás. Para ele, haverá um impacto no orçamento das compras e na rotina da casa. "Infelizmente, o trabalhador brasileiro tem que abrir mão de alguns produtos da alimentação para comprar o gás de cozinha", resigna-se.

O presidente da Associação Brasiliense dos Revendedores e Transportadores de GLP (Gás liquefeito de petróleo) do DF (Asbragas), Janair Carvalho de Silveira, alerta que o percentual de 16% no valor do gás de cozinha não vai parar por aí, em decorrência do cenário mundial de tensão entre Rússia e Ucrânia.

Além da porcentagem, Silveira afirma que soma-se ao valor final as taxas cobradas pelas distribuidoras, responsáveis por repassar o gás de cozinha aos revendedores. Agora, cabe aos comerciantes regularem os valores que serão repassados ao consumidor. Ele garante que cada localidade deve ajustar seus próprios custos, e estima preços entre R$ 100 e R$ 130 na capital federal.

Pode piorar

Apesar de ser uma medida extrema, ele não descarta a possibilidade de falta de gás nos depósitos. "As distribuidoras, tanto do DF como de Goiânia têm vários tanques que recebem o GLP, mas vai depender única e exclusivamente do cenário mundial. Diante dessa crise não podemos desconsiderar nada", afirma.

O morador do Recanto da Emas Igor Silva, 39, prevê dificuldades para a família com tantos reajustes. O coordenador escolar afirma que os passeios de lazer não fazem mais parte do orçamento da casa, em virtude da escalada dos preços. Apesar dos desafios, ele carrega a sensação de alívio por conseguir adquirir um botijão antes que o custo aumentasse. "Estamos tentando ao máximo sobreviver, mas ao chegar ao supermercado o sentimento é de impotência. Ainda bem que comprei um botijão há pouco tempo. Mas não acredito em redução até a compra do próximo", desabafa.

*Estagiário sob a supervisão de Juliana Oliveira

 

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