Entrevista | Álvaro Silveira Jr | presidente eleito do Sindiatacadista

DF tem vocação para logística

Com mais de 20 mil empregos diretos e gerando R$ 2 bilhões em ICMS, atacado se firma em Brasília, entreposto natural

Eduardo Fernandes*
postado em 23/03/2022 00:01
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

"Brasília nasceu para fazer logística porque estamos no centro do país. Temos, talvez, o aeroporto mais moderno do Brasil, hoje". A avaliação foi feita pelo presidente eleito, com posse marcada para o próximo dia 30, do Sindicato do Comércio Atacadista do DF (Sindiatacadista), Álvaro Silveira Júnior, em entrevista concedida ontem, ao CB.Poder — programa do Correio em parceria com a TV Brasília.

Empresário da área de medicamentos, Álvaro comentou também que os preços subirão de maneira linear em 2022. Segundo ele, o reajuste previsto para 1º de abril, vai variar entre 10% e 12%."Para produtos de menor concorrência, o governo atua para que não haja abuso financeiro ", explicou, em entrevista conduzida pela jornalista Samanta Sallum.

O setor é muito importante na capital federal, porque é o que mais arrecada ICMS. Como o setor contribui para a
economia do DF?

Brasília nasceu para fazer logística, porque estamos no centro do país. Temos, talvez, o aeroporto mais moderno do Brasil, hoje. E também somos um entreposto com uma das principais rodovias federais. Brasília tem essa vocação atacadista. Somos uma unidade da Federação pequena, por isso não temos vocação para a indústria, porque ela precisa dessas grandes áreas. O atacado consegue operar bem dentro do DF. É uma economia limpa. O atacadista não tem uma função poluidora e gera muitos empregos. Só de empregos diretos são mais de 20 mil. Temos mais de sete mil caminhões próprios, fora aqueles que terceirizam sua logística com outra empresa. Arrecadamos, no ano passado, mais de R$ 2 bilhões em ICMS.

A PEC 110, que está no Senado para ser apreciada na CCJ, trata da reforma tributária. Do jeito que ela está,
o setor apoia?

Não podemos ficar nessa eterna discussão. Deveríamos aprovar pelo menos o que está em consenso (uma simplificação tributária) para que possamos caminhar. Tivemos uma vitória muito grande no ano passado, com a extensão dos benefícios tributários que a indústria tinha para o atacado. Foi importante prorrogarmos por mais 15 anos (que era o prazo da indústria, enquanto o atacado tinha apenas 5 anos). Precisávamos desse fôlego e benefício que a indústria tinha. E com essa carga tributária que temos hoje, se não tivermos incentivo, você inviabiliza as empresas.

Todo ano se atualiza a tabela de medicamentos e há previsão para que, em 1º de abril, ocorra um aumento. Em que porcentagem será isso? 

É a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) do Ministério da Saúde e da Anvisa que regula esses preços. O que estamos esperando para este ano é um valor de 12%. Geralmente, esses aumentos não são lineares. Produtos que têm maior concorrência o governo deixa mais flexível. Quanto aos de menor concorrência, o governo atua para que não haja abuso financeiro por parte das empresas. O que estamos ouvindo nos últimos dias, diferentemente de outros anos, é que o aumento será mais linear, entre 10% e 12%.

Então esse percentual deve atingir uma maior quantidade de medicamentos?

Todos os medicamentos vão sofrer reajuste. Antigamente, alguns produtos subiam 2% e outros 15%. Os produtos genéricos e similares tinham mais liberdade de preço porque tem muita concorrência. Agora, para produtos de marca, aqueles que chamamos de patente, não há concorrência. O governo sempre segurou mais esses preços porque eles são exclusivos. Mas o maior problema da indústria farmacêutica hoje é a falta de insumos. Tivemos, no final do ano, uma corrida atípica por conta da gripe, que foi muito pior do que a covid-19, do ponto de vista medicamentoso. Tivemos algumas faltas pontuais, e 90% dos insumos farmacêuticos vêm da China e da Índia. Essa semana já tem lockdown na China novamente. Temos, ao total, sete portos fechando na China. Não estamos sofrendo um desabastecimento grave, mas um desabastecimento pontual. De alguma moléculas.

Quais são as perspectivas econômicas para o
setor em 2022?

Uma coisa que está nos preocupando é a questão da Selic, porque ela está pesando muito — 12%, sinalizando 13% é muito pesado. A nossa real sensação, é de que o mercado está aquecido. Nós, do Sindiatacadista e outros sindicatos, vemos uma demanda por mão de obra. Um dos nossos objetivos, caso o presidente da Fecomércio seja reeleito, é atuar forte na formação profissional. Infelizmente, no Brasil, temos um desvio da nossa formação de mão de obra. Temos muitas pessoas na faculdade, mas poucas que são tecnólogas. Precisamos nos voltar à formação profissional.

*Estagiário sob a supervisão de Layrce de Lima

 

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