O motorista Francisco Manoel da Silva, 53 anos, atropelou cinco crianças, irmãs e primas, de 4 a 11 anos, com um VW Fox branco, na tarde de ontem, em Ceilândia Norte. Três foram transferidas em estado grave para Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Todas tiveram traumatismo cranioencefálico (TCE) e múltiplas fraturas. Sem habilitação, o condutor havia consumido uma dose de uísque antes de dirigir. Uma testemunha informou que as cinco meninas, de mãos dadas, começaram a atravessar a faixa de pedestres no momento em que o carro vinha pela faixa da esquerda da via P2 Norte, não parou e atropelou as crianças.
Ainda conforme relato de testemunhas, o condutor foi parado por motociclistas, na mesma avenida, a aproximadamente 200 metros do local do atropelamento. O homem foi contido no local, até a chegada da Polícia Militar do DF (PMDF). O grupo chegou a agredir Francisco, em uma tentativa de linchamento. Na noite de ontem, o Correio esteve no Hospital de Base para conversar com a família das vítimas. Das três crianças que deram entrada na emergência da unidade, Ana Júlia, 6, e Bruna Raquel, 6, que estavam em estado mais grave, receberam duas vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Sofia Valentina, 4, teve de esperar alguém sair de alta para conseguir um lugar na UTI, porque os leitos estavam todos ocupados. Segundo a mãe das duas crianças que conseguiram se internar, a filha Bruna Raquel quebrou dois fêmures, Sofia fraturou um fêmur, e Ana Júlia quebrou uma das pernas. As crianças, que se dirigiam a um parquinho, estavam acompanhadas por um primo, de 15 anos. "Na hora que estavam esperando para atravessar, ele bateu nelas, saindo da calçada da faixa", diz o pai de Ana Júlia e Ester, que não quis se identificar. Ester Isabely Rodrigues Pereira, 10, e Maria Eduarda da Silva Moura, 12, estão internadas no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).
Imprudência
Segundo o genitor, algumas crianças foram parar no canteiro, outras, perto do parquinho. "Na hora, eu paralisei, porque são crianças", recorda a avó da vítimas, Glória Cheila Pereira, 50. Ela criticou a falta de responsabilidade do motorista. "Pega o carro assim, sai nas ruas, e ele não atropelou só elas, porque aqui na família, está cada um pior do que o outro", emociona-se.
Segundo o tenente Gustavo Barboza, do 8º Batalhão de Polícia Militar, o condutor, que não é habilitado, tomou uma dose de uísque pela manhã, antes de dirigir. O autor do atropelamento ficou lesionado no pé direito depois de ter sido agredido por populares, e os policiais o levaram ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC).
O delegado Fernando Crisci, da 15ª DP (Ceilândia Centro), afirmou que o autor fez exame clínico de embriaguez, que constatou alteração psicomotora devido a ingestão de bebida alcoólica. "Em razão desse fato, ele foi autuado por lesão corporal na direção de veículo automotor qualificada e também pela falta de documento para dirigir", detalha o investigador.
No veículo, Francisco estava acompanhado do irmão, que confirmou a ingestão de bebida alcoólica por parte do condutor. "Ele disse que estavam no centro de Ceilândia em direção à casa deles, no Sol Nascente, onde o irmão passou por uma lombada que não viu, e havia um veículo na frente, em que foi desviar, e atropelou essas crianças", relata o delegado da 15ª DP. O resultado do exame clínico de alcoolemia deu positivo no Instituto de Medicina Legal (IML), de Ceilândia.
A audiência de custódia de Francisco no Departamento de Polícia Especializada (DPE), no Complexo da Polícia Civil, na Asa Sul, está marcada para hoje. O irmão do condutor não foi autuado na ocorrência, mas serviu como testemunha. Um terceiro homem, que também estava no carro, fugiu do local no momento do acidente.