Os fiéis estavam ansiosos para se reencontrar com a fé e a emoção na tão aguardada encenação da Via Sacra, após dois anos de pausa em razão da pandemia. Nem todos estavam preparados para o calor e a chuva, que acompanhou os visitantes pelos 15 pontos do espetáculo a céu aberto. Mas, após tanto tempo sem a atração religiosa, milhares de fiéis não se preocuparam com o clima adverso e acompanharam a Paixão de Cristo até o fim. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, 80 mil pessoas acompanharam o espetáculo ao longo do dia. O evento também foi transmitido ao vivo pelo YouTube e contou com audiência de 117 mil espectadores.
Há seis anos, Aline Batista, 32 anos, vai ao Morro no dia da Sexta-feira da Paixão pagar uma promessa e acender uma vela. "Meu pai se livrou do alcoolismo e todo ano eu pago a promessa desde que ele foi liberto", conta a moradora de Planaltina. "Eu venho para pedir uma graça também", comenta Aline, que ficou desempregada durante a pandemia.
O vigilante Paulo Dourado, 28 anos, acompanhou o espetáculo com as duas sobrinhas, Helloysa Dourado, 13, e Paula Vitória, 15, que estiveram pela primeira vez na Via Sacra. A avó delas e mãe de Paulo, Raimunda Alves, 59, também compareceu ao evento. De acordo com ela, sua família sempre foi católica. "Jesus sofreu pela gente, eu precisava ver isso de perto", afirmou.
Morador de Planaltina, Paulo Dourado fez questão de levar a família, que mora em outras regiões. Raimunda vive no Entorno de Goiás, enquanto que as estudantes Paula Vitória e Helloysa moram em Sobradinho. "Sempre fui muito católico, minha família é toda católica. Via Sacra é tudo. É a terceira vez que eu venho, não quero faltar mais. Jesus sofreu pela gente."
Teve até visitante de outro país acompanhando a Via Sacra, como o caso da boliviana Angelines Ramallo, 45, moradora de Cochabamba. Para ela, nesse momento em que a população mundial tem enfrentado, é importante se dedicar ao máximo para relembrar a dor que Cristo passou. "Vir para cá e ver os atores brasileiros recriando essa experiência e a passando para o público é muito interessante", declarou. Segundo ela, a religião católica na Bolívia é cultuada com muita cor e alegria. "Disseram-me que as atuações aqui em Brasília eram muito simbólicas e bonitas, como lá em meu país", afirmou.
O motorista Paulo Henrique, 53, explica que é a primeira vez que vem ao evento, mas como voluntário. Afinal, todos os que trabalham ali são movidos pela fé. "Não sei de nenhuma informação de dinheiro, apenas que havia acabado todas as bebidas e sobrado cachorro-quente", pontua o voluntário.
A ambulante Neuza de Almeida, 38 anos, esteve com a neta, católica, que não conseguiu acompanhar o evento devido à chuva. Também religiosa, Neuza vendia bebidas, entre elas refrigerante e água, na entrada do evento. "Não vendemos nada, nada, nada. O movimento foi péssimo hoje. Isso significa que 90% das compras foram perdidas", explicou.
Logística
O efetivo policial militar durante a Via Sacra foi de 1.016 indivíduos. Durante revista na entrada do espetáculo, foram recolhidos vários objetos cortantes e armas brancas como facas, tesouras, cortadores e objetos de vidro. Também foram registradas duas ocorrências, de acordo com a Polícia Militar, que não deu detalhes sobre os registros. Equipes do Corpo de Bombeiros atenderam 38 pessoas, de maneira direta ou indireta.
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