Basta de violência no trânsito!

Há anos o Correio levanta, com Brasília, a bandeira da Paz no Trânsito. A campanha reconhecida pela importância na redução no número de mortes nas ruas da capital e que a levou a ser exemplo internacional de respeito à faixa de pedestres é um marco na história do DF, mas nem por isso deve ficar no passado. Precisamos nos lembrar, diariamente, de que pequenos gestos podem salvar vidas.

Entre as capas emblemáticas, está uma que ainda hoje estampa parede da nossa redação, devidamente emoldurada e em local de destaque numa das salas. É a imagem de uma mãe abraçando os filhos, num enlace bem apertado, em uma analogia ao uso do cinto de segurança. É isso: respeitar as leis de trânsito é um ato de amor. E, independentemente de crenças, o cuidado com o próximo é uma questão de humanidade.

Não consigo imaginar a dor da mãe (ou das mães) que tiveram seus filhos atropelados sobre a calçada, próximo a uma faixa de pedestre em Ceilândia, e ao que indicam as primeiras apurações policiais e com testemunhas da barbárie, por um motorista bêbado. Cinco crianças. Cinco. De uma vez só. Atravessando de mãos dadas, conforme foram ensinadas.

Regiões administrativas mais afastadas do Plano Piloto vivem realidade diferente da camada mais privilegiada da capital, é verdade, muito em face do abandono do poder público em áreas essenciais. Mas rogo que seus habitantes unam forças, como numa dessas correntes que atravessam as redes sociais, e façam um pacto pela segurança, pela vida de seus filhos.

Combatam a todo o custo quem bebe e dirige. Não incentive os espertinhos que sempre querem fugir de blitz. A tolerância para ingestão de álcool ao volante é zero: nem uma latinha de cerveja. Não ande sem cinto, nem deixe que amigos, familiares ou seus filhos entrem em seu carro sem dar o clique no equipamento que salva vidas.

Lembre-se de que menores de 4 anos precisam ser transportados em cadeirinhas apropriadas — que inclusive deveriam ser ofertadas pelo Estado já nas portas das maternidades públicas. Crianças até 10 anos também só podem andar em assentos de elevação. Segundo o Detran-DF, apenas em 2008, ano em que foi normatizado o uso desses dispositivos de segurança pelo Conselho Nacional de Trânsito, houve uma redução de 41% no número de mortes de crianças com até 8 anos.

Acredite e divulgue as campanhas de trânsito. Estamos, inclusive, no Maio Amarelo. E, apesar de ser impossível se prevenir de ações irresponsáveis de terceiros, ensine seu filho sobre a importância de todas essas medidas, além de dar o tão famoso "sinal de vida" antes de atravessar a rua. As crianças aprendem com muita facilidade. Deixe que elas sejam seus grilos falantes.

Fico sem palavras e um nó na garganta aperta só de pensar na angústia e na dor dessas famílias que tiveram seus filhos agredidos de maneira tão insensível na tarde deste domingo. Espero que eles fiquem bem e que a justiça seja feita. Meu coração está com vocês.