ESPECIAL

Taguatinga 64 anos: o comércio da região em paralelo com a amizade de clientes

Lojas tradicionais da cidade resgatam também os laços afetivos com os taguatinguenses; entenda

Edis Henrique Peres
postado em 05/06/2022 07:00 / atualizado em 05/06/2022 20:02
Maria da Conceição com Mario Mendes e Liclaudio (C): negócio mais que familiar -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Maria da Conceição com Mario Mendes e Liclaudio (C): negócio mais que familiar - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Com clientela fiel e considerado um ponto de referência em qualidade nos serviços de reparos e renovação, a Sapataria Zaz-Traz é um ponto de encontro dos moradores pioneiros de Taguatinga. Localizada na Praça do DI, o estabelecimento aberto por Mário Mendes Machado, de 77 anos, no fim da década de 1970, se tornou um legado de família que hoje é liderado pela filha de Mário, Symara Machado, e pelo sobrinho do comerciante Liclaudio Coelho. Apesar da idade, Symara garante que o pai e a mãe, Concita Rodrigues, de 73 anos, ainda visitam a sapataria para rever os clientes e amigos.

Leia o especial completo sobre os 64 anos de Taguatinga neste link!

"A sapataria é algo que faz parte da praça e de Taguatinga, os clientes mais tradicionais sempre visitam o nosso local. E, ao longo do tempo, fomos criando um apego muito grande pela cidade e pelo próprio espaço da praça. Quando era criança, minha mãe levava a gente para a loja e eu e meus irmãos passávamos o dia no parquinho, só ia embora quando fechava a sapataria", recorda Symara.

Os anos de histórias cativaram clientes fiéis na Zaz-Traz. "Há uma cliente, por exemplo, que tem um pezinho bem pequeninho, então é preciso ajustar todo sapato que ela compra. Há um outro que se mudou e mora agora em Maceió, mas sempre que ele vem aqui em Brasília, traz sapatos, bolsas e o que é necessário para reparos e renovação. A loja se tornou algo que ultrapassa gerações. Chegou a fase das crianças, agora os antigos clientes trazem sapatinhos dos netos para ajuste", conta.

O rock que une todas as idades

O mesmo efeito de pai para filho é vivido pelo porão do Rock Wear, localizado na quadra do Alameda Shopping. Há 22 anos aberta, a loja nasceu de um desejo do irmão mais novo de Thaís Yanagisawa Yamanaka, atual proprietária, de ter mais opções de roupas com temática do gênero musical. "Meus pais foram para São Paulo procurar camisetas para o meu irmão e assim tiveram a ideia de montar uma loja especializada no atendimento desse público", conta.

Anos depois, não apenas Rubens, irmão de Thaís, se beneficiou, mas grande parte dos jovens de Taguatinga. "Os clientes sempre falam que aqui encontram grande diversidade, porque além das camisetas das bandas de rock, temos de anime e vários outros acessórios", ressalta.

Thaís ressalta que depois dos meses fechados devido a pandemia do novo coronavírus, clientes chegaram a se emocionar na loja. "Alguns vieram com os filhos e disseram que estavam muito felizes pelo Porão estar aberto e ter sobrevivido a covid-19, porque foi um local importante na época da adolescência deles", afirma.

Saudade e boas memórias

Entre cadernos, lápis e materiais escolares, as lembranças da infância e do começo da loja estão vivas na Livraria e Papelaria Escolar. Roberto Moura Martines, de 52 anos, conta que muitas vezes os pais trocaram as fraldas no próprio espaço, quando o hoje proprietário ainda era criança. Na gaveta do caixa, Roberto guarda a edição do segundo livro de nota fiscal, ainda de 1962.

A Papelaria Escolar foi o primeiro comércio do gênero montado no Distrito Federal, em 1960. "No começo meus pais moravam aqui em cima da loja. Hoje mantenho a tradição, justamente porque as pessoas reconhecem a papelaria da própria infância delas", recorda Roberto.

Esse amor também é compartilhado pelos clientes. "Muitas histórias aconteceram aqui dentro. Esses dias veio uma senhora, que nem sabia quem eu era, e me disse que estava muito contente que a loja ainda está aberta, porque era um lugar muito importante na vida dela. Ela contou que quando jovem, estava aqui dentro, quando um rapaz chegou para a cortejar e pediu para pagar um suco para ela. Foi assim que conheceu o marido, e até hoje são casados", relata.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  • Maria da Conceição com Mario Mendes e Liclaudio (C): negócio mais que familiar
    Maria da Conceição com Mario Mendes e Liclaudio (C): negócio mais que familiar Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  •  Thaís Yamagisawa: tradição roqueira da cidade que virou negócio
    Thaís Yamagisawa: tradição roqueira da cidade que virou negócio Foto: Minervino Júnior/CB
  •  Thaís Yamagisawa: tradição roqueira da cidade que virou negócio
    Thaís Yamagisawa: tradição roqueira da cidade que virou negócio Foto: Minervino Júnior/CB
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação