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Casal atropelado deixa cães para adoção

Hilberto Oliveira da Silva, 47 anos, e a esposa, Vera Lúcia da Cruz Sampaio, 43, pedalavam na QR 157, em Santa Maria, quando foram atropelados por um carro conduzido por uma motorista que estava sob o efeito de álcool

Além do luto pela morte trágica do auxiliar administrativo Hilberto Oliveira da Silva, 47 anos, e da esposa Vera Lúcia da Cruz Sampaio, 43, auxiliar de saúde bucal, vítimas de um atropelamento no domingo de Páscoa, em Santa Maria, João Vitor Oliveira, 21, filho único de Hilberto e enteado de Vera, vive outro drama: a busca por justiça. Na última segunda, a motorista que conduzia o carro — identificada como Stefania Midiã Silva de Araújo — conseguiu o direito de responder em liberdade pelo crime de homicídio culposo, sem pagar fiança.

Na noite de ontem, ciclistas do Distrito Federal e familiares das vítimas organizaram um protesto na região onde aconteceu o incidente, e ao Correio, João falou que o crime não pode ficar impune. “Eu espero que esse levante faça uma pressão na justiça. Vamos protestar de forma pacífica, algo que fortaleça a memória do meu pai, um homem bom e trabalhador, que prezava pela paz acima de tudo”, disse o jovem.

O casal que pedalava há aproximadamente um ano, tinha o objetivo de participar do grupo Pedalada Crente (PCD). Porém, os desejos e os sonhos da dupla foram interrompidos na manhã de domingo, durante o treino que realizavam na QR 517. De acordo com a Polícia Militar (PMDF), Stefania dirigia sob efeito do álcool, foi presa em flagrante, mas foi solta na última segunda-feira. O sepultamento do casal vai acontecer hoje, a partir das 9h30, no Cemitério Campo da Esperança do Gama.

O caso

Após a colisão, Stefania foi submetida ao bafômetro, que constatou a alcoolemia de 0,62 miligramas de álcool por litro de ar expelido (mg/L). Segundo a advogada da acusada, Thayná Freire, a motorista estava sonolenta e dormiu ao volante no momento da tragédia. A condutora que foi presa em flagrante, por dirigir sob efeito de álcool, foi solta na segunda-feira, após audiência de custódia.

Stefania teve o direito de dirigir suspenso. A defesa da condutora acrescentou que ela não se recorda de detalhes do atropelamento. “Com o choque, ela acordou, entendeu tratar de uma batida, voltou ao local dos fatos, prestou socorro às vítimas, não foi hostil e tão pouco desrespeitosa com os policiais”, afirmou.

A advogada ainda acrescentou que ela assumiu ter ingerido bebida alcoólica e está à disposição da justiça e da família das vítimas para “tentar minimizar os danos sofridos e presta os sentimentos pela perda”, assegura. Stefania responde por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Preocupação

Apesar do amor pela bicicleta, o casal também se dedicava a cuidar dos animais. O filho de Hilberto pede ajuda para encontrar um lar para os bichos de estimação do casal que, após a tragédia, ficaram sem os tutores e precisam de cuidados. João Vitor — que é estudante de medicina veterinária — procura uma residência responsável para os quatro vira-latas. Infelizmente, ele não tem condições de assumi-los, pois tem três cachorros. “Meu pai trabalhava com resgate de animais de rua e, com o falecimento deles, os cães ficaram abandonados”, explicou.

Reprodução/Redes Sociais - Hilberto Oliveira da Silva, 47 anos, e a esposa, Vera Lúcia da Cruz Sampaio, 43, estavam exercendo uma de suas grandes paixões, o ciclismo, em uma via pública, próximo à reciclagem, na QR 157, em Santa Maria, quando o veículo, um GM Corsa de cor cinza, atropelou o casal
Reprodução/Redes sociais - Casal de ciclistas atropelado no DF deixa cães para adoção
Reprodução/Redes sociais - Casal de ciclistas atropelado no DF deixa cães para adoção
Reprodução/Redes sociais - Casal de ciclistas atropelado no DF deixa cães para adoção
Reprodução/Redes sociais - 46 cachorros e 3 papagaios estavam em situação de risco
Rafaela Martins - Protesto em Santa Maria pediu respostas sobre caso de atropelamento de casal