Familiares e amigos se despedem de mais um pioneiro da capital do Brasil: Varilandes Gonçalves. O desenhista, que trabalhou no projeto de Brasília, morreu aos 79 anos, no sábado, após uma parada cardiorrespiratória. Segundo o filho dele, Varilandes Junior, o mineiro estava internado na em uma unidade de terapia intensiva (UTI) há 17 dias. O último adeus ao candango ocorreu na tarde de ontem, no Cemitério Campo da Esperança, da Asa Sul.
Ele deixa a viúva, Ivana Dias, 75, seis filhos — Gláucia Gonçalves, 56; Glauco Gonçalves, 55; Stael Gonçalves 54; Varilandes Júnior, 51; Guilherme Gonçalves, 47; e Renata Gonçalves, 41 — sete netos e dois bisnetos. Três dos irmãos, Glauco, Guilherme e Varilande Júnior, são diagramadores do Correio Braziliense.
Apesar de ter se mudado para Brasília em 1959, Varilandes conheceu a nova capital dois anos antes, em 1957, por meio de uma expedição do colégio em que estudava em Goiânia. Impressionado com o tamanho dos caminhões das obras que erguiam na barragem do Paranoá, ele, que viu o Congresso Nacional quando era somente uma estrutura metálica, e jamais imaginou que, no futuro, faria parte da história do Brasil.
Natural de Patos de Minas (MG), aos 18 anos, o pioneiro veio à Brasília para acompanhar o cunhado, que já morava na cidades. A única certeza que Varilandes tinha era de que voltaria a Goiânia no fim de semana seguinte. No entanto, quando a data chegou, ele adiou e se estabeleceu, vivendo 61 anos no Distrito Federal.
Inicialmente, Varilandes morou com o cunhado na quadra 39 — onde, hoje, é a 713 Sul — e, depois, foi para o acampamento da Novacap, empresa na qual conseguiu o seu primeiro emprego e continuou até se aposentar, como fiscal de obras.
A certeza de que Brasília seria uma boa opção para construir uma vida veio em 1964, quando ele foi efetivado na Novacap, no cargo de desenhista, e o salário aumentou. O pioneiro aproveitou a oportunidade para se casar com Ivana Dias, com quem teve seis filhos, e para comprar uma casa, em Taguatinga.
Em menos de cinco anos, ele assistiu ao nascimento de Brasília e Taguatinga. O desenhista deixou sua marca em vários pontos da capital do país, como no contorno dos lagos do Parque da Cidade e em todo o complexo que envolve o autódromo Nelson Piquet. O Plano Piloto guarda traços do mineiro, que desenhou o mapa oficial da cidade.
Em 2004, Varilantes participou de um caderno especial do Correio Braziliense em homenagem aos pioneiros. Na reportagem, ele trouxe curiosidades sobre o começo de Brasília. "Originalmente, o autódromo estava localizado no lado sul do Eixo, mas, quando eles juntaram os mapas das duas asas, viram que ele era grande demais para ocupar aquele espaço. A solução foi transferi-lo para o lado Norte e criar o Parque da Cidade, para que não ficasse um buraco no meio do Eixo", contou.
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