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Quadrilhas digitais presas

Em duas operações, os agentes prenderam oito suspeitos acusados de praticarem golpes pelo WhatsApp. As vítimas preferenciais eram idosos com alto poder aquisitivo. Investigações continuam

Pablo Giovanni*
postado em 17/03/2022 00:01
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Por pelo menos três anos, uma quadrilha aplicava golpes pelo WhatsApp. Três suspeitos foram presos, ontem, durante a Operação Pinpoint, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Eles são acusados de participar de uma organização criminosa que tem como foco principal os idosos.

As investigações apontam que o grupo tinha acesso a um banco de dados das vítimas, comprados na internet de maneira ilegal, com dados de pessoas residentes em vários estados. Ao Correio, o delegado Erick Sallum, da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte), detalhou que, preferencialmente, os criminosos abordavam idosos com alta renda.

"Eles filtram pessoas que moram nesses locais, além de visar pessoas mais velhas, que, segundo os presos, eram mais fáceis de enganar. A partir dessas informações, eles iam nas redes sociais, conseguiam a foto de algum parente próximo e chamavam as vítimas pelo WhatsApp, se passando por algum familiar, sempre com a justificativa de que tinham uma conta a pagar, pedindo para que a vítima fizesse uma transferência via Pix", conta.

De acordo com o delegado, responsável pela apuração do caso, o grupo trabalha com números e estatísticas, tentando dar o golpe em várias possíveis vítimas ao mesmo tempo e, a partir das tentativas, buscar algum lucro caso engane uma delas. Ainda de acordo com a investigação, quem ocupa a parte mais frágil da pirâmide são os "conteiros", que fazem parte do esquema de convencimento das vítimas a depositar valores em determinadas contas bancárias.

Falso sequestro

A Polícia Civil também desarticulou outra quadrilha, desta vez durante a Operação Fraus. Foram cumpridos 16 mandados no total, sendo sete de prisão temporária e nove de busca e apreensão contra uma organização criminosa responsável por golpes de falsos sequestros. Cinco pessoas foram presas por estelionato.

O modus operandi dos criminosos era ligar para as vítimas, em sua maioria idosos, afirmando que teriam sequestrado algum familiar e exigiam uma quantia financeira pelo suposto resgate. As ligações eram feitas durante a madrugada para causar mais temor nas vítimas e dificultar que elas entrassem em contato com a pessoa que teria sido sequestrada.

O grupo também enviava um motoboy para recolher o valor do resgate diretamente na residência de quem sofreu o golpe, o que gerava ainda mais receio nas vítimas pelo medo dos bandidos saberem seus endereços.

Os motoqueiros ajudavam no processo de fazer a transferência por aplicativo ou via Pix, exigir quantias em dinheiro, pegar jóias e objetos de valor na casa das pessoas ou até mesmo acompanhar as vítimas até uma agência bancária para que fizessem saques do dinheiro que seria entregue pelo resgate.

A polícia investiga o caso desde outubro de 2021, quando houve prestação de queixa sobre o acontecimento. No total, foram 20 ocorrências apuradas, a maioria na Asa Sul e outras na Asa Norte, Ceilândia e Taguatinga. Cinco delegados, 36 agentes e três escrivães participaram da operação. Os autores, presos no Pistão Sul, Pôr do Sol e Paranoá, irão responder por 20 extorsões, com penas de quatro a 10 anos de prisão para cada uma, e pelo crime de organização criminosa, com reclusão de três a oito anos.

Segundo a PCDF, os alvos têm conexões com integrantes de uma facção criminosa no Rio de Janeiro e as investigações irão continuar para que outros membros da organização sejam identificados.

 

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

 

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Números

Operação Fraus

7 de prisão temporária

9 de busca e apreensão

16 mandados cumpridos no total

 

Operação Pinpoint

3 prisões temporárias

 

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