Ceilândia

Motorista atropela cinco crianças

Sem habilitação e após consumir uma dose de uísque, o pedreiro Francisco Manoel da Silva, 53 anos, atingiu as meninas, de quatro a 11 anos, que atravessavam uma faixa de pedestres da via P2 Norte, em Ceilândia Norte

Arthur de Souza Pedro Marra
postado em 23/05/2022 00:01
 (crédito: Carlos Vieira/CB)
(crédito: Carlos Vieira/CB)

O motorista Francisco Manoel da Silva, 53 anos, atropelou cinco crianças, irmãs e primas, de 4 a 11 anos, com um VW Fox branco, na tarde de ontem, em Ceilândia Norte. Três foram transferidas em estado grave para Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Todas tiveram traumatismo cranioencefálico (TCE) e múltiplas fraturas. Sem habilitação, o condutor havia consumido uma dose de uísque antes de dirigir. Uma testemunha informou que as cinco meninas, de mãos dadas, começaram a atravessar a faixa de pedestres no momento em que o carro vinha pela faixa da esquerda da via P2 Norte, não parou e atropelou as crianças.

Ainda conforme relato de testemunhas, o condutor foi parado por motociclistas, na mesma avenida, a aproximadamente 200 metros do local do atropelamento. O homem foi contido no local, até a chegada da Polícia Militar do DF (PMDF). O grupo chegou a agredir Francisco, em uma tentativa de linchamento. Na noite de ontem, o Correio esteve no Hospital de Base para conversar com a família das vítimas. Das três crianças que deram entrada na emergência da unidade, Ana Júlia, 6, e Bruna Raquel, 6, que estavam em estado mais grave, receberam duas vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Sofia Valentina, 4, teve de esperar alguém sair de alta para conseguir um lugar na UTI, porque os leitos estavam todos ocupados. Segundo a mãe das duas crianças que conseguiram se internar, a filha Bruna Raquel quebrou dois fêmures, Sofia fraturou um fêmur, e Ana Júlia quebrou uma das pernas. As crianças, que se dirigiam a um parquinho, estavam acompanhadas por um primo, de 15 anos. "Na hora que estavam esperando para atravessar, ele bateu nelas, saindo da calçada da faixa", diz o pai de Ana Júlia e Ester, que não quis se identificar. Ester Isabely Rodrigues Pereira, 10, e Maria Eduarda da Silva Moura, 12, estão internadas no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

Imprudência

Segundo o genitor, algumas crianças foram parar no canteiro, outras, perto do parquinho. "Na hora, eu paralisei, porque são crianças", recorda a avó da vítimas, Glória Cheila Pereira, 50. Ela criticou a falta de responsabilidade do motorista. "Pega o carro assim, sai nas ruas, e ele não atropelou só elas, porque aqui na família, está cada um pior do que o outro", emociona-se.

Segundo o tenente Gustavo Barboza, do 8º Batalhão de Polícia Militar, o condutor, que não é habilitado, tomou uma dose de uísque pela manhã, antes de dirigir. O autor do atropelamento ficou lesionado no pé direito depois de ter sido agredido por populares, e os policiais o levaram ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

O delegado Fernando Crisci, da 15ª DP (Ceilândia Centro), afirmou que o autor fez exame clínico de embriaguez, que constatou alteração psicomotora devido a ingestão de bebida alcoólica. "Em razão desse fato, ele foi autuado por lesão corporal na direção de veículo automotor qualificada e também pela falta de documento para dirigir", detalha o investigador.

No veículo, Francisco estava acompanhado do irmão, que confirmou a ingestão de bebida alcoólica por parte do condutor. "Ele disse que estavam no centro de Ceilândia em direção à casa deles, no Sol Nascente, onde o irmão passou por uma lombada que não viu, e havia um veículo na frente, em que foi desviar, e atropelou essas crianças", relata o delegado da 15ª DP. O resultado do exame clínico de alcoolemia deu positivo no Instituto de Medicina Legal (IML), de Ceilândia.

A audiência de custódia de Francisco no Departamento de Polícia Especializada (DPE), no Complexo da Polícia Civil, na Asa Sul, está marcada para hoje. O irmão do condutor não foi autuado na ocorrência, mas serviu como testemunha. Um terceiro homem, que também estava no carro, fugiu do local no momento do acidente.

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Irresponsabilidade interrompe sonhos

 (crédito:  Carlos Vieira/CB)
crédito: Carlos Vieira/CB

O motociclista atropelado, arrastado e morto por um motorista bêbado na madrugada de sábado foi sepultado na tarde de ontem, no Cemitério do Gama. Renan Pires de Araújo, 33 anos, foi atingido por Jessivan Leal Araújo, 30, na DF-489, no sentido Gama, próximo ao condomínio Fênix. O condutor também bateu em outro carro. Além de embriagado, ele dirigia um Volvo XC60 em alta velocidade. Modelos novos do veículo têm preço inicial de R$ 390 mil. Jessivan não prestou socorro e fugiu do local do acidente. Ele foi capturado pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e preso em flagrante, por homicídio culposo e embriaguez ao volante. Renan, operador de áudio e vídeo em uma empresa de educação, morreu na hora do impacto. Apesar da brutalidade, ele pôde ser velado com o caixão aberto.

Uma pessoa próxima à vítima, que não quis se identificar, contou ao Correio que Jessivan estava discutindo com a companheira, no Estádio Bezerrão, antes do atropelamento. Não há detalhamento sobre agressões físicas. Testemunhas, então, chamaram a polícia mas, quando a equipe chegou ao local, o motorista fugiu. No percurso, matou Renan.

Elane Pires, 45, tia da vítima, contou que o jovem era recém-casado. "É entristecedor. Ele estava com planos de construir família. "Providências têm de ser tomadas", cobra.

Colaborou Ana Isabel Mansur

O QUE DIZ A LEI?

Dirigir sem CNH

Art. 309: dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

Penas: detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Lesão corporal na direção de veículo automotor qualificada

Artigo 303: praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor

Fonte: Código de Trânsito Brasileiro (CTB)

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