Uma homenagem à Cei

Hungria faz show exclusivo no auditório do Correio para 20 fãs sorteados na promoção Encontro Marcado, da Clube FM, em comemoração ao aniversário de Ceilândia

Cecília SóterPedro Ibarra
postado em 13/04/2022 00:01

Um dos principais nomes do rap do Distrito Federal e um artista relevante no cenário nacional, Hungria Hip-Hop fez um show especial e exclusivo para 20 fãs, mais acompanhantes, no auditório do Correio. A apresentação de ontem foi promovida como homenagem ao aniversário de Ceilândia, comemorado em 27 de março, em um concurso da Clube FM intitulado Encontro Marcado. Ao Correio, o rapper falou sobre a relação que tem com a cidade e como ela foi importante para o desenvolvimento da música que faz até o hoje e levou sua arte para todo Brasil.

"Eu não troco duas Miami uma Paris/por metade da minha Ceilândia", já rimava em 2017 Hungria Hip-Hop. O rapper sempre entoou para os quatro cantos o amor que sente pela cidade e a importância que Ceilândia tem para a criação e a pessoa que ele é atualmente. "É um lugar onde eu aprendi muito e sou muito grato à Ceilândia, a toda história que eu tenho lá e a todos os amigos que eu tenho lá", complementa.

Ele acredita que só escolheu seguir carreira no rap por estar inserido no contexto da região administrativa. "Tem uma influência muito grande no gênero musical que eu escolhi para cantar, até porque o rap não estava muito em evidência. Porém, dentro da comunidade, o rap já era muito grande. Ele não tinha relevância no país, só que dentro da Ceilândia só dava o rap", conta. "Talvez o fato de eu ter escutado os carros passando e tocando sempre o rap tenha definido o gênero musical que eu queria seguir", lembra Hungria.

O rapper avalia que chegou longe, levando consigo sempre o nome de Ceilândia. "Eu me sinto muito feliz por ter levado o nome [de Ceilândia] e de ter despertado uma curiosidade das pessoas sobre o local", pontua. Hungria conta que viajou o mundo e viu pessoas nos Estados Unidos dizendo que trocariam Miami por meia Ceilândia. "O rap transformou a cidade até em ponto turístico para os fãs, os caras querem vir a Brasília para tirar uma foto na Ceilândia", comenta.

O sucesso que fez não só o levou para longe como o colocou na posição de modelo a ser seguido. "Eu acho muito louco quando alguém olha para o Hungria e se inspira", diz o músico, que ainda aproveita para fazer uma análise da cena atual do hip-hop. "Acho que a cena de Brasília, em um contexto geral, precisa ser mais valorizada. Porque, para eu chegar onde cheguei foi uma dificuldade imensa, e mesmo depois de eu ter chegado a gente não vê nascendo com tanta frequência os talentos de Brasília como em São Paulo ou no Rio de Janeiro", analisa.

Nascido e criado

"Eu tenho inúmeras histórias, inúmeros aprendizados, inúmeras dificuldades e inúmeros momentos de glória na Ceilândia", afirma Hungria. O cantor, chamado Gustavo da Hungria Neves, nasceu em 1991 em Ceilândia. Filho de Raquel da Hungria e Manoel Neves, passou a infância na região, onde também começou a dar os primeiros passos na música. Em 2007, com apenas 16 anos, lançou Hoje tá embaçado, primeira música própria que conseguiu a incrível marca de reunir 120 mil downloads.

No início dos anos 2010, fez parte de dois grupos, Sentinela e Son d'Play. Porém, foi em 2013 que a carreira do rapper verdadeiramente engrenou, tendo faixas como Zorro do Asfalto e Lembranças na casa das milhões de reproduções, além de colaborações com nomes como Lucas Lucco, Luan Santana, Mr. Catra e Tribo da Periferia. Desde 2017, Hungria tem feito turnês internacionais passando por países como Japão e Estados Unidos.

O mais recente trabalho do músico foi Insônia 2, em colaboração com Tribo da Periferia e Mc Ryan SP. Atualmente, ele se prepara para gravar um DVD no dia 28 de Maio. "É um projeto que eu sempre tive vontade, tinha o sonho de ter um DVD há muitos anos", comenta Hungria, que escolheu Brasília para ser a sede deste sonho. "Aqui é meu berço, aqui que eu cresci, um lugar que eu carrego. Uma cidade que eu realmente não consigo sair 100% dela, e não porque não quero, mas porque não consigo. Sou muito apaixonado pelo solo brasiliense, pelo cerrado. Até a secura daqui me faz respirar e me faz ser feliz", reflete. "Eu tenho vários momentos que foram construídos aqui e tenho certeza que esse DVD vai ser mais um deles", acrescenta.

 

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