Investigação /

Depoimentos em silêncio

A Polícia Civil do DF deu início aos interrogatórios de testemunhas e dos quatro suspeitos de esquema de lavagem de dinheiro e jogos de azar. Em dois anos, grupo, que seria liderado pelo youtuber Klebim, teria movimentado R$ 20 milhões

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) começou a colher, ontem, os depoimentos de testemunhas e suspeitos no âmbito da operação Huracán, deflagrada na segunda-feira, que apura um suposto esquema milionário de jogos de azar e lavagem de dinheiro. Os quatro suspeitos — Kleber Moraes, o Klebim, 27 anos; Vinícius Couto Farago, 30; Pedro Henrique Barroso Neiva, 37; e Alex Bruno da Silva, 28 — permaneceram sem dar declarações. Eles estão presos temporariamente por cinco dias.

Os investigadores estão analisando os conteúdos de ligações e mensagens nos celulares dos quatro detidos. Mais dois carros de luxo foram sequestrados: uma BMW Z4 e VW Tiguan. Os veículos, avaliados em cerca de R$ 600 mil, foram localizados, ainda na segunda-feira, em uma oficina de preparação de suspensão especial. "O dono da empresa foi colocado como depositário fiel, até que os veículos pudessem ser transportados, pois ambos estavam desmontados", explica o delegado Fernando Cocito, diretor da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF). Uma BMW/M4 aguarda decisão judicial de sequestro. O total de veículos apreendidos chega a 23.

A PCDF identificou uma associação criminosa voltada à prática de jogos de azar e lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada. Apontado como líder do esquema, o youtuber Klebim fazia rifas ilegais em que automóveis eram sorteados. Estima-se que em dois anos, o grupo movimentou cerca de R$ 20 milhões. 

Inicialmente, a Polícia Civil sequestrou nove carros, incluindo uma Lamborghini Huracan e uma Ferrari/458 Spider, cada veículo avaliado em R$ 3 milhões. A corporação pediu o bloqueio de R$ 10 milhões das contas dos envolvidos e confiscou a mansão de Klebim, no Park Way, com preço de mercado de R$ 4 milhões.

Ontem, amigos, fãs e familiares protestaram em frente ao Complexo da PCDF pedindo a liberdade do influenciador — Klebim tem cerca de 4 milhões de seguidores nas redes sociais. Por meio de nota, o advogado dos quatro acusado, José Sousa de Lima, reforça que as prisões são ilegais e "fora requerida para criar constrangimento e humilhação dos investigados".