Investigação

Coronel é preso por estupro

Edilson Martins da Silva, 47 anos, teria forçado um jovem, de 21 anos, a ter relações sexuais. O rapaz efetuou quatro disparos com uma pistola .40 para tentar fugir do local e vai responder por porte ilegal de arma de fogo, disparo e dano

Darcianne Diogo
postado em 10/04/2022 00:01
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Investigado por obrigar um jovem, de 21 anos, a ter relações sexuais, o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Edilson Martins da Silva, 47 anos, deve passar por audiência de custódia hoje. O diretor de Apoio Logístico e Finanças, do Departamento de Logística e Finanças, do Comando-Geral da PM, foi autuado por estupro pela 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). O rapaz também está preso e vai responder pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo, disparo e dano.

O caso ocorreu na manhã de ontem no Motel Fiesta, em Taguatinga. O jovem acabara de sair de um curso de mecânica no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e caminhava na rua com um amigo, quando o PM passou de carro e ofereceu uma carona. Em depoimento, a vítima contou que, dentro do veículo, o policial começou a passar as mãos no corpo dele e a fazer sexo oral, sem o consentimento. "A todo momento, segundo o rapaz, o militar apontava uma arma para a cabeça dele, chegando até a encostar, em forma de ameaça", detalhou, ao Correio, o delegado Wolney Quintão, da 12ª DP.

Mensagens colhidas pela polícia e juntadas ao inquérito foram cruciais para comprovar as ameaças sofridas pelo estudante. Em conversas trocadas com um amigo pelo WhatsApp, o colega pergunta: "Já chegou em casa?". O jovem responde: "Ainda não. Chama a polícia. Ele está mostrando a arma para mim e me ameaçando, estou com medo", escreveu. No trajeto, Edilson ainda passou em casa, também em Taguatinga, pegou R$ 100, pedindo para que ele usasse o dinheiro para comprar drogas. "Na residência, o rapaz chegou a fazer vídeos da garagem e tirou fotos da placa do carro do PM para enviar ao amigo, além da localização atual", disse o delegado.

O coronel, então, dirigiu até um ponto de venda de drogas e pediu para que o estudante comprasse cocaína e lança-perfume. Na delegacia, Edilson assumiu ter usado apenas o lança. "O jovem também confessou ter usado cocaína e, depois disso, parou de enviar mensagens ao amigo", acrescentou o delegado. Em depoimento, a vítima contou que o PM dirigiu em alta velocidade na via, de forma perigosa, até chegar no Motel Fiesta.

Fuga

Ao chegarem no local, Edilson estacionou o carro e deixou a arma dentro do veículo. Os dois subiram até a suíte e, segundo as investigações, se desentenderam, momento em que o PM desceu e buscou o armamento, o que preocupou o rapaz. Quando voltou, o estudante aproveitou o descuido do militar, pegou a arma, a chave do carro do coronel, o trancou no quarto e fugiu.

Enquanto aguardava ser atendido pela recepcionista do motel, o jovem efetuou quatro disparos para o alto. "Ele deu esses tiros para descarregar a arma e não se sentir mais em risco, pois o coronel estava o ameaçando. Tanto é que ele não apontou a arma para ninguém, apenas atirou aleatoriamente", defendeu a mãe do jovem ao Correio, que preferiu não ser identificada. "Estamos muito receosos e correndo atrás dos documentos para a audiência de custódia, porque ele agiu em defesa da integridade física", acrescentou.

A funcionária do motel acionou a PM. Ao chegarem no local, os policiais foram até a suíte. Edilson se apresentou como coronel e disse não ter interesse em ser conduzido à delegacia, pois era casado. Os dois foram levados à 12ª DP. O jovem foi atuado por porte ilegal de arma, disparo e dano. Enquanto o policial, pode responder por estupro. Ambos vão passar por audiência de custódia hoje.

Em nota, a Polícia Militar informou que será aberto processo apuratório para esclarecimento das circunstâncias do fato e que a corporação não coaduna com nenhum tipo de desvio de conduta de quaisquer de seus integrantes. Até o fechamento dessa reportagem, o Correio não havia localizado a defesa de Edilson. O espaço permanece aberto para manifestações.

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