Após 12 dias desde a tentativa de latrocínio — roubo seguido de morte — do jornalista da TV Globo Gabriel Luiz, 29 anos, o caso se aproxima de um desfecho. Na tarde de ontem, a vítima, que continua no hospital, mas fora de perigo, prestou depoimento aos investigadores da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro). Ele foi esfaqueado perto do condomínio onde mora, no Sudoeste. Em coletiva de imprensa, os delegados que cuidam do caso contaram o que o paciente relatou e afirmaram que a principal hipótese se manteve, com base nas oitivas. Diante disso, o inquérito do caso foi finalizado e enviado ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Gabriel Luiz contou aos policiais que estava em um bar com amigos pouco antes do crime, no último dia 14. Na volta para casa, o jornalista não reparou se era seguido nem se havia pessoas próximas com comportamentos suspeitos. "Ele se recorda de que dois homens teriam se aproximado dele e ambos, antes de qualquer atitude, disseram: 'Acabou. Perdeu, perdeu'. Logo depois, deram início às agressões, momento em que ele (a vítima) esboça reação, e os autores (do crime) continuam a desferir facadas", comentou o delegado Petter Ranquetat, da 3ª DP.
Ao ser esfaqueado, Gabriel Luiz suplicou aos agressores: "Parem, por favor". Vizinhos escutaram os gritos e viram a movimentação na área do prédio. Um morador que estava à janela acionou a polícia, e o jornalista conseguiu correr até a portaria do edifício para pedir socorro. Os 10 golpes atingiram a vítima em diferentes partes do corpo, como pescoço, abdômen e perna. O comunicador ficou internado em estado grave na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Brasília, no Lago Sul, onde foi ouvido pelos policiais, mas, na terça-feira passada, foi transferido para os quartos, após ter melhora do quadro de saúde.
Ao Correio, o pai do jornalista, Wilton Luiz, 56, afirmou que o filho continua sob acompanhamento de médicos e da família. "Ele está bem de saúde, mas ainda não tem data para receber alta hospitalar. Estamos focados na recuperação dele", ressaltou. Em comunicado divulgado na sexta-feira, os parentes de Gabriel Luiz informaram que a dieta do paciente evoluiu de líquida para pastosa, para ocorrer sem auxílio de aparelhos. "Agora, inclui comida mais sólida, como frango desfiado, arroz bem cozido e purês", dizia a nota. Apesar da melhora, as visitas seguem restritas.
Confirmações
A polícia ouviu 16 pessoas durante as investigações, inclusive a mãe da vítima e testemunhas, como amigos de Gabriel Luiz. O delegado-adjunto da 3ª DP, Douglas Fernando de Moura, ressaltou que os depoimentos reforçaram a possibilidade de o caso se tratar de roubo com tentativa de assassinato. "Conseguimos comparar (as informações) e corroborar a tese inicial que sustenta a teoria de latrocínio tentado", comentou.
Na fuga, José Felipe Leite Tunholi, 19, e o adolescente de 17 anos que participou do crime levaram R$ 250 da carteira de Gabriel Luiz e abandonaram o celular da vítima próximo ao local do ataque. A polícia ainda aguarda resultado da perícia do aparelho do mais velho. "Caso a quebra de sigilo que será feita traga algum novo elemento, seja para corroborar ou (levantar) outra tese, isso será objeto de nova investigação da Polícia Civil", completou Petter Ranquetat.
Com o envio do inquérito ao MPDFT, caberá à instituição decidir se apresentará denúncia contra os investigados. À época da prisão do mais velho, no dia seguinte ao crime, a Justiça do Distrito Federal converteu a prisão dele de flagrante para preventiva. A justificativa foi de que a medida se fazia necessária para manutenção da ordem pública, diante da gravidade da ação do agressor, que deixou "a vítima com diversas lesões".
O acusado foi transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, onde aguardará pelo julgamento. A Polícia Civil não deu detalhes sobre a situação do segundo envolvido.
*Estagiários sob a supervisão de Jéssica Eufrásio
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